Terroristas bolsonaristas invadem e vandalizam os pŕedios dos três Poderes em Brasília, em frustrada tentativa de golpe de Estado
No dia 8 de janeiro testemunhamos ao vivo, pela TV e pelas redes sociais, a consumação da radicalização bolsonarista, no previsível ataque aos prédios que representam e abrigam os três Poderes da República, em Brasília. Foi uma frustrada tentativa de golpe, porém contou com grande organização, financiamento e evidente condescendência de agentes públicos.
Para qualquer pessoa que defenda o Estado Democrático de Direito, as cenas que vimos naquele domingo foram lastimáveis. Terroristas vestindo as cores da nossa bandeira, gentilmente escoltados pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) até a Praça dos Três Poderes, onde não encontraram resistência das forças de segurança, por desmobilização muito provavelmente intencional das autoridades competentes.
O tom golpista vem de antes mesmo da eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, mas se intensificou principalmente diante da possibilidade de derrota que se avizinhava na tentativa de reeleição. O capitão precisava acirrar a sua base e convocou o primeiro grande ensaio do golpe, as manifestações de 7 de setembro de 2021, quando atacou duramente membros do STF e ameaçou não cumprir decisões judiciais, insuflando seus apoiadores contra o Judiciário.
Alimentando a sua base fanatizada diariamente com dezenas de fake news e discursos de ódio contra autoridades, incentivando inclusive a violência armada, Bolsonaro foi paulatinamente fabricando a versão brasileira do fatídico 6 de janeiro estadunidense. Após a derrota nas eleições de 2022, a escalada golpista começou a avançar, com o fechamento de estradas por todo o país e formação de acampamentos diante de quartéis militares, sempre com pautas antidemocráticas, pondo dúvidas aos resultados do processo eleitoral.
Ainda em dezembro de 2022, golpistas tentaram invadir a sede da Polícia Federal em Brasília e também houve tentativa de explosão de bomba em aeroporto, acoplada em caminhão-tanque de querosene. Com fraca resposta das autoridades a esses atos, a essa altura, acampamentos bolsonaristas já eram celeiros de golpistas-terroristas em preparação.
Diante disso, é minimamente estranho que os órgãos de inteligência não tenham captado com antecedência e alertado sobre o risco do que viria a ocorrer em 8 de janeiro. Sem o devido preparo que o governo federal deveria ter diante dessa previsível ameaça, os terroristas encontraram em Brasília policiais que tranquilamente posavam para fotos e conversavam enquanto reinava o caos na Praça dos Três Poderes.
Diferentemente do prédio Congresso Nacional, que contou com a bravura de policiais legislativos, registrada em vídeos divulgados posteriormente, o Palácio do Planalto contava com poucos militares da Guarda Presidencial que tinham um comando que, além de tentar evitar a prisão de golpistas, não foi combativo: “comanda tua tropa”, advertiu um policial do Choque da PMDF, já após a intervenção federal decretada na segurança pública do DF.
As respostas das instituições foram rápidas. No dia seguinte ao ataque já haviam cerca de 1200 golpistas detidos pela Polícia Federal. Na madrugada da segunda-feira, 09, o Ministro do STF Alexandre de Moraes já havia decidido pelo afastamento do Governador do DF, Ibaneis Rocha. Também foram decretadas as prisões do ex-secretário de segurança pública, Anderson Torres, e do ex-comandante da PMDF, Fábio Vieira, por “omissão dolosa”.
Diante das cenas de destruição dos palácios, chama a atenção o vídeo de um dos golpistas erguendo um exemplar da Constituição Federal de 1988, arrancado do prédio do STF. Diante dessa imagem contraditória, lembremos a fala de Ulysses Guimarães: “Quando, após tantos anos de luta e sacrifícios, promulgamos o estatuto do homem, da liberdade e da democracia, bradamos por imposição de sua honra: temos ódio à ditadura. Ódio e nojo.”. Defesa da democracia, fortalecimento das instituições e o rigor da lei são algumas das respostas que o Brasil precisa dar ao golpismo materializado no dia 08 de janeiro.
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