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#PERSONAGEM DA UERJ// Andréa Travassos: A Primeira mulher no cargo de chefia da Divisão de

'Eu tenho certeza que eu conquistei o meu espaço, não só com a retórica, mas com a minha postura, meu conhecimento que eu tenho também da minha área.'



Foto: Arquivo pessoal


Por Giovanna Guitarrari



Primeira mulher chefe da Divisão de Segurança da Uerj, na casa há cerca de 20 anos, Andréa Travassos conta sobre os momentos delicados vividos no ramo seu ramo de trabalho e em sua trajetória como mulher em um cargo de liderança.



Quando você começou a trabalhar na Uerj?


Eu entrei no último concurso para agente de segurança, que foi em 2001 para 2002, eu falo essa data porque 2001 foi o concurso e teve um período de curso que nós fizemos, a efetivação mesmo foi em 2002, então tem mais ou menos 22 anos.



Qual sua relação com a Uerj?


A Uerj é…(foi possível perceber os olhos marejados de Andréa) Eu até me emociono porque, assim, a Uerj é uma casa maravilhosa, né? Então, falar da Uerj é conquista. Eu era guarda municipal e quando eu passei aqui para a universidade, eu tive que ficar em dois empregos ao mesmo tempo para poder bancar aqui, a universidade, então, conquistei tudo que eu tenho hoje através da Uerj. É fundamental, eu vivo a universidade.



Como é ser mulher no cargo de chefia, em uma divisão que a gente percebe predominantemente masculina?


Olha, eu sou a primeira mulher chefe de Divisão da Segurança. Nesse concurso pelo qual eu entrei, só entramos três mulheres. As outras trabalham em horários noturnos, mas cargo de chefia só tem eu mesmo. Então, de início foi muito mais complicado porque é um mundo machista, você sabe, né? Então para você colocar o teu ponto de vista, e mesmo você com a bagagem, porque a área de segurança é praticamente toda a minha vida, eu tenho aproximadamente 30 anos nessa área. Então, você tem até que se desdobrar mais, infelizmente o mundo é assim, você tem que dar mais do que você daria normalmente para mostrar que você é capaz. Eu tenho certeza que eu conquistei o meu espaço, não só com a retórica, mas com a minha postura mesmo, meu conhecimento que eu tenho também da minha área.



Eu não sou aquele chefe que vive atrás da mesa, é muito difícil me encontrar aqui, eu estou sempre tentando resolver uma ocorrência. A universidade tem muitas ocorrências, e não só de furto e de roubo, ocorrências da parte do ser humano mesmo porque a gente lida muito com questões de suicídio, tentativas, alunos que chegam com estado emocional abalado, procura logo a segurança. Eu já recebi vários aqui, a maioria ficam meus amigos, eu guardo o telefone, ligo: "Como é que você está, está bem?" "Estou bem", vem aqui me visitar e pergunta como eu estou. Então, a gente constrói muitas relações bacanas aqui.



Você tem alguma história interessante ou curiosa envolvendo a universidade?


Eu tenho algumas histórias, não te diria interessantes, mas histórias que marcaram a minha vida como segurança. Eu fui dirigente sindical, um tempo atrás, eu era militante inclusive, de um partido político (PSTU) e era direção do Sintuperj (Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais no Estado do Rio de Janeiro), as pessoas achavam que era uma dicotomia, né? "Como é que você é segurança e você é militante de partido, como você consegue lidar?" Eu consigo lidar muito bem com isso, uma coisa é a minha vida política, e outra é a minha vida profissional. Então, teve uma situação aqui, foi na época que o Batalhão de Choque invadiu a universidade (agosto de 2012), estava tendo uma manifestação de servidores, a gerência do banco (Bradesco) na época entendeu que eles iam invadir o banco e chamaram a polícia, quando eles falaram que era o banco que estava com medo, o Batalhão de Choque invadiu a universidade, e nisso, a gente não tem como conter, porque é o batalhão invadindo. Nesse momento, eles partiram lá para trás e eu me coloquei de frente para eles, entre os manifestantes, que não iriam invadir o banco, para proteger os servidores e alunos, porque na realidade eles não podiam nem estar aqui dentro, e falei "Cara, aqui você não vai tocar a mão em ninguém". Foi um momento tenso.



As pessoas veem muito a segurança como agentes de repressão, né? E em alguns momentos a gente é até chamado de "agente da repressão", mas a universidade tem um enfoque diferente. É claro que tem alguns momentos que a gente vai dizer "Não, você não pode" e "Não, você não vai fazer isso", mas isso também faz parte porque todo mundo precisa de segurança, mas o nosso enfoque é mais o ser humano mesmo, no aluno que vem aqui. A gente protege o patrimônio também, porque infelizmente as pessoas depredam muito o patrimônio da universidade, as pessoas acham que "Ah, porque é público, posso fazer o que eu quero"e é um entendimento muito equivocado, o público é nosso, então a gente tem que preservar, é nosso, a gente paga por ele, né? Então, são esses aspectos da segurança que é legal a gente lidar, de vidas que a gente consegue resgatar, de pessoas que a gente consegue trazer para gente, entender o nosso trabalho.


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