Rio e Niterói apresentam eventos literários no mês de outubro
- Comunica Uerj
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Com entradas gratuitas, a Festa Literária Internacional de Niterói (Flin) e o Festival do Livro do Rio de Janeiro (Fliv-Rio) vão ocorrer de dia 16 a 19 e 23 a 25, respectivamente
Por Pedro Câmara
A intercessão entre o Rio de Janeiro e Niterói é muito antiga. Suas histórias e culturas são compartilhadas, apesar de cada uma das cidades ter matizes culturais próprias. As proximidades geográfica e histórica entre os dois locais sempre foram temas de discussão: o sonho das barcas, depois o da ponte e agora, quem sabe, o do metrô. O projeto da linha três do metrô era uma das principais promessas de campanha da chapa Rio-Niterói para os Jogos Pan Americanos de 2031. Contudo, a cidade vencedora da disputa pela sediação dos Jogos foi Assunção, capital do Uruguai.
Este ano, o Rio de Janeiro tornou-se a primeira cidade de língua portuguesa a receber o título de “Capital Mundial do Livro”, concedido pela Unesco. A partir disso, a prefeitura planejou uma agenda de eventos e iniciativas voltadas aos livros e à literatura, como a Bienal do Livro; a cerimônia do Prêmio Jabuti — que ocorrerá pela primeira vez na cidade — e o Festival do Livro do Rio de Janeiro (Fliv), que ocorre nos dias 23 a 25 de outubro, das 10h às 19h no Sinttel-RJ, que fica no bairro Maracanã.
O Festival do Livro so Rio de Janeiro faz seu quarto aniversário neste ano de 2025. Iniciado em 2022 com a proposta de ser um espaço de lançamento, divulgação e debate sobre as produções literária, política e cultural, acompanhou as diversas efemérides sócio-políticas dos últimos anos e formou encontros que refletem sobre as conjunturas do país e do mundo ao estabelecer contato entre leitores, autores e pensadores. Este ano, o festival tem como pautas o enfrentamento ao fascismo, combate ao racismo e ao discurso de ódio e a defesa do pensamento progressista atual.
A programação conta com mesas de debate, exibição de filmes, lançamentos de livros e apresentações de teatro. A ideia principal é sempre gerar debates sobre assuntos recorrentes no dia a dia do cenário político brasileiro. Além disso, o evento conta com a iniciativa Livros que Alimentam, que tem como proposta trocar alimentos não perecíveis por até quatro livros, a depender do alimento. Em seu dia de estreia (23), o Fliv homenageará o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, que faleceu em maio de 2025. A homenagem ocorrerá em uma mesa com o jornalista e frade brasileiro Frei Betto, que logo em seguida fará participação em um cinedebate sobre fé e política. Antes, às 11h, será debatido o colonialismo de dados, com os historiadores Gustavo Gaiofato e Marcello Miranda.
Reprodução: Instagram (@fliv.rio)

No dia 24, os principais destaques ficam para os diferentes olhares ambientais em relação à COP30, na parte da manhã. À tarde, o Fliv-Rio contará com presenças de Padre Júlio Lancellotti e Ruy Braga, que lança o livro Capitalismo Racial. O festival encerra com uma oficina de slam e com um debate realizado pela jornalista Juliana Dal Piva, com direito a sessão de autógrafos. Em seu terceiro livro, Juliana aborda como os militares assassinaram Rubens Paiva.
Em seu último dia, o Fliv abre com as presenças do professor da Uerj Elias Jabbour e de José Reinaldo Carvalho, editor do Brasil 247. Ambos desenvolverão uma conversa sobre o embate atual entre Lula e Trump. Já à tarde, o festival contará com uma apresentação sobre o dia 8 de janeiro.
Se no Rio o Festival do Livro apresenta um espaço mais voltado à reflexão e ao enfrentamento político, em Niterói a Festa Literária Internacional (Flin) se afirma como um dos principais encontros sobre arte. Em apenas duas edições, o evento já atraiu nomes centrais da literatura e das artes brasileiras, reunindo escritores, músicos, jornalistas e atores em um mesmo espaço de celebração da palavra.
Pôster promocional da Flin

A Flin acontecerá entre os dias 16 e 19 de outubro no cinema Reserva Cultural. Os objetivos centrais da festa são fortalecer o diálogo entre linguagens e aproximar o público de manifestações artísticas diversas. A curadoria deste ano aposta na transversalidade entre literatura, música e performance — refletindo a pluralidade que marca a identidade cultural de Niterói.
Destaca-se que um quarto da Academia Brasileira de Letras estará presente, reforçando o peso intelectual do evento e seu compromisso com a valorização da palavra escrita. A presença de imortais da ABL simboliza também o encontro entre tradição e novos rumos, uma das marcas da festa, que se equilibra entre grandes nomes da literatura nacional e escritores jovens da produção contemporânea.
A programação inclui mesas com jornalistas e cronistas. Serão realizados encontros musicais e leituras dramatizadas. Quanto à potência poética da música, a Flin homenageará o rap nacional, no bate papo do dia 18 com MC Marechal e Major RD.
Além disso, a Flin se propõe a discutir o papel da arte na reconstrução da vida pública e no fortalecimento da democracia, com temas que perpassam pela comunicação, pelos direitos humanos e pela diversidade cultural. A aposta é em um evento, que não apenas celebra a literatura, mas a entende como uma forma de ação no mundo.
Assim, enquanto o Rio de Janeiro assume o posto de Capital Mundial do Livro e reafirma seu protagonismo cultural, Niterói mostra que compartilha esse mesmo fôlego criativo, consolidando sua festa literária como um espaço de diálogo entre saberes, gerações e linguagens.
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