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Luz de Tieta inspira cientistas da Uerj na descoberta de nova espécie de dinossauro

Ao batizarem a Tietasaura, as pesquisadoras, fãs de Jorge Amado, apresentam a Bahia ao mundo. 


Por: Luciano Alves                         Redatora: Manoela Oliveira 


Foto: Kamila Bandeira

Representação da Tietasaura



Pesquisadores brasileiros, liderados por  Kamila Bandeira e Valéria Gallo, do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag) da Uerj, descobriram uma nova espécie de dinossauro que viveu na Bahia há 130 milhões de anos, denominada pelo grupo como Tietasaura. Bandeira explica que a descoberta é muito importante, não só por haver raros registros mundiais de espécies novas, principalmente para esse período, mas também pelas possibilidades de estudo deste animal, que pode fornecer dados de eventos que ocorreram no passado. Isso nos permite extrair lições que impeçam que novos desastres ou desequilíbrios ambientais voltem a acontecer, como os que geraram a pandemia de Covid-19. 


 Foto: Luciano Alves

Kamila Bandeira em seu laboratório de pesquisa


Bandeira explicou que esses materiais fósseis foram encontrados entre 1859 e 1906 por naturalistas britânicos e americanos, e levados para o Museu de História Natural de Londres, onde se encontram até hoje. A cientista teve a oportunidade de visitar o museu para realizar pesquisas ligadas ao seu mestrado e foi assim que descobriu que os materiais brasileiros estavam em Londres. “Reencontrar uma coleção é tão importante quanto escavar novas”, disse a pesquisadora.


Logo de início, Bandeira desconfiou que a coleção não conferia com a descrição que estava no museu. Ela tirou várias fotos do material com todas as vistas possíveis, para possibilitar a avaliação de características morfológicas. Em seguida, fez uma comparação anatômica dessas fotos com outros materiais que já tinham sido descritos na literatura. Essa comparação indicou que o material encontrado pertencia a um grupo chamado elasmário, que são herbívoros de pequeno porte. Porém, havia características únicas, apontando que poderia se tratar de uma espécie nova.


Para confirmar a novidade, Bandeira partiu para a segunda parte da pesquisa, a qual é chamada análise flogística. Nessa etapa da análise, foi feita uma comparação computacional do material que ela achou com uma matriz de dados compartilhada mundialmente. O computador gerou então uma árvore filogenética do material encontrado, mostrando as relações evolutivas do dinossauro e evidenciando que a Tietasaura se destacava como algo novo.


“A Tietasaura foi um bípede facultativo”, disse Bandeira. Ela era um animal que podia usar as duas ou as quatro patas, dependendo da situação, e viveu num período cretáceo do qual se tem poucas informações sobre outras espécies. O grupo de pesquisa teve a decisão de nomear a nova espécie encontrada. Isso foi feito através de registro em um banco on-line, no qual as pesquisadoras apresentaram evidências de que a descoberta era algo novo e informaram a revista onde a pesquisa foi publicada.


Bandeira disse que, por enquanto, só existem evidências que a Tietasaura viveu na Bahia, mas agora ela está aberta para apreciação do mundo. Ela acrescentou que ainda não há negociação para repatriação do material encontrado no museu em Londres, mas o ineditismo da descoberta abriu um caminho promissor para que cientistas da região ou de outros lugares realizem novos trabalhos de campo. De acordo com Bandeira, isso possibilita outros pesquisadores  acharem materiais mais completos e trazerem novas contribuições para a pesquisa e a humanidade.



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