‘42 anos de gratidão pela Uerj'
Foto: Nicoly Albuquerque
Guapy: do ensino da técnica a estagiários a quase queda de helicóptero
Por Nicoly Albuquerque
Quem é Guapy Góis?
Eu sou natural do Rio de Janeiro. Nasci na Zona Norte, no bairro de Marechal Hermes. Tenho 63 anos e entrei na Uerj com 21 anos, em 1981. Eu trabalho como cinegrafista na TV Uerj e tenho uma gratidão imensa pela universidade. Lembro que quando eu comecei aqui, meu filho tinha pouco mais de um mês de vida e eu estava separado da mãe dele. Eu fiquei com ele, mas não tinha emprego, então quem sustentava meu filho e eu era meu pai. Vir trabalhar aqui na Uerj foi um presente de Deus para poder sustentar meu filho. No fim, não só sustentei meu filho como consegui sustentar meus pais e toda a minha família.
Quando você começou a trabalhar na Uerj?
Entrei na Uerj em 27 de julho de 1981. Já estou aqui há 42 anos. Eu vim para cá fazer o trabalho de auxiliar em atividades institucionais e das unidades acadêmicas que precisavam de recursos audiovisuais, operando os equipamentos. Logo no meu segundo ano, começaram a dar cursos de produção, roteiro, direção, iluminação e câmera. Eu acabei gostando do que vi, fiquei encantado e aprendi muito com superiores meus, que tinham maiores conhecimentos sobre câmeras. Entre esses cursos, teve um curso da Globo. Apesar de haver três câmeras no estúdio, nenhum deles queria participar desse curso porque eles queriam ganhar grana, e o curso só oferecia aprendizado. Mas eu queria aprender, então peguei uma câmera e falei: "Olha, eu opero essa câmera aqui" sem nunca ter pego na câmera. Tomei muito esporro de um diretor da Globo mas consegui me desenvolver na área, continuando a fazer outros cursos, de edição, de iluminação, de áudio, entre outros, e o resto fui pegando na prática, assistindo a programas na TV com um olhar crítico e sempre sendo ajudado por quem sabia mais do que eu.
Qual sua relação com a Uerj?
A minha relação com a Uerj é das melhores. Começou no CTE e eu trabalhei muitos anos com as unidades acadêmicas, com os alunos. Antigamente, nós tínhamos uma parceria com a faculdade de comunicação social, então os alunos viviam aqui e nós vivíamos lá. A troca era muito boa, e hoje em dia essa troca acontece com os estagiários da TV. Eu gosto muito desse aprendizado mútuo, por isso acho que estou trabalhando no lugar certo. Eu tenho toda gratidão do mundo pela Uerj, tudo o que eu construí durante a minha vida eu agradeço a essa universidade.
Como você ajuda os estagiários que passam pela TV Uerj?
Aqui é uma oficina. Eu acho muito importante que o jornalista entenda um pouco da técnica, para entender se aquilo que o repórter pede para o câmera fazer é possível ou não. Isso ajuda muito na questão de relacionamento entre a equipe. Por isso eu sempre faço questão de mostrar para os estagiários como funciona o processo mais técnico de uma gravação. Isso traz a prática a que durante o curso vocês podem acabar não tendo acesso. Eu acho que tudo o que os estagiários fazem aqui, eles deveriam estar fazendo na FCS durante todo o curso. Colocando em prática o que vocês aprendem no papel sobre uma produção. Isso dá uma bagagem para o mercado de trabalho. As pessoas foram muito generosas comigo para que eu pudesse chegar onde estou, então eu também gosto de retribuir isso para as pessoas, com estagiários e alunos principalmente.
Você tem alguma história curiosa relacionada à Uerj?
Eu tenho muitas histórias interessantes que aconteceram durante gravações externas aqui para o CTE/Uerj. Uma dessas situações é que eu quase caí de um helicóptero. Isso aconteceu na gravação de um programa que explicava um projeto de despoluição da Baía de Guanabara, e nele nós tínhamos que fazer algumas imagens aéreas. Na época não existia drones, então foi tudo feito à moda antiga. Alugamos um helicóptero do Aeroporto de Jacarepaguá, que não era um helicóptero próprio para gravação, que teria que ser maior e mais estável. Era um helicóptero bolha, muito apertado. Antigamente, para gravar de helicóptero, uma das portas eram arrancadas e o lado em que estava o câmera ia sem porta. Sendo que foi uma correria, porque cada tempo perdido era dinheiro também, por conta do tempo do aluguel. Então nós precisávamos fazer as imagens rapidamente. Na hora de fazer as imagens, de onde eu estava sentado, aparecia a porta do helicóptero na câmera, então eu senti que precisava me aproximar mais. Eu soltei o cinto e me posicionei mais à frente, conseguindo fazer algumas filmagens ótimas. Só que de repente o piloto fez um movimento brusco, virando o helicóptero para a esquerda. Eu projetei o corpo para fora do helicóptero e só não caí de lá porque o assistente me agarrou pelo colarinho da minha blusa. Quase que a câmera caiu na Baía de Guanabara, consegui segurar por pouco. Acho que essa foi uma das maiores aventuras que eu já passei durante as gravações.
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