#PersonagemdaUerj: Jeane Rosa/Serviços Gerais (SG)
- Comunica Uerj
- 16 de set.
- 3 min de leitura
Simpatia entre corredores: a história de Jeane, que cuida do espaço universitário, é exemplo de persistência e determinação
Por: Sara Pimentel
Foto: Arquivo pessoal/Jeane Rosa

Jeane Rosa, 27 anos, é profissional de serviços gerais (SG) e trabalha com a limpeza das dependências do 10° andar da Uerj. Moradora do Lins de Vasconcelos, ela já trabalhou como babá, panfletista e em serviços gerais de supermercado. Começou a trabalhar muito cedo, aos 13 anos, quando perdeu a mãe e precisou cuidar sozinha de seus três irmãos. Hoje, construiu sua família ao lado do marido, dos irmãos, de três sobrinhos e de 14 afilhados. Eles são o combustível que motiva Jeane a sair de casa todos os dias em busca de melhores condições de vida. Seu sonho é cursar Medicina e se tornar obstetra. Atualmente, termina o ensino médio no programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Apesar de estar há pouco tempo na Uerj, é conhecida pelo seu sorriso e pelo carisma que conquistam alunos e professores nos corredores da universidade.
Quando você começou a trabalhar na Uerj?
Desde julho deste ano. Fiz dois meses aqui. Até conheço pessoas que trabalham aqui, mas eu vim por conta própria. Procurei saber onde era o local da empresa e coloquei o meu currículo.
Quem é Jeane Rosa?
Eu sou uma pessoa humilde, ‘povão’, sempre alegre e sou o que sou. Meu caráter é um só. Sou trabalhadora, guerreira. Meu sonho é fazer uma faculdade, mas tive que escolher entre estudar e trabalhar. Era uma coisa ou outra, e preferi trabalhar.
Qual é a sua relação com a Uerj?
Tenho uma relação boa, gosto muito de trabalhar aqui. O que mais me encanta é o ambiente e as pessoas. Tem muita gente bacana e humilde, mas também tem muitas pessoas ruins que não me respondem quando dou ‘bom dia’ ou ‘boa noite’. Acontece muito de sumir alguma coisa e falar que foi a SG (Serviços Gerais, setor em que ela trabalha), é muito complicado isso. Tem pessoas engraçadas, que se vestem diferente, com algumas roupas que eu vejo e me pergunto: ‘Que roupa é essa?’ (risos).
Por ser uma mulher trans, você sente maior dificuldade em conseguir emprego e oportunidades?
Em alguns locais, sim; em outros, não. Já sofri preconceito de colegas de trabalho que tive, mas tem muitos lugares em que também sou bem tratada e acolhida como aqui. Gosto muito da Uerj justamente por ter pessoas de todos os tipos, inclusive como eu. Às vezes, muitas pessoas julgam os trans, porque acham que todos estão envolvidos com o crime. Mas, nem todos são assim. Eu prefiro vestir esse uniforme azul todos os dias e ir à luta para ganhar a vida, ser honesta e digna. Hoje, tem gente que já sabe que esse preconceito dá processo. Tenho a minha certidão de nascimento, meus documentos, conheço meus direitos e sei me defender.
A Uerj completa 75 anos em 2025. O que você gostaria que os estudantes, professores e técnicos soubessem sobre o papel dos profissionais terceirizados nesse cotidiano?
Queria que as pessoas se conscientizassem sobre a nossa jornada de trabalho. É muito cansativo. Trabalho na escala 6x1, de segunda a sábado. Seria bom ter mais um dia de descanso. O domingo passa muito rápido, quando você vê já é segunda de novo e preciso ir trabalhar. Muitas pessoas ainda não sabem como essa rotina é cansativa.
Você tem alguma história curiosa ou interessante relacionada à Uerj?
Não tenho nenhuma história muito interessante, porque estou há pouco tempo aqui. Posso dizer que a minha história mais interessante aqui foi ter conseguido uma oportunidade de voltar a estudar. Ganhei apoio de um professor da Uerj para estudar no EJA, mas ainda não consigo ir às aulas, porque são às 19h, no mesmo horário em que trabalho. Tenho aulas de português e matemática e estou no ensino médio. Meu sonho é ser parteira, fazer Medicina e ajudar a trazer os bebês para o mundo.
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