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Entre ônibus, trilhos e rimas: Como se move a periferia

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • há 1 dia
  • 2 min de leitura

A Mobilidade segue sendo uma das maiores barreiras para os jovens periféricos que sonham viver e produzir cultura.


Por Rayane Barreto


Reprodução: Rayane Barreto

Mural localizado no Viaduto de Madureira, onde semanalmente ocorre o Baile Charme
Mural localizado no Viaduto de Madureira, onde semanalmente ocorre o Baile Charme

Eu, que cresci na Baixada Fluminense, em Duque de Caxias, mais precisamente no Gramacho, precisei entender cedo que o trajeto até os principais polos culturais do estado é mais do que físico — é simbólico.


É sobre atravessar horas de transporte, engarrafamentos e passagens absurdamente caras em busca de algo que deveria ser um direito: o acesso à cultura. Enquanto alguns têm a cidade como quintal, outros precisam planejar, economizar e torcer para que o transporte funcione. E essa diferença impacta diretamente o direito à cultura. Não é que falta interesse — falta acesso. Falta estrutura. Falta a chance de ocupar os espaços culturais que se concentram, quase todos, no Centro ou Zona Sul


O acesso à arte não é só lazer, é formação, pertencimento, identidade. Quando o acesso é negado, os coletivos locais nascem. Surgem saraus, batalhas de rima, cineclubes, grupos de dança, rodas de poesia. Esses movimentos culturais em áreas de periferia não nascem por acaso. Eles surgem da urgência de se ver, de se ouvir e de ser reconhecido.


Um dos grandes exemplos disso é o Viaduto de Madureira, que diariamente é atravessado por trabalhadores, estudantes e artistas que fazem dali um ponto de encontro e expressão. Sob o asfalto, o som do trem se mistura ao batuque do samba, às rodas culturais e às batalhas de rima que ocupam o espaço com vida. É a prova de que, quando o acesso não chega, o povo transforma o que tem em palco.


Mesmo com todos os obstáculos, a periferia segue produzindo, inventando e ocupando. É essa gente — da Baixada, da Zona Norte, dos subúrbios — que faz pulsar a verdadeira cena cultural do Rio.


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