‘Se eu tivesse um espaço maior e mais amplo, eu faria um trabalho melhor’
Foto: Diego Figueiredo
Por: Diego Figalva
Denilson Santos é impressor e o dono da xerox do nono andar da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), uma referência quando se pensa em personagens icônicos da universidade. Carismático e atencioso, Denilson desponta com um dos melhores serviços de impressão disponíveis. Ele comentou sobre assuntos inéditos em relação à sua situação na pandemia e revelou sua frustração com os espaços abandonados em outros andares. Denilson acredita que os alunos poderiam ter acesso a um serviço muito superior se a universidade aproveitasse melhor esses espaços.
Quando você começou a trabalhar na Uerj? Como foi esse tempo que você passou até hoje? Em 1989. Eu tinha um desejo de crescimento profissional. Vim trabalhar com uma pessoa que me oferecia isso, que possuía um conhecimento técnico fantástico e acreditou no meu potencial. Ele me deu oportunidades de aprendizado e de administrar, de fazer o papel de RH com a galera que vinha. Eu sempre estive à frente como um líder para ele e ele sempre me deu suporte. Eu atingi minha meta, que era um dia ter a liberdade de fazer o meu trabalho com autonomia, que é o que eu faço hoje.
Como foi o período da pandemia para você com a Uerj fechada?
Minha única atividade profissional é a reprografia. A pandemia veio e pegou todo mundo desprevenido. Com dois ou três meses de isolamento, eu comecei a ficar incomodado com o fato de estar preso em casa, me sentindo ultrapassado, sem utilidade para nada. Passei a vir à Uerj em datas esporádicas. Comecei a revisar minhas máquinas, sempre buscando alguma coisa. Eu percebi que as pessoas me procuravam para me pedir coisas relacionadas a minha atividade profissional. Isso me fez crer que se eu viesse, eu ganharia um valor abaixo do que ganhava nas aulas presenciais, mas era uma atividade que me dava retorno financeiro. Eu estava incomodado de estar recebendo ajuda de outras pessoas, como os alunos que fizeram uma vaquinha para mim, uma iniciativa salvadora. Os professores também fizeram correntes preocupados com como eu estava sobrevivendo. Eu sobrevivi à pandemia com a ajuda dos alunos e da instituição uerjiana. Eu não queria viver de caridade, pois me sentia capacitado e saudável.
Então eu comecei a frequentar a Uerj. Fiquei só três meses em casa e comecei a fazer o serviço de levar e buscar as cópias. Essa foi a forma como lidei com a ausência do presencial na pandemia.
Você sempre é uma referência quando pensamos nos personagens da Uerj. Como se sente com o carinho dos alunos?
Me sinto feliz e honrado, acho que a resposta que eles dão para mim é a que qualquer trabalhador gostaria de ter: a presença dos alunos onde eu trabalho. É o espaço para eles reclamarem comigo se algo está incomodando, se algo não está agradável. É o espaço que eles me dão para que eu possa reclamar se algo me incomoda. Eu tenho muita satisfação pelo que eu faço e pelo que recebo em troca.
Porém, a crítica que faço é sobre a prestação de serviço dentro da Uerj em relação ao meu trabalho e aos diversos espaços que considero obsoletos e negligenciados, como o oitavo e o décimo andares, e se buscarmos, encontraremos outros lugares que poderiam ser mais explorados. Esses espaços poderiam fornecer uma condição de trabalho muito superior para vocês, alunos. Eu acho um espaço na frente dos halls dos elevadores fantástico, pois é visível e grande.
Se eu tivesse um espaço maior e mais amplo, eu faria um trabalho melhor. Esse espaço foi oferecido para mim duas vezes, mas por algum motivo eu não tive a oportunidade de explorá-lo. No nono andar, onde fica o departamento de Educação Física, me fizeram essa oferta para administrar o espaço, mas do nada eles decidiram colocar o cara da cantina. O espaço do décimo andar também está abandonado. Será que não existe carência desse serviço no andar de vocês, comunicadores?
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