Flag football em LA28: menos contato, mais dinâmico e polêmica com NFL
- Comunica Uerj
- 5 de jun.
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Nova modalidade olímpica busca globalizar o futebol americano, mas decisão de liberar participação de estrelas da liga gera debate entre veteranos da modalidade
Por João Pedro Serafim
Foto: Pexels

Os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles, terão a estreia de cinco modalidades, entre elas o flag football. Inicialmente a ideia era que o futebol americano entrasse, mas seus elevados custos, sua quase inexistência na versão feminina e ser um esporte de grande contato físico tornaram inviável sua aceitação. Com a nova modalidade olímpica, uma adaptação mais simples e de menos contato, a NFL conseguiu que seu desejo fosse realizado, tornando o flag uma porta de entrada para globalizar o futebol americano. Apesar disso, ele tem enfrentado uma grande polêmica: a NFL anunciou que seus atletas poderão competir na modalidade durante os Jogos. Esta decisão foi recebida com resistência pelos jogadores veteranos da modalidade que acreditam que possam ser deixados de lado por estrelas que nunca fizeram nada para desenvolver e exportar o esporte.
Diferenças entre o flag football e o futebol americano
A primeira diferença notável é nas dimensões dos campos. Na NFL, o campo possui 100 jardas de comprimento (91,44m) e 53 jardas de largura (48,50m), e a partida tem 60 minutos de duração com quatro quartos de 15 minutos. No flag, o campo é mais curto, com 64 metros de comprimento e 27,43 metros de largura, e as partidas têm menor duração, durante 40 minutos com dois tempos de 20 minutos. Somado a isso, a quantidade de jogadores de cada lado também afeta significativamente o espetáculo, pois na modalidade olímpica, os jogos são disputados no formato 5x5, contra 11x11 do esporte tradicional. Logo, o espaço para movimentação e para trabalhar na defesa adversária é mais comum no flag football, o que é favorável ao espetáculo, tornando o jogo mais dinâmico e rápido, atraindo o público que não assistia ao futebol americano, com jogos longos com muitos intervalos.
Outra diferença fundamental entre as duas modalidades é o sistema de ataques. No futebol americano, o time tem quatro tentativas para avançar 10 jardas, ao alcançar essa meta, o time ganha mais quatro tentativas para avançar. Já no flag football, a equipe inicia o ataque na linha de cinco jardas do seu próprio campo e tem quatro posses de bola para cruzar a linha de meio campo. Se conseguir, ganha mais quatro tentativas para chegar à endzone adversária (zona de pontuação), e marcar um touchdown (uma espécie de gol).
Embora o objetivo principal em ambos os esportes seja o touchdown, que vale seis pontos, a conversão do ponto extra no flag football difere do futebol americano. No futebol americano, após o touchdown, o time pode optar por um chute entre as traves, valendo um ponto, ou tentar uma nova jogada a três jardas da endzone para marcar outro touchdown, que se for bem-sucedida soma dois pontos. Já no flag football, após o touchdown, a equipe tem duas opções de conversão: uma a partir da linha de três jardas, que, se executada com sucesso, adiciona um ponto; ou a partir da linha de dez jardas, valendo dois pontos extras.
A ação defensiva também é diferente. Em vez de tackles, nome dado à ação defensiva para impedir o progresso do adversário normalmente derrubando-o, a defesa no flag interrompe a jogada ao retirar uma fita (flag) da cintura do jogador adversário com a bola, reduzindo a intensidade física e a violência gerada pelas pancadas e aumentando a acessibilidade do esporte.
Polêmica com a NFL
A decisão da NFL de incluir seus atletas na disputa da modalidade nos Jogos Olímpicos LA28 foi motivada pelo desejo de globalizar o esporte. O futebol americano encontra fortes barreiras para sua popularização entre os outros países do globo, sendo muito complicado de jogar devido a seu forte contato físico, além de regras difíceis que afastam o público casual. Então, pela nova modalidade olímpica não precisar do uso de equipamentos de proteção como capacetes e ombreira, geralmente com regras simplificadas e sem tackles, tornando-o mais acessível e atraente para um público mais amplo é um esporte de bastante contato e violência, com grande número de atletas que sofrem concussões durante partidas. Apesar de a medida ter sido recebida com entusiasmo por estrelas e fãs da NFL, que poderão ver seus melhores jogadores representar seu país nos Jogos Olímpicos, o mesmo não se pode falar sobre os atletas veteranos do flag football que são resistentes sobre a presença dos jogadores da NFL no jogo.
O Quarterback Darrell “Housh” Doucette que liderou a seleção dos EUA em quatro campeonatos mundiais e se tornou um dos maiores embaixadores do esporte expressou sua preocupação com a presença desses atletas. “Sentimos que trabalhamos duro para levar o esporte aonde está, e então, quando os caras da NFL falaram sobre isso, foi como se estivéssemos sendo chutados de lado”, afirmou o jogador. Ele expressou seu receio de que a disputa por vagas com atletas da NFL possa ser injusta, por ameaçar a posição e presença de jogadores que efetivamente contribuíram para que o flag football chegasse no cenário olímpico.
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