Ocupantes do DCE explicam suas reivindicações e rebatem críticas
Por Daniel Goulart Redatora: Beatriz Araújo
Foto: Arquivo de Fotos da Ocupação
Entrada da sala do Diretório Central dos Estudantes
Estudantes da Uerj permanecem ocupando a sala do Diretório Central dos Estudantes (DCE) desde o dia 13 de setembro de 2023. A ação é uma resposta aos escândalos financeiros da universidade que eram veiculados na mídia e o atraso, na época, no pagamento de bolsas e auxílios. Quase seis meses após o ocorrido, o COMUNICA foi até o local para dialogar e entender as motivações, os horizontes da luta e o que tem sido feito durante esse período.
Os estudantes contaram que antes da ocupação as instituições representativas como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e o DCE não conseguiam representar e pautar as necessidades dos estudantes no debate político na universidade. “Nós estávamos nos sentindo abandonados, víamos tudo que estava acontecendo na Uerj e as nossas formas de representação estudantil não levavam as pautas imediatas por estarem coligados.”
A ocupação, inicialmente, tinha como principal pauta o pagamento das bolsas e auxílios estudantis e teve sua demanda atendida com o depósito das bolsas dois dias após a ação. “Mas os problemas na Uerj continuaram, e aqui dentro a gente enxergou outros horizontes dentro das reivindicações estudantis que não estavam sendo atendidas por conta dessa paralisia política na faculdade.”
Atualmente, a principal pauta da ocupação é o auxílio moradia. Um dos requisitos para recebimento desse auxílio é que o estudante seja oriundo de estados ou municípios distintos da unidade à qual se encontra vinculado, que esteja a uma distância igual ou maior de 70 km em relação à sede do curso que está matriculado, o que dificulta o acesso de grande parte dos estudantes ao benefício.
Além disso, os ocupantes ressaltaram a insegurança quanto ao recebimento efetivo do auxílio, enfatizando que o valor destinado à moradia é transferido para a folha de pagamento da Uerj, mas muitas vezes não chega aos estudantes. “A gente entendeu que os estudantes precisam ter esse debate na ponta da língua para poder forçar a reitoria a cumprir os editais e exercer os direitos dos estudantes.”
Um dos estudantes também rebateu as críticas de que a ocupação seria um ato de vandalismo e rebeldia sem propósito. “Ninguém está dormindo na Uerj por achar legal, mas por acharmos legítimas as nossas reivindicações. Ocorre em muitos casos os estudantes da própria oposição ao DCE de taxarem a ocupação como ‘rebeldes sem causa', que estamos dormindo aqui para fazer zona. Mas se você entrasse aqui dois dias antes da ocupação saberia o que de fato é uma zona.” Eles relatam que quando chegaram à sala da ocupação precisaram organizar, limpar e pintar o espaço que estava em situação de abandono.
Atualmente, a sala do diretório é usada como um espaço para os estudantes organizarem encontros, grupos de estudos, eventos e promover a cultura e arte dentro da universidade, disseminando conhecimentos. No início desse semestre, a ocupação contará com um grupo de estudos direcionado ao Concurso Nacional Unificado (CNU) e também aulas para produção de textos acadêmicos, todos abertos à comunidade uerjiana. As informações sobre os projetos e atividades da ocupação podem ser encontradas na página @ocupa.uerj no Instagram.
Por fim, os estudantes asseguraram que não estão confrontando figuras específicas, sejam reitores ou representantes estudantis. Sua missão é clara: promover a transparência e fomentar uma universidade mais democrática. O grupo expressa a necessidade de uma instituição na qual os novos estudantes se identifiquem e se sintam representados, mesmo sem um profundo entendimento da linguagem política e burocrática. “Criar um aparelho burocratizado só afasta os estudantes e trabalhadores da política na universidade. É por isso que precisamos nos organizar de forma independente pelos nossos direitos e lutar pela transparência aqui dentro.”
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