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#PERSONAGEM DA UERJ// Affonso Nunes: Coordenador do Laboratório de TV e Vídeo da Uerj

'Me considero uma pessoa simples, não tenho muito a ideia de vender ou promover como uma pessoa maravilhosa, inteligentíssima ou muito experiente'


Foto: Arquivo pessoal


Por Jean Guimarães



Professor de jornalismo da Faculdade de Comunicação Social (FCS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Affonso Nunes entrou na instituição em 2014 e, além de lecionar disciplinas de audiovisual do departamento de Comunicação Social, também faz parte do sindicado da Associação de Docentes da Uerj.



Quando o senhor começou a trabalhar na Uerj?


Eu entrei na Uerj em julho de 2014, foi quando eu tomei posse para área de TV no departamento de jornalismo.



Qual sua relação com a Uerj?


Eu acho um lugar muito interessante de se trabalhar porque existe uma diversidade muito grande de alunos e professores. Eu acho que é um ambiente bem plural, propício a você entender não apenas questões relativas à formação profissional, mas também a questões de formação do cidadão, da cidadã. Porque conviver com a diferença, conviver com a pluralidade, é exatamente você aprender a encarar alteridade, como a gente chama. Que é a relação com o outro. A diversidade. É você entender que o mundo não é só o seu mundo. As coisas que você vive. A sua situação específica de vida. Que o mundo é feito de diversas experiências. Tomar contato com essas experiências é importante. E quando a gente vive em um certo local, bairro por exemplo, a gente vai ter a experiência daquele bairro, aquelas pessoas que vivem ali têm mais ou menos a mesma experiência. E quando você vai há um lugar como a Uerj, quando convive com pessoas distintas em termos de onde elas moram, diferentes regiões da cidade e as suas histórias de vida, eu acho que isso é muito importante para a formação de todos, e nós como professores também temos essa experiência de encontrar essa diversidade, perceber essa diversidade. Também vivemos em certos bairros e situações de vida, e muitas vezes estamos confinados a essa mentalidade, então ambientes como a Uerj são bons.



Além disso, eu acho que para mim que sou mais velho, já tenho 62 anos de idade, conviver com pessoas mais novas também é entender um pouco o mundo contemporâneo. Os velhos também fazem parte do mundo contemporâneo, mas a princípio as novidades, as coisas que mais marcam cada época são bem relacionadas às pessoas mais jovens. E ter esse contato, perceber um pouco como as alunas se relacionam com o momento presente, com as tecnologias, com as formas de ser, com as ideias de sociabilidade, ideias de gênero por exemplo, nos faz perceber um pouco isso também. É uma experiência muito interessante em termos pessoais, não apenas em termos profissionais.



Qual sua afinidade com as disciplinas que o senhor leciona na Uerj?


Eu leciono disciplinas relacionadas ao audiovisual. Eu sempre tive muita afinidade com o audiovisual e a imagem. Quando eu tinha 13/14 anos de idade, eu me interessava muito por artes plásticas, pinturas. Depois eu me interessei muito por fotografia. Eu não tinha dinheiro naquela época para comprar equipamentos mais sofisticados e tal, mas eu achava muito interessante. Comprava algumas revistas estrangeiras, não entendia nada do que estava escrito, mas via aquelas imagens e tentava entender alguma coisa. Então minha relação com a imagem sempre foi muito forte, começou nessa época. Mais adiante, pelos 16/17 anos de idade eu comecei a me interessar pelo cinema. Foi a época que eu comecei a frequentar essa área de cinema, naquela época não tinha video-cassete, dvd, streaming, então a gente via os filmes no cinema. Conheci muitos filmes, ia muito ao cinema, vi muitos e muitos filmes na minha vida, centenas e talvez mais de mil.


O jornalismo não surgiu na minha vida aos 18 anos. O jornalismo surgiu na minha vida quase aos 30. Eu entrei para faculdade de jornalismo aos 29 anos de idade e me formei com 33/34 anos. Então, de certa forma, sempre foi uma coisa meio tardia para eu entender qual era a minha vocação. E quando eu comecei a trabalhar com jornalismo, eu queria especificamente trabalhar com televisão e especificamente com edição de vídeo, edição de matérias, estar ligado a essa parte da edição, e não ser repórter ou apresentador. Então minha relação com essas disciplinas é por esse tempo todo. Desde os 17 anos de idade, que eu comecei a ter essa relação muito forte com a imagem em fotografia, até mesmo com as artes, continuo me interessando muito nisso. Então minha relação com as disciplinas é essa. Seria não apenas a teoria, eu me interesso muito pela parte técnica, eu acompanho bastante a evolução da tecnologia em termos de câmera, tudo que envolve a tecnologia digital, os programas de computador que hoje em dia fazem edição. Eu edito e sei operar esses programas que eu aprendi na televisão quando eu trabalhei, e continuo operando e ensinando os alunos, então eu tenho uma relação muito forte com isso.



