Entre escolhas: que caminho seguir quando não se sabe o que realmente se procura?
- Comunica Uerj
- há 1 dia
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Do sonho inicial à descoberta de novos caminhos
Por: Geovana Costa
Reprodução: pexels

Aos 17 anos, muitos jovens se deparam com uma das decisões mais importantes da vida: qual curso escolher? Nesse momento, surgem as dúvidas sobre qual faculdade seguir, as pressões dos vestibulares e as expectativas em torno do “curso dos sonhos”. Mas, e quando, depois de tanta dedicação, o estudante percebe que aquela escolha não era exatamente o que queria? O que fazer diante dessa incerteza?
É possível exigir que alguém, tão jovem, tenha certeza absoluta sobre o futuro? Mais do que uma escolha definitiva, a universidade pode ser um espaço de descobertas e mudanças de percurso. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, os alunos têm a possibilidade de se transferir de um curso para outro, seja por meio da transferência interna ou externa. Há também aqueles que preferem prestar novamente o vestibular, em busca de finalmente se encontrarem na área que desejam seguir.
No caso da transferência interna, o processo é exclusivo para quem já está matriculado na universidade. Segundo o Manual do Aluno, cada estudante tem direito a apenas uma solicitação ao longo da graduação. Para participar, é necessário já ter concluído ao menos 20% da carga horária do curso de origem, ter ingressado na universidade pelo vestibular e garantir que conseguirá finalizar a nova graduação dentro do tempo máximo previsto, considerando os períodos já cursados. Além desses critérios, a mudança depende da existência de vagas no curso desejado e da classificação do candidato no processo seletivo.
Já a transferência externa é voltada para alunos de outras instituições de ensino superior que desejam dar continuidade à graduação na UERJ. O candidato precisa estar regularmente matriculado em uma universidade reconhecida pelo Conselho Federal ou Estadual de Educação, no mesmo curso de duração plena oferecido pela instituição. Outro requisito é ter concluído pelo menos 20% da carga horária da graduação de origem, sem ultrapassar 70% do total de créditos exigidos pela universidade. A seleção, nesse caso, também depende da existência de vagas no curso pretendido e segue os critérios estabelecidos por cada unidade acadêmica.
Por isso, a recomendação é acompanhar os editais divulgados pela UERJ. Em abril deste ano, por exemplo, foi realizado o processo para as transferências internas referentes aos semestres 2025/2 e 2026/1. Já em setembro, a universidade abriu cerca de 770 vagas para transferência externa em cursos de graduação presenciais no Rio de Janeiro, Petrópolis, São Gonçalo, Nova Friburgo, Resende e Duque de Caxias, além da modalidade de Educação à Distância (EAD), com polos em Belford Roxo, Magé, Paracambi e Petrópolis.
Histórias de mudança
O COMUNICA ouviu estudantes que trocaram de curso e escolheram a Universidade do Estado do Rio de Janeiro e a Comunicação, seja por transferência ou pelo vestibular tradicional.
Uma delas é Camily França, aluna do 3º período de Jornalismo. Antes da UERJ, cursou Estudos de Mídia na UFF, mas a distância até Niterói e a mudança das aulas para o turno da noite a partir do 3º período pesaram em sua decisão de mudar. A estudante já se interessava pela instituição devido às políticas de bolsas e inclusão do instituto. Optou pelo Jornalismo por ser uma área dentro da Comunicação, alinhada ao seu interesse na área editorial. Camily ingressou na universidade pelo vestibular tradicional, após três tentativas. E deixa um recado para quem pensa em mudar de curso: “Nunca fique com medo de mudar de curso. Não está feliz? Troca. Não se prenda a algo que não te satisfaz.”
Além de Camily, Carlos Roberto Alves, também no 3º período de Jornalismo, passou por trocas até encontrar o curso ideal. Ele iniciou a carreira acadêmica em Letras na UFRJ, motivado pelo gosto pela escrita. No entanto, ao começar a graduação, percebeu que a formação era voltada principalmente para a docência, e naquele momento esse não era seu objetivo. Carlos queria seguir uma carreira voltada para pesquisa e produção de materiais didáticos, especialmente livros infantis.
“No começo, tentei a mudança de curso dentro da própria UFRJ, pegando algumas disciplinas em outro campus. Mas com a pandemia, o processo ficou ainda mais difícil e as vagas remanescentes praticamente não existiam. A secretaria recomendou que eu tentasse vestibular ou Enem. Minha ideia inicial era prestar o Enem, mas nesse período descobri a UERJ e achei a universidade interessante, principalmente pela localização e estrutura”, relata.
Carlos conta que o ano em que decidiu prestar vestibular foi um dos mais desafiadores da sua vida, conciliando muito trabalho com os estudos. Ainda assim, persistiu até conquistar a vaga em Jornalismo. Hoje, aconselha quem ainda está em dúvida sobre o curso a respeitar o próprio tempo: “É importante ter paciência e filtrar conselhos, absorver apenas os que ajudam, e não os que só colocam pressão. Essa é uma decisão que exige calma, resiliência e autoconhecimento. A vida acadêmica é construída degrau por degrau e, às vezes, temos a necessidade de mudar. Então, mude. A vida é feita de ciclos e não faz sentido ficar preso a algo que não te satisfaz”, conclui o estudante.
Essas histórias mostram que a escolha do curso superior nem sempre é definitiva, e nem precisa ser. Ter dúvidas faz parte, e a universidade não é apenas um ponto de chegada, mas também um espaço de construção de caminhos. Recomeçar e se redescobrir faz parte do processo.
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