Caio Bonfim e os ídolos que representam um esporte
- Comunica Uerj
- 30 de set.
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Você já parou para pensar quantas modalidades esportivas eram desconhecidas e desvalorizadas até que um atleta mudou tudo?
Por: Isabella Topfer
Reprodução: Agência Brasil - EBC

Caio Bonfim, atleta brasileiro, após ganhar a medalha de ouro no Mundial de 20km da marcha atlética
Caio Bonfim orgulhou o Brasil no ano passado, quando conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Paris na prova dos 20km da marcha atlética masculina. Em setembro de 2025, o atleta conquistou a prata nos 40km e o ouro nos 20km na disputa do Mundial de Marcha Atlética. A conquista chegou a colocar seu nome nos assuntos mais comentados da rede social X (antigo Twitter), no dia 20 de setembro, com milhares de brasileiros comentando sobre Caio e a marcha atlética. Dessa forma, o desempenho de um único atleta faz com que as pessoas se interessem em aprender mais. Assim, passam a acompanhar um esporte que antes era desvalorizado e desconhecido por muitos.
Essa popularização do esporte causada pelo desempenho de um atleta não é novidade. Em diversos momentos da história, brasileiros se apaixonaram por uma modalidade devido a um ídolo que representou toda a categoria. Em 2003, Daiane dos Santos foi a primeira brasileira campeã mundial de ginástica artística, e fez com que o povo brasileiro acompanhasse mais competições da modalidade e associasse a música Brasileirinho, utilizada por ela no solo, à ginástica nacional. Já na década de 2020, Rebecca Andrade conquistou medalhas inéditas na mesma categoria, tornando-se uma das melhores ginastas do mundo e um símbolo do esporte no Brasil; Recentemente, Hugo Calderano encantou as Américas, tornando-se o primeiro mesatenista do continente a chegar a uma semifinal olímpica, em 2024, e a vencer a Copa do Mundo de Tênis de Mesa, em 2025, fazendo com que milhares de brasileiros passassem a acompanhar seus jogos e valorizar o tênis de mesa.
O COMUNICA conversou com alguns alunos da Uerj para saber quais ídolos fizeram com que eles se apaixonassem por um esporte. Nathan Machado e Ray Costa, alunos do 3º período de relações públicas, contaram suas experiências: Nathan disse que quando praticava natação tinha como referência César Cielo, primeiro nadador brasileiro a ser campeão olímpico, que sempre era citado para impulsionar os outros atletas; Ray, que é jogador de vôlei, contou que Jaqueline Carvalho, bicampeã olímpica de vôlei pela seleção brasileira, fez com que ele se apaixonasse pela modalidade e decidisse praticá-la. Karen Gabriela, caloura de física, é apaixonada por corrida e se inspira muito em Kathrine Switzer, ex-maratonista e primeira mulher a disputar a Maratona de Boston, e Genzebe Dibaba, corredora de meia-distância campeã mundial. Todos esses exemplos demonstram a importância de ídolos que se tornam símbolos e inspirações para jovens atletas e torcedores.
Há oito anos, quando ainda não era tão conhecido pelo público geral, Caio Bonfim desabafou: "Diziam para eu me comportar como um homem, não para rebolar que nem uma mulher. Tem muita ignorância, as pessoas não sabem como funciona a marcha atlética." Retornando a 2025, observamos a popularidade de Caio e o valor que o povo brasileiro dá às suas conquistas, o que representa uma vitória na batalha contra o preconceito e na busca pela valorização do esporte. Mas essa vitória só chega com muito custo para as modalidades menos populares, visto que o discurso de que “o brasileiro não gosta de torcer, gosta de vencer” mostra-se muito real. Alguns atletas só passam a ser valorizados depois de um título ou medalha e, caso não mantenham um desempenho impecável, passam a ser criticados e, até mesmo, esquecidos. Por isso, é importante lembrarmos que em um país que investe tão pouco no esporte, os atletas merecem mais respeito e paciência dos torcedores. Será que o Brasil realmente está carente de ídolos? Ou será que desvalorizamos muitos deles e não enxergamos a importância de diversas modalidades?
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