Forasteiros da Uerj
- Comunica Uerj
- 21 de mai.
- 3 min de leitura
Conheça a história de três alunos da Faculdade de Comunicação Social que deixaram seus estados de origem para seguir em busca de seus objetivos
Fotos: Instagram/Acervo pessoal

Dos 29.118 alunos matriculados na Uerj, 1.783 possuem endereços fora do Estado do Rio de Janeiro. Eles representam uma parcela dos estudantes que deixaram suas casas e famílias em busca de novas oportunidades. O COMUNICA UERJ conversou com três desses universitários, que compartilharam detalhes de suas histórias de vida e trajetórias acadêmicas.
Mariana Martins, natural de Ponte Nova, em Minas Gerais, chegou ao Rio de Janeiro em fevereiro deste ano, na semana de início das aulas. A mineira cursa o 1º período de Jornalismo e contou que, desde o início do ensino médio, já tinha interesse na área da comunicação, mas inicialmente com foco no vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. No entanto, no 3º ano, ela percebeu que depender só do Enem era arriscado e começou a buscar outras opções. Ao conhecer o vestibular da Uerj por meio de um professor, decidiu prestar a prova. Aprovada também na UFMG, escolheu a Uerj por querer seguir carreira no jornalismo esportivo.
Mariana saiu do interior para viver sozinha em uma pensão universitária e, após quatro meses, segue se adaptando à nova rotina. Entre as principais dificuldades, ela destaca a saudade da família e a ausência de uma rede de apoio: “Aqui tive que começar tudo do zero. Eu não tinha nada, era literalmente só eu, reconstruindo meu ciclo social.” Entre os maiores choques culturais, Mariana aponta o sotaque carioca como o que mais lhe causou estranhamento.
Kaio Machado, do 3º período de Relações Públicas, veio de Divino de São Lourenço, a menor cidade em habitantes do Espírito Santo. O estudante, que buscava oportunidades melhores no Rio de Janeiro, passou também para a UFF, mas em outro curso. Ele optou pela estadual por conta do curso oferecido pela Faculdade de Comunicação Social (FCS), que já era de seu interesse: Kaio criou um portal de notícias sobre conteúdo audiovisual asiático LGBTQIAPN+, em 2020, e desde então se viu atuando na área da comunicação.
O capixaba, que cursou o ensino médio técnico em um colégio interno, já estava acostumado a ficar longe da família e da cidade natal. Apesar disso, e mesmo tendo visitado o Rio desde criança, contou que a adaptação não foi fácil. Ele veio morar com a madrinha e falou que, no começo, sentia-se retraído e receoso de sair devido à violência da cidade — ele acredita que essa é uma visão que muitas pessoas de fora têm do Rio. Após um ano e meio, já se sente muito mais à vontade, circula por toda a cidade e se considera quase um carioca, contando que não se vê mais morando no interior e que pretende ficar no Rio.
Ele pontuou o choque de realidade que sofreu ao vir morar na Mangueira, uma comunidade na Zona Norte da cidade: “A gente vê muita boca de fumo, tráfico, pessoas com armas para todo canto, pessoas sob uso de drogas, e que eu nunca vi antes na minha realidade do dia a dia.”
Tanmara Gomes, aluna do 5º período de Jornalismo, transferiu-se da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) para a Uerj. Natural de Campina Grande–PB, contou que estudar na universidade fluminense não estava nos seus planos. Durante férias no Rio com a família, a mãe decidiu permanecer na cidade — um desejo antigo, já que as irmãs de Tanmara moravam aqui e ela gostava do lugar. Para não ficar longe da família, a estudante trancou a faculdade e começou a buscar opções de universidades locais, até chegar à Uerj. Após reunir os documentos e realizar a prova de transferência — que contava com somente 5 vagas —, ela ingressou na Uerj.
Entre os principais choques, Tanmara destacou a sensação de não pertencimento e episódios de xenofobia: “Por mais que muitas pessoas saibam que moramos em um país vasto, não só em etnia, mas também em variedade linguística, elas não se tocam e acabam indo para o lado da xenofobia”, relatou. Hoje, ela diz lidar melhor com essas situações e defende o respeito às diferenças.
Atualmente, mora com a mãe e uma das irmãs no Rio e não pretende voltar para Campina Grande por acreditar que a cidade oferece mais oportunidades. Ainda assim, está aberta às mudanças e não descarta viver em outro estado, caso surjam novas possibilidades.
Comments