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Entre amor e ódio: artista do Chapadão transforma dor e afeto em arte

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • 23 de set.
  • 2 min de leitura

Exposição gratuita de Jota reúne 25 obras que tensionam a violência e celebram a potência criativa da periferia carioca


Por: Laiza Villaça



Foto: Reprodução

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Em uma cidade marcada por contrastes, o jovem artista Jota, nascido e criado no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio, propõe um mergulho sensível e contundente na vida da favela com a exposição Amor Ódio. A mostra apresenta 25 obras que exploram a convivência forçada entre emoções tidas como antagônicas.


Em meio à agenda cultural de setembro, marcada por estreias em museus e galerias do centro da cidade, Amor Ódio se destaca, não apenas pela estética, mas pela urgência. A proposta de Jota é clara: investigar se amor e ódio são realmente opostos – ou se coexistem como parte do mesmo cotidiano periférico.

“Não separar o que a vida insiste em manter junto: amor e ódio, dois rios que correm no mesmo leito, duas chamas que iluminam e queimam ao mesmo tempo”, escreve o jornalista e roteirista Dodô Azevedo, no texto curatorial da mostra disponível na exposição.


Pluralidade de vivências


Em uma das obras mais impactantes, um helicóptero sobrevoa o céu do Complexo do Chapadão. Dentro da sala de aula, crianças negras se deitam no chão em busca de proteção. A pintura tensiona o espaço de formação com o da violência, mostrando como até o ambiente escolar – lugar de esperança – é atravessado pelo medo. O artista lança uma crítica à violência que cerca os corpos negros desde cedo, ao mesmo tempo em que traz a reflexão sobre o conhecimento como uma ferramenta de resistência.


Mas Jota não para na denúncia. Ele também se debruça sobre encontros e afetos – outras formas de resistir das periferias. Em outro quadro, um baile de favela ganha protagonismo: sob tendas coloridas, jovens vestem seus códigos autônomos de moda e assistem a um motoqueiro empinando sua moto. A cena celebra a ocupação das ruas, as tendências estéticas próprias e o orgulho do pertencimento.


Não há pureza


A exposição evita qualquer idealização. Ao contrário: constrói uma narrativa potente sobre a dualidade da vida, onde os extremos se tocam o tempo todo. Jota revela um cotidiano feito de perdas e celebrações, de luta e afeto, onde o amor e o ódio não se anulam – se complementam.


Amor Ódio segue em exposição no MT Projetos de Arte, no Centro do Rio, até 14 de outubro. A entrada é gratuita e a mostra pode ser visitada de terça a sábado, das 11h às 18h.



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