Projeto de extensão realiza pesquisas sobre robótica e representa a Uerj em exibições e competições, além de levar o ensino da prática para a comunidade geral.
foto: Equipe da Uerjbotz
Por Pedro Paixão
Robô contra robô: seja no futebol, no combate ou na corrida, as competições de robótica chamam atenção e maravilham quem vê de perto. Na mesma medida em que é desafiador, é muito interessante, especialmente em uma sociedade cada vez mais imersa na tecnologia e conectada a tópicos relacionados ao assunto. Levando em conta o contexto, fica difícil não lembrar da música de Chico Science, “Computadores Fazem Arte”, e complementar “e robôs praticam esporte!”. E quando praticam, é lógico que existe alguém para representar a Uerj.
Nascida em 2013 e desde 2019 cadastrada oficialmente como projeto de extensão, a equipe da Uerjbotz vive um grande momento: seus membros recentemente se apresentaram na Rio Innovation Week e no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), além de competirem na Latin American Robotic Competition (Larc), considerada a maior competição de robótica do continente.
Aproveitando a boa fase, entramos em contato com alguns de seus representantes, que aceitaram falar sobre seus projetos e expectativas. Conversamos com Luis Felipe, capitão geral da equipe, e Humberto Pelegrino e Kaio Araujo, presentes nas últimas exibições do grupo, e ouvimos boas explicações sobre a funcionalidade de cada modalidade, as atividades da equipe e seus sonhos em relação aos esportes de robô e à própria Uerjbotz.
Foto: Pedro Paixão
Da esquerda para a direita: Luis, Kaio e Humberto com alguns robôs montados pela equipe da Uerjbotz.
Uerjbotz é a Uerj nas competições de robótica: diversão e aprendizado
São várias modalidades e categorias de robôs, cada uma com suas próprias características que recriam esportes praticados por humanos, seja por algoritmo ou controle remoto. A corrida de robôs basicamente funciona por pathfinding, com os competidores tendo que localizar por algoritmo um trajeto que deverá ser percorrido no menor tempo possível. O futebol é um jogo de 3x3 com uma bolinha de pingue-pongue e dois tempos de cinco minutos, com os robôs também funcionando inteiramente via algoritmo. Já a luta é mais simples: pode ser por controle ou algoritmo e se subdivide em sumô (vence quem tirar o adversário da arena) e combate (vence quem deixar o adversário inativo).
Quem compete vive sempre uma emoção, seja controlando inteiramente o robô ou assistindo a sua criação automatizada competindo por conta própria após sua preparação. Luis reconhece dificuldades em ambas as situações, seja pelo foco constante de quem controla minuciosamente um robô durante uma partida, ou pelo desenvolvimento perspicaz de uma inteligência que funcione adequadamente ao longo da disputa, algo que Pelegrino complementa: “Você tem que analisar as equipes que você irá jogar contra e pensar na melhor estratégia para seu robô.”
Enquanto isso, quem vê de fora é sugado pela tensão da disputa. O número de interessados vem crescendo juntamente com o sucesso da Uerjbotz, que a cada exposição atrai mais espectadores para seus estandes, bem como mais torcedores em suas partidas nas competições. O futuro dos esportes de robôs parece promissor e cada vez mais popular, e Luis enxerga até um paralelo entre as modalidades e os esportes eletrônicos, também cada vez mais populares: “É algo que eu penso, realmente. Não vou dizer que teremos estádios lotados, mas ficar mais famoso? Tem agora os E-sports, e o Flamengo já tem time disso. Por que não no futuro, talvez?”. De fato, em uma sociedade que sempre gostou de esportes e está cada vez mais imersa na tecnologia, qual será o limite?
Pesquisa, aprendizado, ensino e desenvolvimento
Obviamente, há muita expectativa e incentivo por trás desses eventos. Os participantes se divertem muito com os jogos, mas acima de tudo, a Uerjbotz faz parte de um projeto de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia. As competições reúnem pessoas de todo o mundo, que trocam informações adquiridas sobre a prática da robótica, e que podem ter muito uso futuro na sociedade.
Kaio chama atenção para um desafio na Larc com robôs de Lego que recriavam situações do cotidiano social, como um ônibus que simulava a coleta de passageiros de forma completamente automatizada: “Não é só um brinquedo, tem um grande poder de desenvolvimento para tecnologia. A gente consegue desenvolver tecnologia no próprio país, e a gente avança gerando um conhecimento maior.”
Pensando na importância do desenvolvimento da pesquisa, a Uerjbotz tem seus meios de divulgar e compartilhar seus conhecimentos com a sociedade: além do canal no YouTube que ensina o passo a passo da montagem de robôs, ainda existe um projeto educacional inteiro dentro da equipe, o Meu Primeiro Robô, que ensina robótica em escolas da rede pública.
E é claro que os próprios participantes da Uerjbotz também aprendem muito no projeto, seja com a troca cultural das grandes competições e exposições, ou mesmo na prática do cotidiano da equipe, e o mais interessante é que qualquer um interessado em aprender pode participar. Afinal de contas, é preciso começar de algum lugar - seja você alguém que quer estudar sobre robótica ou um competidor sonhando com maior notoriedade de sua modalidade. Quem sabe como será o futuro?
Comments