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Foto do escritorEduardo Souza

Burocracia excessiva dificulta vida dos uerjianos

Erros e inúmeras exigências são grandes obstáculos à vida acadêmica dos estudantes

Em apenas cinco dias, ele teve de providenciar cerca de 30 documentos para poder comprovar que tinha direito à ingressar pelo sistema de cotas. Numa sociedade marcada ambiguidade entre o mundo oficial e a informalidade do dia a dia, o mais difícil foi comprovar que sua família vivia de aluguel, já que o acordo com o proprietário prescindia de um contrato. Esse foi o cartão de visita da burocracia que marcou o ingresso de Lorran Rosa, aluno de Jornalismo na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).


De acordo com o edital do vestibular da Uerj de 2021, o candidato à cota precisa apresentar um comprovante de residência para cada pessoa de seu grupo familiar, incluindo os menores de idade. Não bastava um para toda a família, cada membro deveria apresentar um documento diferente. Outra exigência da universidade foi a comprovação da situação domiciliar. Rosa e sua família moravam de aluguel e o acordo com o proprietário era informal. Por isso, o estudante precisou confeccionar o contrato de aluguel, que teve de ser reconhecido em cartório, além dos recibos dos últimos três meses de pagamento, conforme estipulou o edital.


Documentação extensa

Rosa destacou a dificuldade em cumprir todas as exigências, apesar de reconhecer a importância do processo: “eram documentos que a comprovação de cota pede, então tive que correr atrás dessas coisas, em um tempo que é relativamente aceitável, mas que quando você depende dos outros para algo, se torna curto."


O estudante frisou ainda que a dificuldade de conseguir a documentação pode aumentar de acordo com a realidade de cada pessoa — supondo que não haja fraude, o que é algo recorrente —, que pode inviabilizar a disponibilidade de ter todos os documentos em mãos. Segundo ele, é compreensível a importância de cada pedido para que a bolsa seja assegurada, mas a burocracia é grande. O edital do vestibular de 2021 estipulou em cinco dias o prazo para a entrega de toda a documentação.


Rosa revelou também sua preocupação com a possibilidade de não conseguir todos os documentos a tempo. “Me apeguei ao fato de poder mandar declarações e de que a Uerj nos permitia recorrer [caso houvesse indeferimento]. Meu maior medo mesmo era de não conseguir [a aprovação] depois de recorrer, porque aí não tinha mais o que fazer. Felizmente, consegui”.


Falhas no sistema

Outra estudante, que pediu para não ser identificada, também sofreu com a burocracia da universidade. Devido a um erro do Aluno Online, ela não recebeu a Bolsa Permanência e o Auxílio Alimentação referentes a novembro de 2022. A aluna se inscreveu na disciplina de confecção do TCC e, por um erro interno da plataforma, a monografia não entrou na fase “em preparo” automaticamente, como deveria ocorrer, e ela acabou sendo reprovada por faltas.


Após descobrir o problema, no final de outubro, ela procurou a secretaria do seu curso, que alegou que só poderia resolver quando o sistema abrisse novamente. Porém, a abertura só ocorreu após o fechamento da folha de pagamentos, que é administrada pelo Programa de Iniciação Acadêmica (Proiniciar) e pelo Departamento de Articulação, Iniciação Acadêmica e de Assistência e Inclusão Estudantil (DAIAIE), acarretando no não recebimento das bolsas.


Junto com outros estudantes prejudicados, ela foi ao Proiniciar, que afirmou que não poderia ajudar devido ao fechamento da folha. Eles foram orientados a aguardar o processamento dos pagamentos de dezembro e que receberiam retroativamente a Bolsa Permanência, mas não os outros benefícios, como a Bolsa Apoio à Vulnerabilidade Social (BAVS). Porém, até o encerramento desta matéria, o ressarcimento ainda não havia sido confirmado.

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