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MAR homenageia Carolina Maria de Jesus com exposição sobre sua vida e obra

Traduzida em 15 países, escritora foi obrigada voltar a catar papel para sobreviver


Foto: Maria Beatriz Nonato


Por Maria Beatriz



Neste mês da consciência negra, a exibição que conta - através de pungente linha do tempo – a história de uma das figuras mais importantes da literatura brasileira, chega ao fim no MAR.



O espectador tem as últimas oportunidades de visitar, no mesmo dia e pagando apenas um ingresso, duas exposições de incontestável sucesso. Simultaneamente à frenética mostra Funk: um grito de ousadia e liberdade, a exposição Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para brasileiros promete arrebatar seus visitantes através da sua emocionante narrativa temporal e garante trazer outras nuances à figura de Carolina Maria de Jesus.



Foto: Maria Beatriz Nonato



A escritora e poetisa mineira nascida em 1914, filha de pais analfabetos, encontrou na escrita sua forma transparente e poética de contar a própria história. Movida pela morte precoce de sua mãe, Carolina Maria de Jesus foi induzida a migrar para a cidade de São Paulo, a fim de conseguir mais oportunidades de trabalho.



Mais precisamente na favela do Canindé, a escritora construiu sua própria residência utilizando qualquer material que pudesse encontrar enquanto trabalhava como catadora. Feita de lata, papel, madeira e papelão, a casa, no extinto Conjunto Canindé, abrigava a genialidade de Carolina e assim o fez até meados dos anos 60.



Sua principal obra, Quarto de despejo, é um livro autobiográfico que conta a história de vida da multiartista e traz o olhar para a realidade da pobreza no Brasil. A escritora, que tinha acesso aos livros de seu patrão – durante a época em que trabalhou como empregada doméstica – teve sua obra-prima publicada em 1960.



Foto: Maria Beatriz Nonato

Repercussão do livro Quarto de despejo: Diário de uma favelada



O livro, traduzido para cerca de 15 países, rendeu direitos autorais suficientes para que Carolina deixasse a Favela do Canindé, mas não muito além disso. A poetisa viveu até sua morte, em 1977, em um bairro precário do interior de São Paulo. Poucos anos depois do lançamento de seu best-seller a autora voltaria a catar papel, lata e madeira para se manter e prover os seus 3 filhos.



Ao contar a história de Carolina Maria de Jesus através de suas próprias palavras, a mostra evidencia a expertise da escritora em expor o Brasil que é realidade de grande parte da população. Os manuscritos da autora evidenciam sua personalidade e dão o tom dessa excursão à sua jornada artística. Ao tomar as rédeas da narrativa, a poetisa eterniza sua arte como forma de resistência negra e denuncia a ferida aberta das injustiças sociais como atravessamentos de sua história de vida.



Foto: Maria Beatriz Nonato

Manuscritos de Carolina Maria de Jesus



A exposição, que foi aberta ao público em junho deste ano, se encerra no dia 26 de novembro. Com curadoria do Instituto Moreira Salles, a exibição itinerante pode ser visitada pelo valor de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), de terça-feira a Domingo, de 11h às 18h (última entrada às 17h). Para mais informações, acesse aqui.


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