#PersonagensdaUerj: Julia Couto/Estudante, bailarina e ‘rainha da reclamação’ do Jaé
- Comunica Uerj
- 26 de ago.
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Da Uerj para as redes: quem é a estudante que virou ‘rainha da reclamação’ do Jaé
Por: Beatriz Barbiere
Foto: Arquivo pessoal / Julia Couto (@julicacouto)

Aos 21 anos, a estudante de Pedagogia Julia Couto aprendeu cedo a equilibrar jornadas que começam de madrugada e terminam tarde da noite. Entre o trabalho numa cafeteria, os estudos, a dança, a produção de conteúdo e, agora, uma atuação recém-conquistada na prefeitura, ela carrega consigo a palavra que escolhe para se definir: superação. Julia se tornou conhecida nas redes após viralizar ao criticar o novo bilhete do Jaé e a política de transporte do Rio, conquistando não só engajamento digital, mas também espaço no debate público. Hoje, fala de dentro da Uerj sobre a luta por permanência universitária, mobilidade urbana e o sonho de transformar a vida da avó com seu trabalho.
Quando você começou a estudar na Uerj?
Eu entrei no primeiro semestre de 2024. Na verdade, meu foco era o Enem. Confesso que tinha até um ranço da Uerj (risos). Fiz a prova mais por desencargo, sem estudar muito, e acabei passando. O resultado saiu antes do Enem, e mesmo tendo sido aprovada também na UFRJ, optei por ficar aqui.
Quem é a Julia Couto?
Eu sou muitas coisas. Professora de dança, bailarina, funcionária de cafeteria, estudante, criadora de conteúdo… e, agora, também trabalho na prefeitura, inicialmente com publicidade voltada para mobilidade urbana. Faço tanta coisa que às vezes nem sei como encaixo tudo, mas de algum jeito consigo. Se tivesse que escolher uma palavra para me definir, seria superação. Porque já duvidaram de mim muitas vezes, inclusive na minha própria família. Seguir em frente, apesar das dificuldades, é o que me move.
Qual é a sua relação com a Uerj hoje?
No início, foi bem difícil. Eu não queria Pedagogia, fiquei frustrada no início do curso, me sentindo deslocada. Mas, aos poucos, fui entendendo meu lugar, criando vínculos com professores e colegas, e hoje gosto do curso. Ainda sinto que poderia estar mais presente na universidade, participar de projetos e extensões, mas a rotina e o deslocamento longo pesam. Eu moro em Vargem Grande e chego a passar mais de quatro horas por dia em transporte. Tem dias em que acordo às 4h30m da manhã e penso: ‘Não quero mais isso’. É quase inviável. A Uerj, no entanto, foi um divisor de águas: foi aqui que comecei a gravar, a ter ideias, a ampliar minha rede social e acadêmica. Hoje, quero estar mais centrada, estudar com mais profundidade e aproveitar tudo o que a universidade pode oferecer.
Você se tornou conhecida como “a rainha da reclamação” ao viralizar nas redes por sua crítica ao novo bilhete de ônibus e ao atual prefeito.
Qual foi a importância disso para você e para outros estudantes?
Foi um baque enorme. Eu não esperava tamanha repercussão. Mas ver minha crítica ser ouvida, considerada, e ainda poder representar tantas pessoas foi impactante. Recebo mensagens de gente de vários cantos, pedindo que eu leve demandas adiante. Percebi que não era mais só sobre mim, era sobre muitos que não são ouvidos. Passei a ter uma responsabilidade de mediar, de ser ponte entre a população e quem toma as decisões. É uma proporção que nunca imaginei, mas que me fortalece.
O sucesso dos vídeos levantou a dúvida: você pensa em seguir pela comunicação ou até pela política? Como isso se conecta ao sonho de dar uma vida melhor para sua avó?
Caí de paraquedas nisso, confesso. Nunca pensei em política, mas hoje tenho contato com vereadores, subprefeitos, até com o prefeito. É uma possibilidade, mas não é um plano concreto. O que quero, de fato, é estudar. Quero ter embasamento técnico e científico para reivindicar direitos com propriedade. Se isso abrir caminhos para comunicação ou política, ótimo, mas meu foco é adquirir conhecimento e usar a internet como ferramenta de transformação. Quero crescer, ajudar minha família, principalmente minha avó, e depois transbordar isso para outras pessoas.
Você tem alguma história curiosa ou interessante relacionada à Uerj?
Ah, sim! No meu primeiro dia, fui fazer matrícula e me perdi completamente. Acabei entrando numa sala de Letras achando que era orientação para calouros. Perguntei para o professor se era ali a matrícula e levei uma resposta atravessada, com direito a ele fazer uma demonstração de como funcionava “uma porta aberta” (risos). Passei uma vergonha enorme, virou até piada no grupo dos calouros. Já cheguei com o pé esquerdo. Hoje, levo na esportiva, mas na hora queria sumir. Foi minha “recepção oficial” na Uerj.
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