Seminário discutiu o pioneirismo vascaíno e o contexto geral da época.
Foto: Tiago Mendes
Por Tiago Mendes
O evento “Virada histórica: o centenário dos Camisas Negras e o racismo no futebol” abordou a equipe do Club de Regatas Vasco da Gama campeã do Campeonato Carioca de 1923 e pioneira na inclusão de negros e operários em seu elenco, e analisou a persistência do racismo no esporte atualmente. A palestra foi realizada pelo Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (Leme) em parceria com o Laboratório de Comunicação Integrada (LCI), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), na última quinta-feira (15).
É importante lembrar que, em maio, o jogador brasileiro Vinícius Júnior foi vítima de racismo em uma partida de futebol na Espanha. O episódio serviu como pauta e, de certa forma, como uma motivação para a realização da palestra. É preocupante e estarrecedor constatar que o racismo ainda persiste na sociedade, mesmo após cem anos de o Vasco combatê-lo no futebol.
Acredito ser de vital importância relembrar a história de lutas do Vasco da Gama em uma época em que o racismo era naturalizado. Essa foi a pauta central da palestra, mas não a única. Além do pioneirismo na luta contra o racismo, os palestrantes discutiram o contexto e as repercussões do movimento vascaíno na época, e o preconceito na atualidade, fazendo análises de ambas as épocas.
Por mais que a palestra tenha sido informativa, senti falta de uma discussão mais aprofundada sobre outros temas da história do Vasco. Os Camisas Negras não tiveram tanto tempo como deveriam ter e a Resposta Histórica não foi sequer citada. O movimento do Vasco de contar com o apoio da torcida para a construção de São Januário, para confrontar os clubes aristocratas que tentavam excluí-lo, também ficou de fora.
Explicar o contexto da época é importante, mas não considero interessante para a proposta da palestra se aprofundar nisso. Com temas tão relevantes para abordar, aspectos que deveriam ser apenas detalhes ganharam protagonismo. Pela complexidade do tema e pela pluralidade de assuntos a tratar, os palestrantes tiveram dificuldades para administrar o conteúdo debatido e se perderam um pouco. É possível que a expectativa sobre o evento tenha sido muito alta.
Contudo, acredito que a experiência da palestra tenha sido positiva. A luta contra o racismo precisa ser debatida. Um século após o pioneirismo e a resistência do Vasco, o preconceito racial ainda persiste tanto no futebol quanto na sociedade.
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