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#PersonagensDaUerj: Vitória Dias/Estudante de Direito

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • 23 de set.
  • 3 min de leitura

Do sonho da Defensoria Pública às lutas estudantis: quem é Vitória Dias, filha de trabalhadores que transformou a Uerj em lar e trincheira


Por: Beatriz Barbiere


Reprodução: Vitória Dias

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Vitória Dias entrou na Uerj em 2022, pelo sistema de cotas, para cursar Direito. Moradora de São Gonçalo, filha de uma enfermeira e de um pedreiro, ela construiu sua trajetória unindo formação acadêmica, militância política e engajamento estudantil. Diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), Vitória concilia o sonho de se tornar defensora pública com a luta por direitos, permanência estudantil e justiça social. Para ela, a universidade é ao mesmo tempo espaço de afeto, de oportunidades e de resistência.


Quando você começou a estudar na Uerj?


Entrei no primeiro semestre de 2022, em Direito.


Quem é a Vitória Dias?


Sou estudante de Direito na Uerj, militante da União da Juventude Comunista (UJC) e diretora de Universidades Públicas da UNE. Moro em São Gonçalo, minha mãe é enfermeira, meu pai é pedreiro e entrei na Uerj pelo sistema de cotas. Hoje estou no oitavo período e tenho o sonho de me tornar defensora pública do Estado.


Qual é a sua relação com a Uerj hoje?


Tenho muito carinho e amor por essa universidade. A Uerj foi pioneira em muitas lutas e, quando a gente caminha pelos corredores, vê estudantes de São Gonçalo, de Caxias e de tantos territórios periféricos. É emocionante perceber pessoas da mesma classe que eu ocupando esse espaço, se formando e conquistando sonhos. Para muitos de nós, a Uerj é mais do que uma instituição: é um lar. Um lugar onde construímos amizades, nos organizamos politicamente, estudamos e encontramos oportunidades de trabalho e de vida. A Uerj faz parte da minha história e vou levar comigo para sempre.


Você concilia estudos, militância e trabalho acolhendo mães de vítimas da violência do Estado. Como essas diferentes experiências se cruzam no seu dia a dia e moldam a sua forma de ver justiça e direitos?


Na faculdade, a gente aprende um direito muito voltado para o mercado e para os interesses empresariais. Mas, na prática, quando vemos a realidade das pessoas que precisam de justiça, o direito mostra suas falhas: ele não está a serviço da classe trabalhadora, e sim da elite. Na Rede de Atenção a pessoas Afetadas pela Violência de Estado (Raave), atuando com mães e familiares que lutam por justiça, percebo de perto essa contradição. Isso molda minha visão e reforça a vontade de disputar esse espaço, de lutar para que a justiça deixe de ser um privilégio e se torne um direito real para o povo.


Quais foram as experiências mais marcantes da sua atuação no Centro Acadêmico e que aprendizados você leva para a vida?


Assumir a diretoria do Centro Acadêmico Luiz Carpenter (Calc) foi fundamental. A gente conseguiu transformar ele em um instrumento de luta, especialmente para os estudantes cotistas. Um momento marcante foi a mobilização contra o ‘Aeda da fome’, quando milhares de bolsas foram ameaçadas. O Calc foi pioneiro na ocupação da universidade e conquistamos vitórias: mais bolsas, mais tempo e até R$ 150 milhões do governo do estado para a Uerj. O maior aprendizado é que um Centro Acadêmico não pode se limitar às demandas burocráticas: ele também é um espaço político, capaz de dialogar com defensores, advogados e usar essa rede para conquistar melhorias concretas para os estudantes.


Você tem alguma história curiosa ou interessante relacionada à Uerj?


Uma experiência marcante foi durante a ocupação da universidade, quando houve confronto com a segurança, formada por terceirizados e concursados. No diálogo, percebemos que os terceirizados, embora pressionados a agir com violência contra os estudantes, também estavam sem receber salários e sofrendo com os mesmos cortes que nós. Muitos balançavam a cabeça concordando conosco, ainda que não pudessem se posicionar abertamente por dependerem daquele trabalho. Isso me marcou muito, porque ficou claro que eles não eram nossos inimigos: a raiz do problema era quem mandava. Foi um aprendizado sobre como a terceirização precariza e sobre como nossa luta, no fundo, é a mesma.


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