Mídia, Imaginário e Sonoridades 3: primeiro dia do evento na Uerj reuniu jornalistas e estudantes em debate importante
- Comunica Uerj
- há 4 dias
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“O som é uma forma muito potente de praticar a imaginação”, sintetizou Marcelo Barreto em evento do AudioLab.
Por: Isabella Topfer
Reprodução: Carlos Roberto Alves

A memória e o imaginário das torcidas no esporte são impulsionados pela experiência sonora, um dos temas discutidos na mesa de esportes do evento Mídia, Imaginário e Sonoridades 3, realizada na última terça-feira, 26. O evento contou com a presença de grandes nomes do jornalismo esportivo, como Marcelo Barreto, Carlos Gil, Paulo César Vasconcelos, Matheus Andrade e Marcos Luca Valentim, além de Filipe Mostaro, organizador do evento e coordenador do AudioLab.
O tema da palestra foi Esporte, sonoridades e convergência e os convidados contaram experiências pessoais que reforçavam a importância do som, em especial no jornalismo esportivo. Marcelo Barreto falou sobre a forma como alguns sons ficam marcados como a representação de algo, “o som da torcida, como aparecia na rádio, que parecia um chiado, para mim, esse é o som do futebol”; Paulo César recordou o toque da gaita de Ary Barroso, que remetia a gol do Flamengo, destacou ainda o radialista Waldir Amaral como o “pai das sonoridades esportivas” e afirmou que o silêncio também é muito importante para um entrevistador. Carlos Gil lembrou do tempo em que a maioria dos torcedores “fazia questão de ouvir o rádio, mesmo assistindo ao jogo no estádio” e disse que sempre gostou de ouvir o som da torcida adversária comemorando um gol.
O jornalista Marcos Luca Valentim valorizou a importância da fala e ressaltou a força do, em suas palavras, “barulho da omissão”, remetendo ao racismo e a outros tipo de discriminação. Seguindo nesse tema, ele falou sobre a importância da pluralidade de vozes e da representatividade, afirmando que “a comunicação tem que ser diversa para ser melhor”. Matheus Andrade, que se formou em jornalismo na Uerj no período passado, apresentou seu documentário Vozes Negras - Caso Vinícius Júnior, que foi seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e reverberou o discurso de Marcos, ao contar sobre as dificuldades que enfrentou, visto que, segundo ele, “nós, pessoas negras, de comunidade, ouvimos muito e falamos pouco”.
O documentário se inicia com um som que Vinícius Jr se acostumou a escutar, a torcida adversária proferindo ofensas racistas contra ele, “mono, mono” (macaco, em espanhol) canta a torcida do Valência no vídeo. O trabalho de Matheus reuniu falas de diversos jornalistas negros sobre a ocasião em que o jogador chorou em uma coletiva de imprensa devido ao racismo sofrido por ele, e sobre a forma como a mídia, composta majoritariamente por europeus brancos, lidou com a situação. O documentário foi elogiado por Filipe Mostaro, que destacou a importância do tema e ressaltou que a Uerj foi a primeira universidade a adotar as cotas raciais.
Além da participação na mesa do “Mídia, Imaginário e Sonoridades 3”, Marcelo Barreto deu uma entrevista exclusiva ao COMUNICA, na qual falou sobre a importância de eventos como esse e deu um conselho aos futuros jornalistas. Sobre a Uerj, ele disse: “Eu sou uerjiano né, e essa universidade ampliou meus horizontes. Eu acho que debater o esporte como forma de comunicação é sempre muito importante.” Ele afirmou que a nova geração jornalística já está integrada às plataformas e sabe mais sobre o assunto que ele, que se autointitulou “um jornalista sem redes sociais”, e aconselhou que o importante é seguir os fundamentos básicos da profissão.
O evento abordou temas relevantes, como o racismo e as mudanças que precisam ocorrer na estrutura do jornalismo, e a importância do som na comunicação e no futebol. Esse debate e a presença de jornalistas renomados despertaram o interesse de muitos alunos, que lotaram o auditório e fizeram fila para tirar fotos com os convidados.
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