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Conheça o Quilombo do Cuidar

Projeto de extensão combate ao racismo nos serviços de saúde


Foto: Acervo Quilombo do Cuidar

Por Nicoly Albuquerque



O projeto de extensão Quilombo Do Cuidar: Saúde, Racismo e Direitos é um projeto da Faculdade de Enfermagem da Uerj (FENF/Uerj) iniciado em fevereiro deste ano com o objetivo de informar e estimular a promoção da saúde da população negra. Com coordenação da doutora Roberta Geórgia, professora adjunta do departamento de enfermagem de saúde pública da FENF-Uerj, o projeto conta com um grupo composto por professores e alunos da faculdade. Segundo Roberta, a ideia de estruturar esse projeto surgiu durante a realização do I Seminário Interinstitucional de Saúde da População Negra e Enfermagem, ocorrido em novembro de 2022, no qual o corpo de balé infantil da Vila Olímpica da Mangueira foi convidado para uma apresentação e mães responsáveis pelas crianças demonstraram interesse pela temática de racismo e saúde.



O nome Quilombo do Cuidar faz ligação com os quilombos, que no Brasil Colônia e império foram espaços construídos como forma de rede de apoio entre negros escravizados que fugiam em busca de liberdade, se organizando em comunidades autônomas de resistência social e cultural. A palavra quilombo se origina de kilombo, termo do idioma dos povos Bantu, de Angola, e significa local de repouso e acampamento. É nesse contexto de manutenção da cultura afro-brasileira que o Quilombo do Cuidar traz para o debate os cuidados na atenção primária à saúde da população negra.



O Quilombo do Cuidar tem como principal objetivo construir uma relação de diálogo para uma troca de conhecimentos com os coletivos onde o Quilombo organiza atividades, por meio da produção de conteúdos e atividades que estimulem o cuidado à saúde da população negra, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2008, representava 67% do público total atendido pelo SUS. Essa troca é sempre baseada na questão da ancestralidade, cientificidade e no saber popular, para o fortalecimento de ações de prevenção, proteção e de promoção à saúde da população negra, além de sensibilizar profissionais da área para terem uma postura de combate ao racismo. Roberta Georgia considera que é preciso humanizar a assistência e principalmente empoderar essa população para a defesa dos seus direitos nos serviços de saúde.



Para a coordenadora do projeto, pensar em saúde da população negra não é apenas pensar em atendimento clínico, existindo outros aspectos que devem ser considerados. É nessa missão que o Quilombo do Cuidar realiza atividades em escolas, onde trabalham com a questão da autoestima de crianças e adolescentes, e também com a atenção a expressões racistas que precisam ser tiradas de circulação. Outra ação promovida pelo Quilombo do Cuidar são os xires, que são rodas feitas em unidades de atenção primária, como as clínicas da família, e lá são abordadas questões específicas de saúde da população negra através de aspectos clínicos e questões subjetivas. O projeto também organiza visitas ao Circuito Heróico da Herança Africana, na região Portuária do Rio, traçando um caminho através de um contexto histórico que muitas vezes não é contado nas escolas. O Quilombo do Cuidar vê importância em trazer sua temática central para dentro da academia, contexto onde muitas vezes a saúde da população negra não é debatida. O projeto difunde informações para essa população que necessita do Sistema Único de Saúde.



Foto: Acervo Quilombo do Cuidar



No último relatório feito pelo Quilombo do Cuidar, referente às atividades realizadas em 2023, 243 pessoas foram impactadas positivamente na comunidade uerjiana e 877 pessoas na comunidade externa. O projeto de extensão completará um ano em fevereiro de 2024 e a partir dessa data serão realizadas seleções semestrais para voluntários e bolsistas do projeto. Maiores informações sobre essa seleção serão divulgadas no Instagram [@quilombodocuidar].



Atualmente o projeto tem oito voluntários, todos alunos da faculdade de enfermagem mas, a partir do próximo ano, alunos de outros cursos poderão se aquilombar no projeto. Emanuelly Suzart Gomes é uma das voluntárias do projeto e relatou que participar do Quilombo do Cuidar é um momento de volta para sua ancestralidade e suas tradições, um lugar de conforto, de confiança, no qual ela se sente acolhida. É muito importante para ela, não só como profissional da área da saúde, mas também para sua trajetória pessoal. O projeto Quilombo do Cuidar segue reafirmando um de seus lemas, a frase de Conceição Evaristo: "Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não morrer".


foto: Acervo Quilombo do Cuidar


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