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Sr. Gilso, o ascensorista que trazia alegria aos corredores uerjianos

Atualizado: 4 de abr.

Uma história de vida difícil que pode ser contada pelo dia a dia do elevador do Haroldinho da UERJ


Por: Davi e Luciano


O já falecido Gilso Cardozo dos Santos foi um funcionário icônico do Haroldinho  (Instituto de Química da Uerj) que alegrava alunos e professores do pavilhão. Ele  dedicou décadas de afinco à universidade, trabalhando nela dos anos 80 até 2020,  ano de seu falecimento. 

“Sr. Gilso”, como era conhecido, ficou eternizado na mente de muitos veteranos do  prédio de química pelo seu jeito espontâneo e cômico, mas também muito cuidadoso  de lidar com os outros, além do compromisso com o trabalho, conforme contam os  relatos daqueles que conviveram com ele.  


Fonte: TV Uerj



Histórias na UERJ  

Só a minha mãe me amou”. Foi assim que Gilso certa vez falou a Hugo Ricardo,  atualmente biólogo no IBRAG, em um dia de irritação. De acordo com o entrevistado,  sua gagueira e sua feição ranzinza eram aspectos chaves de seu semblante, que muitas vezes transpunha sem muitos filtros o que sentia àqueles que encontrava no elevador. Era comum ouvir como resposta a um gracioso “bom dia” dito a ele, um:  “bom só se for para você”.  

Por conta de sua aparência irritadiça e de sua robusta costeleta, era apelidado por  alguns alunos de “Vovô Wolverine”. Apelido o qual, por sinal, ele nem compreendia, o que acabava por render uma raivosa cara de dúvida.  

Porém, não eram só de respostas inusitadas e de caras mal-encaradas que Sr. Gilso  era conhecido. Sua afeição por presentes era uma característica icônica, bem como  relata Hugo: “uma vez entrei [no elevador] com uma blusa que ele gostou, aí ele me  perguntou ‘você não tem uma blusa dessa para me dar, não"'. Caridosamente, Hugo  deu-lhe uma blusa semelhante no dia seguinte, somente para então descobrir que o  ascensorista queria a exata roupa usada por ele no dia anterior. 

No entanto, Sr. Gilso também era afetuoso e não se esquecia de presentear uerjianos.  Conforme relatado por Norma Albarello, diretora do instituto de biologia, ele gostava de dar prendas a pessoas queridas em época de Natal: “todo final de ano tinham os  calendários... normalmente com dizeres bíblicos”. 


Relação com a faculdade  

Apesar das histórias cômicas envolvendo seu temperamento, Gilso foi um sujeito  com grande paixão à faculdade e àqueles que a frequentavam.  

Aline Saavedra, estudante que o acompanhou da graduação ao doutorado, conta sobre o carinho que o profissional tinha por ela e pela  universidade.  

“Quando eu ia embora por estar passando mal, no dia seguinte Gilso vinha com chás”. Descrito como reservado, bastava um pouco de convivência para que ele  demonstrasse sua preocupação profunda com os alunos. De acordo com Alice, a Uerj  era sua paixão, juntamente ao Botafogo, seu time do peito: “tinha um coração  uerjiano, cuidava daquele lugar como se fosse sua casa”.  


Legado  

Sr. Gilso também lutou pela preservação do patrimônio da UERJ e pela sofisticação  dos equipamentos, sobretudo dos elevadores, lugar de incontáveis memórias. 

Para além de seu empenho profissional, o ascensorista também consolidou memórias  afetivas na lembrança de incontáveis funcionários e alunos que conviveram com ele,  assim como o exposto pela diretora, Norma Albarello:  

“Penso que a contribuição dele é nos mostrar que precisamos estar atentos aos que  estão junto de nós, que cada pessoa tem um papel importante no nosso dia a dia e 

que merece nosso bom dia, o nosso interesse e o nosso olhar de atenção, pois nada  passa em vão”.


Apesar de ser um personagem icônico na comunidade da UERJ, o Sr. Gilson, carinhosamente conhecido como "Vovô Wolverine", preferia manter-se discreto, evitando tirar fotos que revelassem seu rosto. Sua decisão resultou em poucas imagens suas, deixando um legado marcado pela aura de mistério que o envolvia.


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