Quando o apoio vem em quatro patas: o luto de Hamilton e o valor dos animais no equilíbrio emocional de atletas
- Comunica Uerj
- há 1 dia
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Mais do que companhia, os animais têm se tornado parte essencial da saúde mental de atletas de alto rendimento. Suporte emocional vai muito além da equipe técnica.
Por Ana Luiza Pereira
Reprodução: via Instagram (@roscoelovescoco)

Na última semana, Lewis Hamilton, sete vezes campeão mundial de Fórmula 1, compartilhou uma triste notícia: a partida de seu cachorro, Roscoe. O bulldog inglês acompanhava o piloto nas corridas, na vida pessoal e até tinha um perfil próprio nas redes sociais. Era mais do que um mascote. Era um verdadeiro parceiro emocional.
A rotina de um atleta profissional é marcada por constante adrenalina e grandes oscilações emocionais. Entre treinos intensos, pressão de patrocinadores, exposição pública e a busca por resultados, o emocional é testado tanto quanto o físico. É aí que os animais de suporte entram — leais, parceiros e sem julgamentos.
Hamilton o descrevia como o “melhor amigo”, que o acompanhava nos paddocks e dizia se sentir grato por ter partilhado a vida com uma alma tão linda, um amigo verdadeiro. Não é difícil entender por quê. A presença de um animal muda o ambiente, quebra o ritmo da cobrança e lembra que existe vida fora da pista, da quadra ou do campo.
Esse vínculo entre atletas e animais não é um caso isolado. A tenista Serena Williams também é inseparável de seu cachorro Chip. E até a equipe americana de ginástica artística, liderada pela grande potência Simone Biles, tem um golden retriever como cão de terapia. Não é apenas afeto, é saúde também.
Reprodução: via Instagram (@sunisalee)

“Thank god for Beacon”
Cada vez mais, psicólogos esportivos e profissionais da educação física reconhecem o papel dos pets como parte do equilíbrio mental de atletas. Eu entrevistei Luís Felipe Santos, graduado em educação física e estudante de jornalismo na Uerj, para entender melhor de que forma os animais agem na vida desses profissionais. Ele explicou que a presença de um animal de estimação no dia a dia é um grande aliado na vida dos atletas, pois ajuda no controle de ansiedade, no relaxamento, o que faz toda diferença na hora de performar, e também ajuda a aliviar a solidão, visto que muitos passam longos períodos longe da família e vivem uma rotina exaustiva.
Luís comentou que os animais também contribuem no tratamento de lesões e no desempenho físico em treinos, servindo como um apoio terapêutico, um afeto que irá estimular na adesão do tratamento, o que consequentemente ajuda no processo de recuperação de lesão e foco nos treinamentos.
O questionei do porquê de atletas de elite que possuem um grande suporte psicológico e técnico, ainda sim, optarem por esse método com os animais e ele citou a letra de uma música de Charlie Brown Jr. para explicar — “Uma palavra amiga, uma notícia boa, isso faz falta no dia a dia" — por isso não adianta apenas ter o melhor nutricionista, o melhor médico, a melhor terapeuta, se não receberem amor, não se sentirem cuidados, não conseguirem viver e, quem dirá, serem atletas de alto rendimento.
Reprodução: pixabay

A convivência com animais estimula a produção de serotonina e dopamina, hormônios ligados à felicidade e ao relaxamento. Em outras palavras: ajuda a segurar a cabeça no lugar quando o carro está derrapando na curva.
No caso de Hamilton, a perda de Roscoe é também um lembrete sobre humanidade. Por trás dos troféus, dos patrocínios milionários e da imagem de superatleta, existe alguém que sente, sofre e precisa de apoio — e esse apoio tem quatro patas. Talvez a lição aqui seja simples, mas profunda: o esporte pode exigir perfeição, mas é o afeto, algo tão modesto, que nos aproxima dos grandes ídolos. É o que mantém tudo de pé.
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