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#PERSONAGEM DA UERJ// Leda Costa: Pesquisadora e Coordenadora do LEME

'Parte significativa da minha vida passou a fazer sentido na Uerj'


Foto: Leda Costa


Por Breno França


"A Uerj me acolheu, me formou como profissional. Foi e é fundamental para minha formação humana. É difícil falar da minha trajetória antes da Uerj porque às vezes eu tenho a impressão de que parte significativa da minha vida passou a fazer sentido em seus corredores."



Mestra em Letras e doutora em Literatura Comparada pela Uerj, a professora Leda Maria da Costa, de 49 anos, é a nossa entrevistada da semana. A pesquisadora do Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (Leme) nos contou parte da sua história de vida, que facilmente se confunde com sua trajetória na universidade. Além disso, a vascaína de coração também fala sobre seu trabalho e dá um conselho valioso para aqueles que desejam seguir no ramo do esporte na carreira de Comunicação Social.



Qual sua relação com a Uerj?

A Uerj me acolheu, me formou como profissional. Foi e é fundamental para minha formação humana. É difícil falar da minha trajetória antes da Uerj porque às vezes eu tenho a impressão de que parte significativa da minha vida passou a fazer sentido em seus corredores. Dar aula é algo muito gratificante, mas dar aula na Uerj me dá uma sensação de completude e de que posso fazer algo relevante que não se reduza à minha vida, mas a outras vidas. Além de tudo é divertido. Ensino, aprendo e me divirto horrores.


Eu vim do subúrbio. Eu vivi a pobreza, o medo que ela gera e que enfraquece a nossa autoestima. Mas também sou filha da revolta misturada com o amor e a amizade construída ao longo desses anos. Sou grata a Uerj por tudo e por isso repito é difícil falar da minha vida antes da Uerj.



Para você, que é pesquisadora e coordenadora do Leme, o quão desafiador é falar sobre o futebol, elemento cultural popular do nosso país, e, ao mesmo tempo, relacioná-lo com o campo acadêmico?

O futebol é absolutamente fascinante. Do ponto de vista de quem torce, o futebol nos oferece experiências únicas. O futebol exerce a função que o teatro grego exercia na Antiguidade: colocar em evidência nossas vidas como se ela estivesse num palco, nossas vidas individuais e em sociedade. E ao observarmos nossas vidas nesse palco podemos nos fazer refletir sobre questões importantes que nos cercam e analisá-las em perspectivas variadas.


No Brasil, o chamado país do futebol, esse esporte me parece precioso como objeto do qual se podem derivar estudos sérios e fundamentados sobre questões de raça, gênero, desigualdade social, violência, associativismo, movimentos sociais, cidadania etc. Nesse sentido, futebol sempre será político, o que não significa a adoção de política partidária. É político porque envolve vidas e posições de mundo. O mesmo poderíamos dizer em relação ao samba, ao carnaval, às novelas etc. O futebol é um fenômeno social rico de significados sobre a realidade que nos cerca.


Algum conselho para aqueles que desejam trabalhar com esportes na área da comunicação?

Tenham sempre a certeza de que estão lidando com uma paixão de milhões de pessoas, com um esporte socialmente poderoso e que, portanto, requer nosso cuidado e atenção. Tenham sempre a certeza de é preciso se pautar por algo fundamental ao jornalismo e diria mesmo à nossa vida: ética.



Você tem alguma história curiosa ou interessante relacionada à Uerj?

Difícil falar da minha vida antes da Uerj. Desde o primeiro dia que passei em frente à Uerj na vida - e isso foi um pouco antes de tentar o vestibular - eu olhei aquele prédio gigante de cimento - e ao lado do Maracanã - e pensei comigo mesma: um dia eu quero estudar aí.


O vestibular não foi uma etapa fácil para mim. Minha formação escolar não era boa, carecia de muita coisa por diversos motivos que vão desde perdas de importantes familiares a um segundo grau um tanto confuso, feito em uma escola que não primava tanto pela formação e que também confesso que foi meio que cursado de qualquer jeito.


Tentei o vestibular mais de uma vez. E então consegui. Havia passado para o curso de Letras na Uerj. Foi um dos dias mais felizes quando olhei no jornal meu nome. E ali naquele dia algo mudou e minha cabeça que vivia fora da Terra passou a ver nela um lugar que poderia ser bacana, onde eu poderia construir algo que desse sentido a minha vida e que de algum modo retribuísse a dádiva do amor que recebi do meu tio que me criou como se fosse sua filha e da minha mãe que me pôs no mundo, em um gesto bastante corajoso.


Eu não saberia dizer como eu consegui me tornar aluna da Uerj. Porque estar numa faculdade era algo tão distante da minha realidade e da história da minha família. Vivíamos uma luta pela sobrevivência. Num primeiro momento estudei porque queria ser uma ótima aluna. Mas depois estudei porque o conhecimento adquirido em sala e fora dela é um importante caminho para a liberdade. A liberdade de pensar sobre o mundo.



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