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Uerj enfrenta desafios de acessibilidade no espaço acadêmico

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • 11 de abr.
  • 3 min de leitura

Por: Felipe Custódio


 Foto: Reprodução/Uerj


A Universidade do Estado do Rio de Janeiro vem sofrendo críticas por parte dos alunos em relação à acessibilidade da instituição. Apesar de ter implementado iniciativas para promover a inclusão de estudantes PcD, como o Programa Rompendo Barreiras, coordenado pela professora Valéria de Oliveira e que dá suporte a pessoas com deficiência auditiva, visual, sensorial e Transtorno do Espectro Autista (TEA), ou a criação da Sala de Acessibilidade da Biblioteca Comunitária, oferecendo equipamentos de tecnologia assistiva para pessoas com deficiência visual, física ou mobilidade reduzida, estudantes com deficiência reclamam da estrutura oferecida pela universidade. As reclamações vão desde a falta de estrutura física básica até limitações nos sistemas virtuais adotados durante e após a pandemia de Covid-19.


Diego Oliveira, aluno do primeiro período de Jornalismo, é deficiente visual e possui uma história de cerca de 10 anos no ambiente uerjiano. Sua primeira graduação teve início em 2013, quando cursava Direito, e desde a década passada acumula experiências positivas e negativas no espaço acadêmico. Diego elogiou o apoio dos colegas de curso e funcionários da universidade, como seguranças e servidores administrativos, que deram total auxílio quando necessário. Por outro lado, enquanto estudante de Direito, fez críticas ao ex-reitor e diretor do curso, Ricardo Lodi, pois, segundo o aluno, durante o período de 2013 a 2019, a faculdade não implementou nenhuma política de impacto de acessibilidade, atrapalhando sua graduação.

Além disso, a ausência de recursos adequados nos sistemas virtuais — como o AVA e o Aluno Online — inviabilizou o aprendizado de alunos PcD por dois períodos durante a pandemia, visto que não era oferecido um suporte acessível, como foi relatado pelos estudantes entrevistados.

Fora as barreiras digitais, a infraestrutura do campus também apresenta limitações, como a ausência de piso tátil e caminhos acessíveis para locais como o restaurante universitário e as saídas do campus, tornando os estudantes com deficiência dependentes de colegas e funcionários. Essa reclamação é compartilhada por alunos com deficiência visual, auditiva e mobilidade reduzida, que enfrentam obstáculos para circular com autonomia nos espaços da universidade. Embora os funcionários de apoio sejam frequentemente elogiados pelo acolhimento e ajuda cotidiana, a percepção geral é de que a acessibilidade depende mais da boa vontade individual do que de políticas institucionais consistentes.

Após vivenciar cerca de 10 anos de Uerj, Diego comenta sobre a evolução da universidade na pauta de acessibilidade: “Em 12 anos eu não vi nada avançar nesse quesito. Vejo a acessibilidade da Uerj como péssima, não evoluiu. Tem o Rompendo Barreiras, que luta pela gente, mas na minha opinião, a parte institucional evoluiu, pois teve mais voz, mais recurso. Mas na parte prática, não teve evolução, porque acessibilidade e inclusão não é ter alunos PcD, é possibilitar que a pessoa com deficiência tenha a mesma oportunidade e autonomia.”. Apesar dessas questões, Diego diz estar vivenciando uma ótima experiência em sua segunda graduação, sendo bem acolhido por alunos, professores e funcionários.


A criação do Comitê pela Acessibilidade e Inclusão foi uma tentativa de avançar nesse sentido. Composto por representantes de diferentes unidades acadêmicas, o grupo tem a missão de mapear o perfil do público-alvo, promover capacitações e sugerir melhorias estruturais. Até o momento, no entanto, nenhuma grande mudança foi percebida pelos alunos. Para os estudantes, o desafio da Uerj não está em admitir pessoas com deficiência, mas em garantir que elas tenham autonomia, mobilidade e independência.


 Embora as iniciativas apresentadas representem avanços, a percepção de muitos estudantes é que a acessibilidade na Uerj ainda está distante do ideal. A inclusão plena requer não apenas a implementação de programas e comitês, mas também a efetivação de políticas que garantam a independência e a autonomia dos estudantes com deficiência, tanto no ambiente físico quanto no virtual. A atual reitoria, reconhecendo a importância destas pautas, deve promover ações efetivas, que atendam a esses estudantes.


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