Campeonato criado pela atlética de História reúne e fortalece equipes em desenvolvimento esportivo
foto: Pedro Paixão
Por Pedro Paixão
Criada recentemente pela atlética de História, a Supertaça das Atléticas do Rio (Star) nasceu com o objetivo de integrar atléticas com pouca ou nenhuma experiência competitiva, para que possam desenvolver seus times em conjunto. Trata-se de uma iniciativa promissora e até admirável, mas o que podemos esperar dessa nova competição?
Os jogos de futsal feminino e masculino serão disputados entre os meses de novembro e dezembro, no Ginásio da Mangueira. Acompanhamos presencialmente os jogos de sábado (25/11), durante o encerramento da fase de grupos do masculino, quando conversamos com Alexandre “Xande” Moreira, Gutemberg Rodrigues e Luana Almeida, que participam da organização do torneio, e nos contaram detalhes da criação e suas expectativas para o futuro.
Muitas atléticas universitárias (geralmente as mais jovens) tem um calendário pouco preenchido, baseado em treinamentos e poucos amistosos com outros times. Eventualmente, quando essas equipes participam de algum torneio importante, é comum que não desempenhem bem e enfrentem frustrações, devido à falta de experiência.
Pensando nisso, e buscando se preparar para o Humaníadas de 2024 (campeonato que reúne várias atléticas de ciências humanas), a atlética de História da Uerj se juntou às atléticas de Ciências Sociais e Relações Internacionais, inicialmente planejando criar um quadrangular com uma quarta equipe. Acontece que vários times foram convidados para cobrir essa peça faltante do quadrangular, e os convites foram sendo aceitos incessantemente. E aí, nasce a chance de ouro.
Desse modo, Xande e Gutemberg explicam que as expectativas iniciais foram vastamente superadas, surgindo a possibilidade de criar um verdadeiro campeonato: assim surgiu a Supertaça de futsal masculino, inicialmente contando com doze atléticas de várias universidades cariocas. O sucesso da organização também levou à mobilização para um torneio feminino, também com o mesmo planejamento e ideais.
No masculino, entre equipes já eliminadas e as que seguem vivas, participaram do primeiro campeonato: as atléticas de História, Relações Internacionais, Ciências Sociais, Odontologia e as unificadas dos campi Zona Oeste e Duque de Caxias da Uerj, além de História, Gestão Pública, Ciências Sociais, Defesa e Gestão Estratégica Internacional da UFRJ, História da Rural e um time de alunos do IFRJ.
No feminino, inicialmente entraram as equipes de Direito, Comunicação e Artes, Odontologia e Licenciatura (unificada de História e Pedagogia) da Uerj, e Gestão Pública, Ciências Sociais, História e Psicologia da UFRJ. Pouco depois, a atlética de Engenharia da Uerj pediu para participar, e completou um grupo de apenas duas equipes, fechando a competição.
A edição de estreia tem sido proveitosa, embora muitas vezes turbulenta. A começar pelo local dos jogos, que inicialmente seriam disputados nas quadras do IFRJ, algo prontamente desconsiderado pois há uma reforma em andamento, e da Uerj, onde até aconteceram partidas, mas rapidamente também sofreu com o descarte: problemas relativos ao preço do aluguel do ginásio, atritos com a coordenação e até um lamentável episódio de briga entre o treinador de uma equipe e um supervisor da quadra fizeram com que a competição se mudasse para a Vila Olímpica da Mangueira, opção bem mais barata.
Luana cita outras dificuldades, enfrentadas principalmente pela modalidade feminina, relativas à captação de equipes: “Muitas atléticas não têm um time feminino (de futsal) preparado. Em muitos casos, a gente percebe que os times são mais de vôlei, handebol, e falta um pouco dessa mobilização para as meninas jogarem futsal”.
Tal problemática, fundada em raízes sociais, se nota logo ao observar o número de equipes inscritas no torneio feminino: nove, três a menos que no masculino. A análise precisa de cada equipe também denota certo desnível técnico entre alguns participantes, o que ocorre pois fez-se necessário chamar equipes consideradas mais fortes e melhor preparadas para completar o torneio. Faz parte do esporte.
Para Luana, a organização também deveria ser mais incisiva. Os jogos que acompanhamos (História UFRJ vs Relações Internacionais Uerj e Gestão Pública UFRJ vs Odontologia Uerj) começaram com poucos minutos de atraso, e na segunda partida, era comum ver o treinador da atlética de Gestão Pública invadindo a área da quadra, por mais que involuntariamente, muitas vezes sem que fosse chamada a atenção. “Corrigir essas questões passa um ar de seriedade maior para a competição, e é bom para nós”, afirma a organizadora.
São questões e desafios que naturalmente surgem quando se inicia todo um novo processo ambicioso, e que terão tempo para serem superados nessa edição, ou mesmo nas próximas. A organização do campeonato já demonstrou o poder de superação ao contornar o problema com o ginásio, encontrando um bom lugar para os jogos, e foi bem-sucedida ao criar um bom ambiente para as disputas. É uma equipe empenhada, de boas ideias, e que tem um bom projeto em mãos. Se seguirem trabalhando bem, tudo o que já deu certo pode vir a ser ainda mais grandioso nos próximos campeonatos.
Para muitos times, a Supertaça é sua competição de estreia: não havia qualquer experiência anterior, e cada jogo é um aprendizado novo e imensurável para a sequência da equipe. Nesse contexto de competição e aprendizagem, o cenário é de constante evolução, e aberto para experiências e testagens. É válido dizer que estas considerações são verdadeiras para o próprio campeonato, que também aprende consigo mesmo, jogo a jogo e rodada a rodada.
Que todos tenham bons jogos, boas evoluções, e excelentes aprendizados, e que a Star consiga trabalhar suas estrelas em ascensão. Boa sorte a todos!
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