top of page

O que significa amar em 2025?

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • 23 de set.
  • 4 min de leitura

COMUNICA foi atrás para entender as diferentes formas de amar dos estudantes da Uerj


Por: Geovana Costa


Atualmente, os jovens têm experimentado diferentes formatos de relacionamentos amorosos que já não cabem no modelo tradicional da monogamia. As conversas sobre novos modos de se relacionar vêm sendo cada vez mais frequentes, mas ainda assim é possível perceber certo tabu para quem busca outras maneiras de viver um romance.


Reprodução: pexels

Foto das mãos dadas de um casal
Foto das mãos dadas de um casal

É possível viver diversos tipos de relação — da monogamia ao poliamor. Porém, mais do que categorizar, é importante compreender que cada escolha carrega valores próprios e desafia modelos tradicionais. O objetivo desta matéria é apresentar algumas dessas formas de se relacionar e discutir os tabus que foram construídos social e culturalmente ao redor das relações afetivas.


A monogamia é o modelo mais difundido de relacionamento: nele, duas pessoas escolhem viver uma relação exclusiva, com compromisso afetivo e sexual restrito ao casal. Socialmente aceito como padrão, esse formato atravessa séculos e continua predominante, ainda que hoje conviva com outras possibilidades.


Entre essas possibilidades estão os relacionamentos abertos, em que casais decidem permitir envolvimentos externos, geralmente de caráter mais físico do que afetivo. Outra configuração é o poliamor, que se diferencia por envolver vínculos românticos e afetivos entre três ou mais pessoas ao mesmo tempo. Nesse modelo, a lógica da exclusividade é questionada, e diferentes modos de amar e conviver ganham legitimidade.


Esses exemplos mostram como a sociedade tem ampliado a compreensão sobre relacionamentos. No entanto, ainda persistem resistências e desinformação, especialmente quando o tema é a não monogamia. Mais recente no debate público, ela é uma forma de ver a vida, que vai além de qualquer tipo de relação.


O que pensam os estudantes


Fomos atrás de alguns estudantes para saber como entendem a não monogamia — e também ouvir quem vive esse modo de se relacionar.


A estudante de Relações Públicas Júlya Braga acredita que a prática ocorre quando um casal possui um acordo de não exclusividade, permitindo envolvimentos com outras pessoas. Ela mesma pondera, porém, que não sabe ao certo se essa definição se aplica à não monogamia ou apenas ao namoro aberto. A dúvida mostra como o tema ainda gera questionamentos sobre seu funcionamento.


Já para Gustavo Fontenelle, também acadêmico de Relações Públicas, a não monogamia significa não restringir o afeto a uma única pessoa, podendo ter vários parceiros fixos ou variáveis, além de um principal. “É como na música A Maçã, do Raul Seixas, que apresenta uma ideia de amor livre, mas com responsabilidade emocional e afeto. As duas partes precisam estar confortáveis e de acordo. Caso contrário, não é não monogamia: é traição”, comenta. Ele ainda provoca: “Muita gente condena a não monogamia, mas vive em um relacionamento monogâmico e trai o parceiro. Talvez fosse mais fiel a si mesmo se parasse de julgar outras formas de amar.”


O discente João Gabriel Nicolli, que cursa Jornalismo na Uerj, explicou um pouco sobre o que seria uma relação não monogâmica. Para ele, esse tipo de envolvimento vai muito além da esfera romântica: é uma forma de enxergar todas as pessoas da vida, sejam parceiros amorosos ou amigos.


Ele ressaltou a importância de entender a diferença entre uma relação aberta e a não monogamia. João destaca que, em relações abertas, ainda é muito presente a lógica monogâmica — ou seja, a priorização da relação principal em detrimento das demais. “Na não monogamia é diferente: não é sobre ficar com outras pessoas, mas também desenvolver relações românticas e afetivas com quem você se envolve, para além de um parceiro ou parceira que está com você há mais tempo”, explica.


João também contou como passou a se entender não monogâmico. Segundo ele, o grande salto foi romper com a ideia de que relações românticas são hierarquicamente superiores às amizades ou aos laços familiares. Para o estudante, a não monogamia é antes de tudo uma construção. “É um processo de vida, sabe? É uma maneira de enxergar as coisas. A vida é ampla, cheia de mudanças, e com o tempo fui percebendo que os amores da minha vida também são os meus amigos. Isso me mostrou que a descentralização das relações é o que dá sentido à não monogamia.”


Novos modos de amar


Com tantos avanços, é natural descobrirmos novas maneiras de viver o amor e de se relacionar. Mais do que uma troca física, estar com alguém envolve também uma troca emocional e sentimental. O relato de João ajuda a abrir o olhar sobre os tabus que ainda cercam modelos de relacionamento diferentes da monogamia. Embora sejam vistos como “alternativos” pela maioria, para quem os pratica, esses formatos carregam significados muito maiores. Afinal, todas as formas de amar são bem-vindas — e todo modo de expressar amor merece ser respeitado.


Para as mulheres, essa discussão ganha um peso ainda maior. Social e culturalmente, ao entrarem em um relacionamento, muitas vezes sua vida passa a orbitar em torno do parceiro, enquanto amizades e outros vínculos são deixados em segundo plano. Quem nunca teve uma amiga que se afastou das amizades por causa de um namoro? Na maioria das vezes, isso não acontece de forma proposital: a pessoa simplesmente não percebe o quanto o vínculo romântico acaba centralizando sua vida.


É nesse ponto que a fala de João sobre descentralizar as relações se mostra fundamental. Ao entender que se relacionar não significa hierarquizar — colocando o amor romântico acima da amizade ou da família — ele toca em uma questão essencial. Em muitos relacionamentos, os homens seguem com seus hobbies e amigos, enquanto as mulheres experimentam a solidão, mesmo dentro de uma relação. Pensar em novos modos de amar é também pensar em maneiras mais justas e equilibradas de viver os afetos.



 
 
 

Comentários


bottom of page