Quem é Affonso Nunes?


Me considero uma pessoa simples, não tenho muito a ideia de vender ou promover como uma pessoa maravilhosa, inteligentíssima ou muito experiente. Tenho minha experiência, tenho minha inteligência, mas não é uma coisa que me preocupa. Me preocupa viver o momento presente e pensar num futuro próximo, projetos. Eu gostaria por exemplo de trabalhar com roteiro em algum momento da minha vida, já trabalhei um pouco com isso, mas gostaria de me dedicar mais a escrever roteiros.


Moro na Tijuca, em Vila Isabel, já morei muitos anos na Tijuca. Não tenho nenhum problema em morar na Zona Norte, muito pelo contrário, nasci e me criei na Zona Sul, mas moro na Zona Norte por opção. Prefiro morar aqui, prefiro esse ambiente.

Trabalhei em muitos anos como jornalista, que foi uma profissão que me deu muito retorno pessoal. Vivi muitas coisas interessantes, mas também desde que eu saí da faculdade tinha essa ideia de trabalhar como professor. Não sabia exatamente do que eu daria aula, me formei na FACHA e até gostaria de ter tido a experiência de dar aula na FACHA, quando eu saí eu pensei “quem sabe eu não dou aula aqui um dia”.


Em algum momento da minha vida eu achei que a carreira de jornalista já tinha meio que se esgotado para mim. Eu não queria ser chefe, diretor. Eu queria trabalhar diretamente com a produção, e na televisão esse trabalho é encarado como trabalho de peão, aquele que carrega o piano como se diz. É um trabalho de certa forma pouco valorizado. A grande valorização em termos de salário está na chefia, direção e esses cargos. Como eu não tinha interesse por isso, eu acho que cumpri um prazo e a partir de 2011, já tinha dado aula entre 2003 e 2006, foi a primeira experiência que eu dei fora do rio de janeiro, onde eu fiz meu mestrado e doutorado, no Rio Grande do Norte.


No Rio de Janeiro a partir de 2011, que foi quando eu saí da TV, eu comecei a procurar trabalho na área de universidade e eu consegui em 2012. Desde então eu dou aula e eu acho que é uma carreira interessante.


Talvez eu não me considere o professor nato, que nasceu para ser professor. Mas é algo que eu gosto de fazer e eu acho que é interessante a gente participar da formação dos outros. Tudo que a gente sabe da nossa vida e tudo o que a gente conhece nessa vida, quando a gente morre de certa forma isso é perdido. Mas como professor a gente tem a possibilidade de contar essa experiência. Experiência não se transmite, cada um tem a sua, mas a gente tem essa possibilidade de contar o que fizemos, de colocar as nossas ideias não só sobre jornalismo, sobre o mundo de forma geral e participar da formação de outras pessoas eu acho que é um trabalho interessante, apesar de não ser tão valorizado na sociedade brasileira. Eu acho que o trabalho como professor tem essa vantagem que outros não têm.



O senhor tem alguma história curiosa ou interessante relacionada à Uerj?


Quando eu entrei na Uerj, logo em 2014, começou em seguida a questão de não pagamento de salário, em 2015, um ano depois.


Eu me juntei a pessoas do sindicato, na Associação de Docentes da Uerj, me filiei e até hoje sou filiado, e nós participamos de muitas lutas, principalmente em 2016 quando houve uma grande greve. E uma das coisas diferentes que aconteceu foi que as pessoas resolveram acampar na porta do palácio guanabara, em laranjeiras. Não cheguei a dormir lá, as pessoas ficaram lá realmente, montaram barraca, dormiram duas noites ou três se não me engano. Eu não cheguei a dormir lá, mas participei intensamente desse movimento, ia no acampamento, ficava lá e conversava com as pessoas, gravava entrevistas, fiz alguns vídeos. Foi um momento muito interessante de resistência, de valorização da nossa carreira, de pressão ao governo.



Nós conseguimos depois disso que fosse regulamentada a nossa carreira de profissional da Uerj, então foi um movimento interessante, e fazer parte do sindicato é muito bom porque a gente conhece outras pessoas, professores de outros departamentos, de outras unidades que não é a nossa de comunicação social, e entende um pouco a universidade como um todo. Nós tendemos na Uerj ou em qualquer outra universidade a ficar no nosso departamento, e você participando do sindicado, você amplia sua visão da Uerj como algo realmente maior que a faculdade de comunicação.


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