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Professor do IEFD sonha com volta das seleções esportivas da Uerj

Ricardo Gomes Cabral fala sobre projeto de reativar desporto competitivo da universidade.


foto: Pedro Paixão


Por Pedro Paixão



Por mais que existam várias atléticas representando seus cursos e faculdades em vários esportes, a Uerj não possui uma equipe que represente ela própria, como universidade. Não há algo como uma seleção dos melhores jogadores de futsal, basquete, vôlei ou qualquer esporte desde o final da década de 1980, quando a instituição se desfiliou da Federação de Esportes Universitários do Rio de Janeiro (Feurj), por razões financeiras, considerando a taxa de mensalidade muito custosa.



A novidade é que isso pode mudar em breve. Pelo menos é o que espera Ricardo Gomes Cabral, professor do Instituto de Educação Física e Desportos (IEFD) da Uerj, que está se mobilizando para apresentar um projeto com objetivo de reativar a coordenação do desporto competitivo da universidade. Docente desde 1980, ele também foi aluno entre 1975 e 1979, e chegou a representar a universidade competindo na natação e no polo aquático.



A ideia do projeto veio quando um ex-professor da Uerj informou a Cabral que havia conseguido uma vaga para um time de futsal feminino que representasse a universidade em uma competição da Feurj. Acontece que esse time não existia e não poderia ser montado, o que impediu a participação. É algo mais comum do que parece: Cabral também conta que já ouviu queixas de alunos do IEFD, que tiveram a oportunidade de participar do Universíade (Jogos Universitários Mundiais) na modalidade do judô, mas não puderam pelo mesmo motivo.



Para participar desse tipo de competição, é necessária uma organização que leve em consideração o desempenho de atletas de todos os cursos e tenha registro na Feurj e na Confederação Brasileira de Desportos Universitários (CBDU). Assim, pensando nas oportunidades perdidas, Cabral começa a planejar seu projeto e se mover para tornar a ideia em realidade, mesmo com todos os desafios que possa vir a enfrentar.


Foto: Pedro Paixão

O professor Cabral após aula na piscina da Uerj.


Como funcionaria o projeto?

A princípio, a ideia é criar uma coordenação única de esportes que tratasse de todos os assuntos do tema, sendo vinculada ao IEFD e subdividida em duas subcoordenadorias: uma voltada para esportes universitários e outra para esportes na universidade. Basicamente, a primeira trataria de assuntos externos, atentando-se às competições disputadas com equipes de outras universidades, enquanto a segunda voltaria-se-ia para assuntos internos, como atividades e competições esportivas entre alunos, cursos e unidades da própria Uerj.



Antes de apresentar algo oficialmente, o professor planeja discutir o projeto com figuras de maior envolvimento dentro da comunidade interna, especialmente as atléticas, que enxerga como personagens fundamentais. Cabral dá muito valor a essas agremiações, vendo sua origem como a cobertura de uma deficiência deixada pela Uerj, quando o antigo projeto de esportes competitivos foi deixado de lado.



O início do novo projeto não determinaria o fim das atuais atléticas, como alguns podem pensar. Pelo contrário: Cabral gostaria que trabalhassem em conjunto com a nova coordenação de esportes, tendo poder de voto, participação e envolvimento: “Não deve ser uma coisa de cima para baixo.”



Os desafios pela frente


Se, lá no passado, foram as questões financeiras que atrapalharam a continuidade do projeto, Cabral não enxerga a situação como um empecilho na atualidade: “São poucas competições ao longo do ano.” Os gastos, que viriam principalmente com inscrição, material e transporte, não gerariam tamanho impacto no orçamento da Uerj. Além disso, ainda enxerga com bons olhos a possibilidade de construir alguma parceria que ajudasse com auxílio e financiamentos.



O principal desafio, para Cabral, está em encontrar a infraestrutura necessária para o funcionamento do projeto. A necessidade de espaço, pessoal empregado e materiais para trabalhar em algo tão extenso e que envolveria um contingente muito elevado (com alunos de todos os cursos e campus) realmente apresenta uma dificuldade. Seria complicado comportar todas as demandas dessa nova coordenação, que supervisionaria praticamente toda a Uerj. E para definir os convocados, já parou para pensar no trabalho que seria?



Em relação a isso, Cabral já começa a pensar em algumas soluções: o primeiro passo seria fazer um mapeamento de alunos vinculados a confederações, e que já competissem em alto rendimento por alguma instituição (um aluno que jogasse handebol no Flamengo, por exemplo), e o segundo passo seria buscar o apoio das atléticas, verificando o rendimento dos alunos nos campeonatos de que já participam. Desse modo, as coisas iriam sendo construídas.



No fim das contas, segundo ele mesmo, o mais importante é pensar estrategicamente e evitar dar um passo maior do que a perna. O professor sabe das dificuldades e não pensa em desistir, porque tem noção da importância do projeto: “São coisas que agregam valor à universidade e beneficiariam todo mundo.”


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