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‘Sangue não tem substituto’

Atualizado: 5 de jun.

Especialistas do Hupe explicam a importância da doação de sangue para vários procedimentos hospitalares.


Por Luciano Alves      Redatora: Rafaela Pina


Foto: Luciano Alves

Marcella e Kallic em ambulatório do banco de sangue


Marcella Donato, residente da hematologia e hemoterapia, e Kallic Fonseca, médico hematologista e hemoterapeuta, ambos do Hupe (Hospital Universitário Pedro Ernesto), enfatizam a importância a doação de sangue em diversos procedimentos hospitalares. Segundo eles, o sangue não possui substituto ou alternativa terapêutica para os pacientes que dependem de transfusões. Além disso, destacam que a doação de sangue vai além de um simples gesto solidário, devendo ser encarada como um ato de cidadania. “Você vai doar sangue como você tem que votar em um político no fim do ano”, diz o médico, e acrescenta que deveria fazer parte da obrigação do cidadão manter os estoques de sangue abastecidos, sendo essa uma elevação de pensamento que já acontece em outros países.


Donato e Fonseca, atuantes tanto na doação quanto na transfusão de sangue, destacam a complexidade atual do estoque de sangue tipo O no hospital, um recurso amplamente utilizado para doação. Enfatizam que, na fase de transfusão, a maior demanda de sangue está concentrada no setor de hematologia, mas também é significativa nos setores de CTI e centro cirúrgico, além de, eventualmente, nas enfermarias clínicas de cardiologia e infectologia

Os médicos ressaltam a importância crítica do sangue no tratamento de pacientes no setor de hematologia, especialmente para aqueles que sofrem de anemia ou apresentam níveis baixos de plaquetas, resultando em sangramentos. Além disso, enfatizam a necessidade crucial de sangue para pacientes submetidos à quimioterapia devido à leucemia aguda. Durante o período de aplasia, quando a quimioterapia está ativa e a medula óssea não produz sangue adequadamente, torna-se essencial a reposição sanguínea para manter os níveis adequados de hemoglobina e plaquetas. Acrescentaram que, mesmo após o transplante de medula, também realizado no Hupe, o paciente continua a precisar do suporte de sangue. Consequentemente, a demanda por transfusões no serviço de oncohematologia é significativa, sendo que certos regimes de quimioterapia só podem ser iniciados quando a disponibilidade de sangue é garantida. Os médicos destacam que as transfusões têm sido determinantes para a recuperação bem-sucedida de todos os pacientes tratados para leucemia.


Os médicos alertam para as consequências adversas da baixa disponibilidade de estoques de sangue, especialmente em cirurgias eletivas, que são programadas. A falta de sangue pode resultar no cancelamento desses procedimentos, acarretando agravamento do quadro clínico do paciente. Destacam ainda que cirurgias que requerem plaquetas são particularmente desafiadoras, pois as plaquetas constituem apenas uma fração do sangue. Assim, são necessárias contribuições de cinco doadores para obter uma dose adequada de plaquetas para um adulto, aumentando ainda mais a pressão sobre os estoques sanguíneos.


Donato e Fonseca mencionam que, durante períodos críticos de baixa nos estoques hospitalares, são adotadas diversas estratégias para garantir o suprimento de sangue. Uma delas é a solicitação de bolsas ao Hemorio. Em alguns casos, também é feita retirada de sangue do paciente antes da cirurgia, para que possa ser reposto no momento da intervenção. Para pacientes hematológicos, medidas paliativas como administração de medicação, hidratação e oxigenação são adotadas enquanto aguardam a transfusão. No entanto, destacam que tais intervenções impactam negativamente o tratamento e a qualidade de vida do paciente, podendo resultar em sangramentos devido à escassez de plaquetas e fadiga devido à falta de hemoglobina. Portanto, a recomendação é manter esses pacientes em repouso no leito, minimizando esforços físicos.


Os médicos ressaltam que, além da transfusão, não há outra intervenção capaz de elevar os níveis de hemoglobina e plaquetas. Destacam ainda a importância crucial do estoque de sangue, especialmente em um procedimento recentemente adotado no Hupe: o transplante hepático. Esse tipo de cirurgia, que não pode ser programada devido à urgência em utilizar o órgão doado, requer uma rápida mobilização para garantir um suprimento adequado de sangue.


Paulo Moraes, hoje com 61 anos, relembra um episódio marcante em sua vida ocorrido em 1980, quando enfrentou um aneurisma cerebral. Transportado imediatamente para o Hospital de Bonsucesso, foi submetido a uma cirurgia emergencial e permaneceu vinte dias em estado de coma. Sem ter certeza sobre o número exato de bolsas de sangue recebidas, ele ressalta que foram inúmeras. No entanto, enfatiza que, graças ao tratamento recebido na época, hoje desfruta de uma vida plena e feliz, podendo contar esta história e transmiti-la a sua filha Julia Lima, que nasceu anos depois e atualmente cursa jornalismo na Uerj, sendo também uma prova viva da importância da doação de sangue.

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2 Comments


Sam Santos
Sam Santos
Jun 05

incrível 👏👏👏

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Felipe
Felipe
Jun 15
Replying to

Faço das suas palavras minhas palavras, eles são demais 👏👏

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