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#PERSONAGEM DA UERJ// Denilson: Xerox do 9º andar


Por: Juliana Menoio e Maria Beatriz

Denilson, 53 anos de idade, filho de nordestinos e pais separados, veio para o Rio de Janeiro por uma questão litigiosa de sua família e começou a trabalhar aos 14 anos em um depósito de bebidas, mas não se identificou com o local de trabalho. Quando finalmente teve a oportunidade de trabalhar em uma copiadora em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, começou a realmente se conectar com o seu ramo de profissão pela sua ávida vontade de aprender "A Uerj é a minha vida. Só tenho a agradecer a Deus por ela ter me enxergado e me abraçado"


Denilson chegou à Uerj em 1990 sob a condição de prestador de serviços, mas sempre se declarou como “curioso” e “ambicioso” e o que ele realmente almejava era ser técnico de copiadoras. Diante desse objetivo, ele negociou para que durante seu tempo de trabalho pudesse ampliar o conhecimento na área e, assim, está prestando serviços como técnico para a Uerj há mais de 30 anos.

Foto: Maria Beatriz


Como era a Uerj quando o senhor começou a trabalhar aqui e quais as mudanças mais significativas que o senhor percebeu de lá pra cá?

Olha, eu posso dizer que a Uerj do passado era carente de várias coisas. Carente de prestadores de serviços, da presença de alunos que tivessem uma maior identificação comigo, que trabalho como um comerciante dentro da faculdade. Antes existia uma classe elitista, e essa é a maior mudança que eu presenciei. A mudança desse público da elite para pessoas que se identificam comigo. Eu hoje moro em Campo Grande e venho de trem e, vira e mexe, encontro alunos universitários que ficam tão surpresos em me ver como eu em vê-los.


O senhor é conhecido pelos alunos como uma enciclopédia de textos. Esse foi um processo natural do trabalho ou houve uma dedicação específica a isso?

Por eu ser um dos pioneiros da UERJ em trabalhar com esse tipo de serviço, desde um tempo em que se usavam máquinas mais antigas, arcaicas em relação do que hoje, eu acompanhei essa evolução e algumas coisas despertaram em mim. O meio-ambiente sempre foi uma grande preocupação para mim, por conta do grande uso de papel que vem agredindo cada vez mais o ambiente e, também, por vir trabalhar em um lugar pequeno e restrito, tendo um grande volume de procura de pastas e textos sem nenhuma organização. Isso não me agradou, pois eu não estava prestando um serviço de qualidade como gostaria, e não estava trabalhando de uma forma satisfatória, e sim cansativa. A maior preocupação dentro desse tipo de serviço é fazer cópias, mas começamos a digitalizar página por página para dar um upgrade, otimizando a dinâmica dentro do trabalho. Hoje, tenho uma biblioteca de aproximadamente 10.000 livros.

Qual a história mais marcante que o senhor presenciou ou a lembrança mais emblemática em relação ao seu trabalho?

A pandemia surge e tira o direito das pequenas conquistas que tive aos poucos pelo meu trabalho, comecei a enxergar nesse momento de dificuldade, uma necessidade de sobrevivência. E isso fez com que eu conhecesse através do pessoal do andar de Comunicação Social, um pouco do carinho dos alunos, em que eles faziam cestas básicas, vaquinhas e correntes para me ajudar, além de propagandas. Colocaram meu nome mais visível, comecei a fazer buscas, entregas, transcrições, traduções e uma série de coisas que tiveram um resultado positivo. Enfrentei dois anos sem contato com o público que eu tanto dependo e o carinho que os alunos tiveram comigo era algo que eu não tinha enxergado com profundidade. Durante a pandemia, também consegui realizar um sonho, o de concluir meus estudos através do Encceja (exame de Ensino Médio para quem não concluiu os estudos) e com muita vontade ainda de ser mais, inclusive comecei uma faculdade EAD de História e estou me adaptando aos poucos.


Como o senhor definiria sua relação com a Uerj?

A Uerj é tudo para mim, eu só tenho a agradecer a Deus por ela ter me enxergado e ter me abraçado. Hoje eu tenho o sonho de ser um servidor na condição de estudante, não sei se teria o controle emocional de sentar ao lado das pessoas que admiro tanto, essa diversidade que eu admiro tanto. Gostaria muito de conseguir atingir esse outro lado do sonho onde a minha história com a Uerj estaria mais do que completa, estaria unida.


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