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Saberes do carnaval: quando a história se cala, as escolas de samba revelam

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • 9 de set.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 13 de set.

Como as agremiações estão fazendo da Sapucaí uma escola a céu aberto


Por: Rayane Barreto


Reprodução: Gabriel Nascimento/Riotur

Mangueira 2019
Mangueira 2019


Quando a bateria toca e as alas cruzam a avenida, não desfilam apenas fantasias: desfilam histórias. Os enredos das escolas de samba transformam o carnaval em uma imensa sala de aula coletiva, em que passado, presente e futuro se encontram em ritmo de carnaval.


Para além do ensino, as agremiações dão visibilidade a narrativas apagadas e silenciadas. O ano de 2019 ficou marcado na história com o enredo da Estação Primeira de Mangueira, História para ninar gente grande, que cantava em uma de suas estrofes: Brasil, meu nego, deixa eu te contar / a história que a história não conta. A verde e rosa não apenas emocionou o público, mas também levou para a avenida personagens invisibilizados pela historiografia oficial, levantando um debate urgente sobre memória, identidade e pertencimento.


Quantos estudantes ouviram falar de Rosa Maria Egipcíaca nas aulas de história? Quase nenhum. Capturada na costa do Benim aos seis anos, forçada à escravidão, mística e primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil, Rosa foi silenciada pela narrativa oficial. Mas, em 2020, seu nome ecoou na avenida com o enredo da Unidos do Viradouro, que resgatou sua memória e apresentou para milhões de brasileiros sua importância na verdadeira história do país. O que os livros escondem, o carnaval revela, e faz isso em plena Sapucaí, diante dos olhos do mundo.


O carnaval é muito mais do que festa: é uma colorida escola ao ar livre. Histórias silenciadas ganham vozes e saberes populares se transformam em aprendizado. Enquanto os livros didáticos ainda narram um passado centrado em heróis brancos e elites políticas, as escolas de samba revelam um Brasil diverso, mestiço e pulsante, no qual personagens negros, indígenas e populares ocupam o lugar de protagonistas. No compasso do samba, aprendemos que ensinar é um ato político, mas também é celebrar, resistir e reconhecer que a verdadeira educação se constrói na experiência coletiva, na arte e na memória do povo.


E, como cantou a Beija-Flor de Nilópolis, em 2022: A revolução começa agora. Para jamais esquecer que cada desfile é uma ato de resistência e transformação social. E, acima de tudo, Político.


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