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Ritmo e elegância: charme por trás da dança negra

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • 29 de mai.
  • 3 min de leitura

Baile charme da Uerj acompanhado de aula de passinho espalha a cultura preta na universidade


Por João Otávio


Foto: Daniel Guedes

Bryan Pinheiro e CharmeBXD mediam aula de passinho e baile charme na Coart
Bryan Pinheiro e CharmeBXD mediam aula de passinho e baile charme na Coart

Das rodas de Jongo até os bailes black, a dança é um dos movimentos de resistência negra mais presentes na história do Brasil, se mostrando forte até os dias de hoje. Um exemplo notável são os bailes charme do Rio de Janeiro, eternizados nas noites do Viaduto de Madureira, na Zona Norte da cidade maravilhosa. 


Vindos da década de 1980, esses bailes são carregados de elegância, ritmo e energia, marcados pela legião de pessoas que dançam em sincronia enquanto o DJ toca o charme — nome dado às vertentes da música negra americana, como R&B e Slow Jam, também usado para referenciar o próprio evento do baile. Agora, esse exponencial de excelência negra chega ao campus Maracanã da Uerj, reunindo personalidades que pretendem espalhar essa cultura no ambiente acadêmico. 


Na última sexta-feira (16), o baile charme regido pelo CharmeBXD tomou conta da Coart mais uma vez. Integrado pelos DJs Dudu Roxo, Torrá e JujuBXD, da Baixada Fluminense, o grupo esteve acompanhado de uma oficina de passinho dirigida por Bryan Pinheiro, estudante de Educação Física da Uerj e influenciador digital. O evento fez parte do programa Sextou da Coart, no qual a coordenadoria convida artistas para se apresentarem no espaço todas as sextas-feiras, a partir das 18h. 


Com cerca de quarenta pessoas presentes, o baile se destacou pela exaltação da cultura negra promovida por esses quatro jovens periféricos, que evidenciaram a importância do charme e da relação singular entre a figura do DJ e do charmeiro.


Bryan Pìnheiro, que já foi entrevistado no #PersonagensdaUerj, contou um pouco sobre a sua relação com o gênero. Em 2015, por meio de um projeto no ensino médio, ele foi apresentado aos passos da dança. A partir disso, assumiu seu lugar de professor em 2016, após o antigo organizador do projeto ser desligado e os alunos se organizarem para dar seguimento às aulas. Anos mais tarde, com sua carreira nas redes sociais, os pedidos para que o blogueiro uerjiano desse aulas de passinho no campus aumentaram, até que uma oportunidade apareceu, dando início ao projeto. 


Depois de algumas aulas privadas para os graduandos de Educação Física, as portas abriram para o grande público com a proposta da Coart, que convidou Bryan para ministrar uma oficina em um baile charme. E como não se dança o charme sem música, os DJs do grupo CharmeBXD foram convidados para serem os maestros da festa.


Os amigos Eduardo Roxo (DJ Dudu Roxo), Lucas Martins (DJ Torrá) e Júnior Santos (DJ Juju BXD) foram unidos pelo charme da Baixada Fluminense. Companheiros de turma na Faculdade de História da UFRRJ, Campus Nova Iguaçu, os três iniciaram um curso de sonorização e discotecagem que lhes deu o pontapé para começarem um projeto juntos. Assim, com o aprendizado de mixagem conquistado no curso, conhecimentos de produção cultural de JujuBXD e a paixão, herdada da família, que Torrá e Dudu Roxo tinham pelo charme, eles se juntaram e deram início ao CharmeBXD. 


A união do grupo e a parceria com Bryan representam, não apenas a dinâmica primordial do baile charme — com a dança dos charmeiros no meio do salão sob a maestria do DJ —, mas a essência desse movimento: a coletividade preta.


“O charme surge com a ideia de que nós, juntos, de onde viemos, podemos celebrar a vida, o que é fundamental”, afirma Dudu Roxo. Isso exemplifica como a beleza do gênero rege na reunião de corpos negros se divertindo em paz. Em meio aos cenários de violência que permeiam as vivências de pessoas negras periféricas, o baile charme é uma contrapartida, oferecendo um ambiente de difícil exposição a brigas e confusões. Reina um cenário de lazer, com a vibração das pessoas sorrindo e dançando, a empolgação de estarem compartilhando uma energia leve e prazerosa. Mas também é um ambiente rodeado pela sensualidade, com os flertes e a dança que carrega as raízes das músicas românticas que deram início ao ritmo. 


O baile charme é o espaço onde a beleza preta é mostrada, onde as pessoas vão arrumadas com seus melhores penteados, suas melhores roupas, com seus estilos diversos, e a autoestima é elevada. Ao olhar para essa união, as palavras de Bryan resumem bem o evento: “Você sente como se estivesse em uma grande família preta.”

Após o sucesso do último baile charme na Coart, Bryan e os DJs anseiam por novas edições. A possibilidade de haver um grande evento que promova a coletividade negra na Uerj é, sem dúvidas, de extrema importância e nada melhor do que um charme para liderar essa movimentação. 


Enquanto isso, as próximas aulas de passinho de Bryan Pinheiro e os novos eventos do CharmeBXD podem ser acompanhados em seus perfis no Instagram: @charmebxd e @brpinheiroo



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