Como universitários têm reservado tempo, em meio à rotina acadêmica corrida, para não deixar leitura de lado
- Comunica Uerj
- 7 de out.
- 3 min de leitura
Por Luiza Lara
Reprodução: Luiza Lara

Mural do projeto Leia por aí, localizado no décimo andar da Uerj
É possível encontrar diversas iniciativas ligadas ao incentivo à leitura nos espaços da universidade. Cartazes de divulgação de clubes do livro, estantes no hall e nos centros acadêmicos, e uma delas, em especial, chamou a atenção desta colunista: o espaço Leia por aí, organizado pelo Laboratório de Estudos e Impactos da Alfabetização.
O mural do Leia é um ambiente aberto para recomendações de livros, críticas, resenhas e outras atividades literárias. O aviso anexado na cortiça deixa claro que “o foco é na literatura e não em livros acadêmicos”
As exigências da vida universitária impõem muitas vezes que gostos pessoais sejam deixados de lado por um tempo, sobretudo para pessoas que estudam em horário integral ou conciliam os estudos com jornada de trabalho. Assim, hábitos como a leitura podem acabar ficando em segundo plano, a fim de dar prioridade aos textos obrigatórios. No entanto, projetos coletivos podem impulsionar a busca pela recuperação desses hábitos.
Márcia Mota, professora do Instituto de Psicologia e coordenadora do Leia, explicou ao COMUNICA UERJ que a ideia de instalar o mural no corredor se deu pela observação de que os universitários têm tido dificuldades com vocabulários, interpretação e escrita, apesar da vontade de aprender e aprofundar os temas trabalhados nos textos. O projeto partiu do entendimento de que o contato com os livros é fundamental para o processo de aprendizagem, proporcionando conhecimento de mundo e ganho de repertório de forma lúdica.
“A gente tem que voltar a ter os nossos livros, eles são ricos de experiências e de aprendizado”, enfatizou a professora, que faz, através do projeto, um convite a quem passa pelo décimo andar para sair um pouco do mundo digital e ter um contato “analógico”. Enquanto algumas pessoas preferem compartilhar o gosto por livros apenas através dos bilhetes, outras têm encontrado na vontade de ler mais uma maneira de socializar e formar vínculos através da participação em clubes do livro. Há quem se junte a clubes abertos ao público em busca de conhecer pessoas novas, e há quem se una aos colegas de turma, estreitando laços, como é o caso do aluno de jornalismo Renan Mariath.
O grupo de leitura que Renan mantém com sete amigas surgiu por acaso durante uma conversa nos corredores da universidade, propondo que seja lido um livro por mês, com encontros para discutir e opinar acerca das tramas, sendo ainda um momento para lanches e confraternizações.
“Esse foi o ano que eu mais li na minha vida! Sou muito grato ao clube do livro, que torna a leitura mais viva e divertida, até porque o prazer de ler é algo que se constrói”, afirmou o estudante ao COMUNICA, destacando ainda a importância dessa interação para o fortalecimento de suas amizades e formação de um sistema de suporte dentro da Uerj, onde passa a maior parte dos seus dias.
Para esta colunista, que faz parte do clube do livro, a reunião de diferentes gostos e preferências por gêneros ou escritores em um único grupo, também possibilita o desafio de sair da zona de conforto e arriscar leituras que, normalmente, não faria. Em meio a dias cansativos e à falta de tempo, os universitários têm tido, assim, refúgio e descanso nos diferentes mundos para os quais os livros podem transportar-nos.
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