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Mulheres no automobilismo: uma corrida por espaço e reconhecimento

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • 26 de ago.
  • 3 min de leitura

Das arquibancadas às pistas, conheça iniciativa que amplia presença feminina no esporte


Por: Isabella Topfer



Reprodução: Rafa Catalan

Ação do Girls Like Racing em Curvelo – MG
Ação do Girls Like Racing em Curvelo – MG

O preconceito enfrentado por meninas e mulheres no automobilismo se manifesta tanto na pequena representação feminina nas categorias — seja como pilotos, engenheiras ou jornalistas —, quanto na descredibilização sofrida por aquelas que apenas acompanham o esporte e comentam sobre ele em suas redes sociais.


Aqueles que acompanham a repercussão das corridas de Fórmula 1 nas plataformas digitais percebem um grande número de mulheres opinando e torcendo, assim como uma grande porcentagem de homens que as acusam de só acompanhar a categoria porque “os pilotos são bonitos”, duvidando de seus conhecimentos. Será que esse discurso tem fundamento? Quem são essas apaixonadas por velocidade?


O COMUNICA UERJ conversou com Erika Prado, engenheira de dados e fundadora do Girls Like Racing, um projeto, criado em 2018, que reúne mulheres apaixonadas por automobilismo e as leva para os bastidores das corridas. Fã de automobilismo desde seus 12 anos, o incômodo da engenheira sobre a escassa presença feminina nas arquibancadas se agravou quando foi ao seu primeiro Grande Prêmio de Fórmula 1 em 2017.


“No ano seguinte, decidi procurar meninas que iriam para a corrida e percebi que elas nunca estavam em um grupo só delas, sempre estavam com um homem, um primo, um namorado, não tinha uma organização. Eu e a esposa de um dos meninos que conheci, decidimos criar um grupo só de mulheres para irmos à corrida, até então o Girls Like Racing servia só pra reunir meninas no autódromo”, conta Erika.


“Depois de um tempo, começamos a divulgar o grupo e percebemos que o medo de ir ao autódromo sozinha não era o único problema, tinha também o fato de que quando você fala de automobilismo num grupo de homens, você vira chacota, eles dizem que você não entende nada, vira uma discussão. Eu comecei a ver que tudo que as meninas passavam como público, eu também passava como profissional, porque eu trabalho como engenheira de dados. Aí eu pensei, como isso pode ser curado? Trazendo mais mulheres para a categoria. O Girls Like Racing foi crescendo e virou página de produção de conteúdo, depois passou a fazer visitas ao autódromo e hoje tem as ações junto com a equipe AMattheis. E a gente sempre está tentando trazer mulheres para o esporte, para trabalhar no esporte, que é carente de participação feminina, seja competindo, trabalhando e no público.”


“Hoje, eu percebo que a presença feminina no automobilismo vem crescendo, mas que isso é resultado de muita luta. Todo dia é uma luta ser mulher, especialmente em profissões tipicamente masculinas”, conclui a fundadora do projeto.


Além do exemplo do Girls Like Racing, é necessário ressaltar a importância das pioneiras que tornaram possíveis os projetos, inspirando mulheres que fazem parte desse universo nos dias atuais. Maria Teresa de Filippis, a primeira mulher a pilotar na Fórmula 1; Michelè Mouton, primeira a vencer uma etapa do Mundial de Ralí e a conquistar o vice-campeonato; Florence Lawrence, desenvolveu as primeiras setas de direção e luzes de freio para automóveis; Hannah Schmitz, atual chefe de estratégias da Red Bull, uma das principais equipes da F1; Mariana Becker, jornalista brasileira conhecida por cobrir a Fórmula 1.



Com isso, é fácil de entender que a resposta para a primeira pergunta no início é não, esse discurso não tem fundamento. Mulheres se tornam engenheiras, pilotos, jornalistas especializadas em automobilismo ou simplesmente fãs de diferentes categorias, pelo amor ao esporte. Elas enfrentam questionamentos sobre seu conhecimento e dúvidas sobre sua dedicação, assim como em qualquer área de suas vidas.


Quem nunca ouviu a frase “mulher no volante, perigo constante”? Que mulher nunca foi questionada sobre fatos históricos, antigos e específicos ao dizer que ama determinado esporte? Homens podem ser fãs do esporte sem questionamentos, mas mulheres precisam se justificar e se provar o tempo inteiro. Apesar disso, milhares delas continuam amando o automobilismo e lutando incessantemente por espaço e protagonismo — tendo suas esperanças renovadas por projetos como o Girls Like Racing.



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