Ícone cruzmaltino recebeu a homenagem pela Prefeitura do Rio, com seu nome gravado na avenida, em frente à sede do Vasco.
No segundo domingo do ano (8), faleceu um dos maiores nomes da história do futebol brasileiro. Entre cirurgias e diversas sessões de quimioterapia, Roberto Dinamite nos deixou após uma dura batalha contra um câncer de intestino descoberto em 2021. O ídolo do clube da cruz de malta recebeu diversas homenagens em seu velório de jogadores, amigos, família, torcedores e influenciadores digitais declaradamente vascaínos.
Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
A Prefeitura do Rio de Janeiro concedeu um tributo para Roberto e inaugurou a avenida em que se localiza o estádio São Januário. A ideia partiu de torcedores do Vasco para renomear a Rua General Almério de Moura. Eduardo Paes, prefeito do Rio e também vascaíno, acolheu o pedido e rebatizou o lugar de “Avenida Roberto Dinamite”, como forma de eternizar o lendário atacante. Antes, o atual prefeito já homenageara Pelé, falecido no final de 2022, , cujo apelido batiza a avenida em frente ao Maracanã, nomeada Avenida Rei Pelé.
Nascido em 13 de abril de 1954, Carlos Roberto de Oliveira foi o atleta que mais deu graças à torcida do Vasco. Criado em Duque de Caxias (RJ), a trajetória no Gigante da Colina começou em 1964, quando iniciou nas categorias de base do clube e sete anos depois integrou-se ao elenco profissional, fazendo sua estreia contra o Bahia.
O apelido Dinamite foi dado pelo Jornal do Sports com a manchete “Garoto-dinamite explodiu”, depois do jogo contra o Internacional no Maracanã em 25 de novembro de 1971, quando marcou seu primeiro gol, brilhando a estrela do menino de 17 anos. E foi assim que, em 20 anos dedicados ao cruzmaltino, Dinamite fez 708 gols em 1.110 jogos, desse modo, tornou-se o maior ídolo e artilheiro da história do clube.
No Vasco, ele conquistou um Campeonato Brasileiro (1974) e até o momento é o maior artilheiro da história da competição com 190 gols. Além disso, o ídolo venceu cinco Campeonatos Cariocas (1977, 1982, 1987, 1990 e 1992), do qual também possui a maior artilharia com 279 gols. Já pela seleção brasileira, participou de duas Copas do Mundo, em 1978 e 1982, sendo artilheiro do Brasil em 1978.
Com os feitos como atleta do clube vascaíno, a história de amor entre Dinamite e o Clube de Regatas só foi aumentando com o passar dos anos e, assim, os olhos europeus se encantaram com o jogador. No ano de 1980 foi transferido para o Barcelona, em que teve uma breve passagem pelos gramados do Camp Nou. Entretanto, três meses depois da estreia pelo clube catalão, voltou ao Brasil para o clube de São Januário.
Em 24 de março de 1993, o “garoto dinamite” pendurou as chuteiras em um amistoso realizado no Maraca entre Vasco e Deportivo La Coruña, no qual a equipe espanhola venceu por 2 x 0. Este episódio é marcante não só para os vascaínos como o fim de uma era, mas também para os flamenguistas que viram pela primeira vez o seu maior ídolo, Zico, vestir a camisa do rival.
Fora das quatro linhas, Roberto Dinamite teceu também uma carreira política após a aposentadoria no futebol. Porém, a trajetória como gestor começou com ele ainda como jogador, pois em 1992 foi candidato a vereador pelo PSDB e foi eleito para ser um dos representantes do povo na Assembleia Legislativa. Dois anos depois, agora oficialmente aposentado, se candidatou para deputado estadual pelo PMDB (atual MDB) e obteve 68 mil votos. Conseguiu o cargo almejado e representou o estado em 1994, e ao fim dele se reelegeu em 1998, 2002, 2006 e 2010.
Nesse período de 16 anos como deputado, ocupou a presidência da Comissão de Esportes e Lazer da Alerj em 2004, e foi membro da Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional, defesa do Consumidor, Economia, Energia, Minas e Comércio.
Além da vida de deputado, Dinamite foi presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama em 2008, eleito pelos torcedores do time. Na posse presidencial, Roberto chegou a convidar Lula (presidente do Brasil na época e torcedor do time), mas o petista não pôde comparecer por compromissos da agenda, deixando, porém, uma mensagem de celebração ao ex-jogador pela eleição.
Como dirigente, a trajetória do ídolo foi conturbada, fase da qual os vascaínos têm muitas lembranças ruins, pois nela acumulou dois rebaixamentos (2008 e 2013) e grandes crises financeiras. Entretanto, a última conquista de grande porte do Vasco foi em seu mandato, a Copa do Brasil de 2011, ano muito lembrado pelos torcedores, haja vista não só do título nacional, mas também pelo vice-campeonato no Brasileirão do mesmo ano.
Fora as tristezas das quedas para a segunda divisão, o romance vivido entre o Garoto Dinamite e o Vasco foi marcante, tão memorável que em 2022 o ex-jogador recebeu uma estátua dentro de São Januário e, assim, a instituição histórica presenteou o ícone como forma de agradecimento, também colocando-o no cânone dos atletas brasileiros.
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