Jovem teve documentos levados junto da mochila com escudo do Fluminense
Por Matheus Fernandes
No domingo, 3 de novembro, o Rio de Janeiro foi palco de violência envolvendo o primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o primeiro jogo da final da Copa do Brasil entre Flamengo e Atlético Mineiro, no Maracanã. A coincidência das datas e a proximidade de alguns locais de prova e do estádio geraram dificuldades para muitos candidatos, mas o caso do estudante Thierry Muniz, de 17 anos, chamou a atenção.
Thierry tentava chegar ao Cefet, um dos locais de aplicação do Enem, quando foi abordado por torcedores do Flamengo. O estudante teve sua mochila, que era do Fluminense, roubada. Nela, estavam os documentos que permitiriam a entrada do adolescente no local da prova.
Foto: Reprodução/TV Globo
O caso levanta o questionamento sobre a segurança e logística do Enem, especialmente quando as datas de eventos de grande porte, como finais de campeonatos de futebol, coincidem com as de aplicação do exame. Os estudantes tiveram dificuldades para chegar aos locais de prova devido ao grande número de torcedores que se dirigiam ao Maracanã. Além disso, o engarrafamento gerado pela movimentação das torcidas coincidiu com a entrada e saída dos alunos da prova, criando uma situação ainda mais conturbada.
Vale lembrar que, antes do acontecimento, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) havia solicitado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que reconsiderasse a data do jogo, dado o impacto que a final da Copa do Brasil poderia ter na aplicação da prova. No entanto, o pedido foi negado e o jogo ocorreu na tarde de domingo, no mesmo horário em que muitos alunos estavam fazendo o Enem.
A coincidência de eventos tão significativos no mesmo dia levanta questões sobre a adequação do calendário de datas do futebol brasileiro, visto que a CBF decidiu marcar a final da Copa do Brasil no dia do Enem, que já estava agendado há cerca de um ano.
Além do episódio envolvendo Thierry, o segundo dia de aplicação da prova, 10 de novembro, também coincide com o jogo de volta da final da Copa do Brasil, desta vez, em Belo Horizonte. O Ministério da Educação e o Inep ainda não se pronunciaram sobre medidas que possam ser adotadas para evitar que novos casos desse tipo aconteçam.
Foto: Marcello Casal Jr/ABr
Apesar do roubo, o jovem tentou participar do concurso apresentando cópia autenticada de seus documentos, mas foi impedido pelo fiscal de prova. O estudante ainda relatou que um segurança, ao tentar fechar o portão da instituição, machucou sua mão.
O episódio foi descrito pelo pai de Thierry como "um ano de planejamento jogado fora". A situação gerou grande frustração, especialmente pelo fato de que o estudante foi impedido de realizar o exame por um motivo alheio à sua vontade e à sua preparação.
Resta agora a Thierry solicitar a reaplicação da prova, etapa iniciada na segunda-feira, 11 de novembro. Para isso, o estudante precisará formalizar um recurso, que será analisado pela comissão responsável pela organização do Enem.
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