‘Meu nome não é cracudo’: documentário dá voz à luta antimanicomial
- Comunica Uerj
- há 3 horas
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Por: Gabriel Gatto
O documentário Meu nome não é cracudo, dirigido por Roma Miranda, narra a realidade de usuários e trabalhadores da saúde mental pública. Seu diferencial é a perspectiva de a história ser contada pelos próprios pacientes e funcionários do Caps Ad III (Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas tipo III) Paulo Portela, em Turiaçu, Rio de Janeiro. A exibição ocorrerá no dia 13 de outubro, às 14h30m, no auditório 91, no 9° andar, do campus Maracanã da Uerj.
Reprodução: Instagram @frenteestermorgannah

A obra resgata um movimento social que começou a ganhar força no Brasil nos anos 1970: a luta antimanicomial. Inspirado pela reforma psiquiátrica italiana, o movimento tinha como objetivo pôr fim aos manicômios, locais onde usuários de saúde mental eram isolados, muitas vezes em condições degradantes, e propor uma nova forma de cuidado, baseada em direitos humanos, cidadania e inclusão social.
Em conversa com o COMUNICA, a aluna de psicologia Rebeca Freitas conta mais sobre o objetivo do movimento antimanicomial: “Ser antimanicomial é lutar pelo fim dos manicômios, tanto físicos quanto subjetivos, esses que temos todos os dias. Atitudes de controle e de ter poder pela vida do próximo. Algo que a saúde fez por muito tempo. Ser antimanicomial é lutar contra todas as formas existentes de manicômio.”
Rebeca é uma das fundadoras da Frente Estudantil de Luta Antimanicolonial Esther Morgannah (Flaem), coletivo criado dentro da Uerj. O grupo busca pesquisar e discutir a rede psiquiátrica e a estrutura histórica dos manicômios no Brasil. Segundo a estudante, o termo antimanicolonial surgiu das reflexões em sala de aula com o professor Emiliano Camargo David, que relaciona a lógica manicomial às bases do colonialismo.
“Ele fala bastante sobre como a manicomialização está completamente ligada à estrutura colonial, como os manicômios escolhiam muito bem quem eles queriam nos manicômios. A gente quer combater o colonialismo e a manicolonização dos corpos”, explica.
Ao reunir vozes de usuários e trabalhadores da rede pública, Meu nome não é cracudo reforça um dos princípios centrais da luta antimanicomial: o direito de falar por si e existir em liberdade. Mais do que um registro sobre a saúde mental, o documentário se torna um instrumento de resistência — dentro e fora das telas — contra todas as formas de exclusão que ainda persistem.
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