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Da pista ao feed: elitização e popularização das corridas

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • 23 de set.
  • 2 min de leitura

O asfalto virou palco de saúde, superação e lifestyle. Mas as corridas de rua também levantam questionamentos: de um lado, a democratização do esporte; do outro, os altos custos que afastam muita gente. Afinal, correr ainda é para todos?


Por: Ana Luiza Pereira


Reprodução: Pixabay

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Nos últimos anos, a corrida de rua saiu do nicho esportivo e virou um verdadeiro estilo de vida, especialmente da juventude urbana que busca saúde, desafio e, claro, bons registros nas redes. Quem nunca viu aquele amigo que acorda de madrugada pronto para viver essa rotina, que para muitos, parece inalcançável? O esporte, que sempre foi uma das práticas mais acessíveis — afinal, basta colocar um tênis e sair correndo — hoje carrega também um ar de status e pertencimento.


As grandes provas, especialmente nas capitais, escancaram essa discrepância. De um lado, as marcas de tênis “ideais” com valores exorbitantes, relógios inteligentes e grupos uniformizados que transformam a atmosfera do asfalto. Do outro, basta dar uma olhada no bolso para perceber que o acesso não é tão simples. Para participar dessas corridas com medalhas estilizadas e todo aquele ritual coletivo, é preciso desembolsar um valor muito alto, que não está na realidade de muitos.



Reprodução: Carlos Roberto Alves

Atleta Eberson Bidin na Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro exibe sua medalha
Atleta Eberson Bidin na Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro exibe sua medalha

Esse choque entre elitismo e popularização está presente em diversos esportes. Correr deixou de ser só sobre performance, é também sobre pertencimento e estilo de vida. Esse cenário levanta a questão: estamos falando de um evento democrático que mistura esporte, saúde e curtição ou de mais um espaço marcado pela exclusão social?


Ainda assim, as corridas de rua resistem como um dos esportes mais democráticos. Dá para correr de graça no Aterro do Flamengo, na Quinta da Boa Vista ou até no entorno da Uerj. Não precisa de muito mais que um tênis e a própria vontade de correr. Talvez a febre da corrida esteja justamente nesse contraste: ela pode ser, tanto sobre a tendência das meias maratonas patrocinadas por grandes marcas, quanto sobre aquele grupo de amigos que combina de treinar junto, sem gastar nada, apenas sentindo a vibração uns dos outros.


Reprodução: Pixabay

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O desafio para os corredores é não deixar que a febre das provas e dos produtos de luxo apague o lado acessível da corrida. Mas, no fundo, todos estão ali pelo mesmo motivo: a sensação de liberdade, a superação pessoal e aquele prazer de cruzar a linha de chegada ou de bater seus objetivos. O resto — medalhas, tênis de última geração e fotos no feed — é só detalhe. A corrida de rua talvez seja o melhor retrato do esporte contemporâneo: um espaço em que consumo e inclusão se encontram, às vezes se chocam, mas, no fim, correm juntos.




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