‘O concurso era a minha única opção’
Foto: Larissa Moura
Por Larissa Moura
Bianca Mafra (49) é a personagem que faz a mediação entre os alunos da universidade e o mercado de trabalho. Conhecida por seu ótimo atendimento, é ela quem auxilia nas dúvidas e cuida da documentação dos estágios. Bianca trabalha há 11 anos na Uerj como servidora, mas, antes disso, foi aluna. Na entrevista, conhecemos um pouco mais de uma das mãos invisíveis da Uerj.
Qual é a sua relação com a Uerj?
Eu passei para o concurso público de 2010, mas só fui chamada em 2012. Escolhi essa profissão porque tenho três filhos, é difícil uma mulher com três filhos conseguir arrumar emprego. O concurso era a minha única opção, até porque também tinha que ter um dinheiro razoável para pagar os estudos das crianças.
Como foi o período da greve de 2016 para você?
Foi um período triste. Fora todo perrengue que é você não ter o seu dinheiro, era ruim ver essa universidade vazia, eu fui aluna da Uerj e nunca tinha passado por isso. Até o barulho que vocês fazem quando entram, os trotes, que às vezes incomodam a gente que está trabalhando, depois daquele momento, passou até ser gostoso. Porque a gente está viva de novo, aquele período foi bem morto.
Você pode contar uma história ou um momento que a marcou?
A história da Rafaela é recente, ela se desligou do estágio há pouco tempo. Era uma menina trans e ainda estava com nome de batismo. Fomos ao departamento acadêmico para saber como seria, trocamos o nome e conseguimos resolver tudo. Foi bem mais fácil do que eu imaginava, achei que seria complicado, mas o contrato já saiu com o nome dela. Infelizmente, esses assuntos eu não consigo resolver sozinha, não posso fazer uma coisa assim porque eu acho que está certo, pois, de repente, lá na frente pode prejudicar. Existe toda uma burocracia, nossa sociedade ainda está precisando se acertar um pouco nesse sentido.
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