#PersonagemdaUerj: Elen Souza/Ascensorista
- Comunica Uerj
- 2 de set.
- 3 min de leitura
Persistência entre andares: a história de Elen, que conduz não só elevadores, mas também sua própria vida com coragem e esperança
Por: Beatriz Barbiere
Foto: Beatriz Barbiere

Desde janeiro de 2023, Elen Souza, 37 anos, é a voz acolhedora que muitos encontram entre um andar e outro nos elevadores da Uerj. Ascensorista, mãe e avó, ela construiu sua trajetória superando momentos difíceis. Para além do trabalho, ela carrega consigo uma trajetória marcada por persistência, superação de momentos difíceis e o desejo de voltar a estudar para cursar Psicologia. Entre histórias curiosas, confidências ouvidas dentro do elevador e planos para o futuro, Elen mostra que a universidade é, para ela, um verdadeiro mar de oportunidades.
Quando você começou a trabalhar na Uerj?
Foi em janeiro de 2023. Tenho pouco tempo aqui, mas já vivi bastante coisa nesse período.
Quem é a Elen Souza?
Eu sou uma pessoa persistente. Não desisto fácil. Passei por uma fase de depressão e crises de ansiedade, causada pelo excesso de responsabilidades e pela sobrecarga de dedicar minha vida principalmente aos outros, sem cuidar de mim mesma. Hoje penso em mim mesma e na importância de cuidar da minha saúde. Agora, quero concluir meus estudos. Fiz o Encceja, consegui passar em todas as matérias, mas ainda preciso completar a prova de Matemática. Meu grande sonho é cursar Psicologia, por isso eu amo o décimo andar. Moro atualmente em Benfica, mas estou de mudança para Nova Iguaçu, onde comprei meu apartamento. Sou mãe de dois filhos e avó da Maria Heloísa e do Pedro Miguel, que enchem a minha vida de alegria. Além do trabalho como ascensorista na Uerj, também sou vendedora de trufas, algo que considero até uma terapia para mim. Gosto de estar em movimento, conversar, conhecer pessoas e, acima de tudo, persistir nos meus sonhos. Persistência é a palavra que me define.
Qual é a sua relação com a Uerj hoje?
Para mim, a Uerj é um mar de oportunidades. Um mundo mesmo. Ainda não consegui acompanhar tudo, mas sei que aqui dentro tem cursos, projetos, chances de aprender e crescer. Eu gosto muito de trabalhar aqui e quero aproveitar o tempo que tenho na universidade para me informar, conhecer mais e me preparar para o futuro. Recentemente, ouvi duas pessoas conversando no elevador sobre um curso de idiomas no sábado e isso me despertou a vontade de procurar o curso de línguas e estudar. Acho que esse é o espírito da Uerj: estar sempre cercada de aprendizados e possibilidades.
Você acaba convivendo com estudantes, professores e funcionários de todos os lugares da universidade. Como é a sua rotina como ascensorista na Uerj?
Olha, já tive trabalhos muito mais pesados, de sair de casa às 4h da manhã e voltar às 18h. Comparado a isso, aqui a carga é de 6 horas, e o cansaço é diferente: é mais psicológico do que físico. A gente escuta muitas conversas, se envolve em algumas, sai de outras, e isso mexe muito com a mente. Tem dias em que é preciso respirar fundo e ter jogo de cintura. Ainda assim, gosto muito de trabalhar aqui, de conviver com tanta gente diferente e de aprender também com essas trocas. É uma rotina que exige atenção, paciência e cuidado, mas que me faz bem.
Quais tipos de conversa mais aparecem dentro do elevador?
De tudo um pouco! As pessoas entram conversando e às vezes até esquecem que eu estou ali. Escuto muito sobre relacionamentos, família, vida conjugal… tem hora que penso: “não acredito que estou ouvindo isso”. Nesses momentos, é respirar fundo e deixar rolar. Ao mesmo tempo, também aparecem conversas boas, leves, que acabam alegrando o meu dia. E, de certa forma, essas trocas também me fazem sentir parte da Uerj, porque é como se eu acompanhasse um pedacinho da vida de cada pessoa que passa por ali.
Você tem alguma história curiosa ou interessante relacionada à Uerj?
Tenho sim. Antes de enviar meu currículo para a CNS, eu já pensava em terminar os estudos com o objetivo de fazer faculdade de Psicologia. Quando me inscrevi para a vaga, o anúncio não dizia que seria para trabalhar na Uerj, então só descobri no dia da entrevista. Fiquei muito surpresa e feliz, porque já estava com a ideia de estudar aqui e acabei vindo trabalhar exatamente no lugar onde quero construir meu futuro. Foi uma coincidência muito boa, que eu considero uma oportunidade única.
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