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Ayoré: afeto, luta e pertencimento negro na universidade

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

Coletivo negro pauta rede de apoio e antirracismo na FCS da Uerj


Por: Sara Pimentel



Foto: Yuri Henrique/Reprodução

Logo do coletivo negro Àyoré
Logo do coletivo negro Àyoré

Criado em 2019, o coletivo Àyoré surgiu para fortalecer a presença e a integração de alunos pretos da Faculdade de Comunicação Social da Uerj. Do iorubá, àyoré significa “debate”, palavra que dialoga com um dos princípios do coletivo: a comunicação horizontal. Além do debate, o grupo se orienta por valores como independência política, rede de apoio, transparência, afetividade e promoção de uma universidade antirracista.


O coletivo conta com cerca de 100 membros, que por meio de Grupos de Trabalho (GTs) — divididos em comunicação, letramento racial, acolhimento, eventos e finanças — são responsáveis por planejar atividades e conduzir a atuação do grupo dentro e fora da universidade.



Foto: Yuri Henrique/Reprodução

Membros do coletivo negro Ayoré durante reunião de pautas.
Membros do coletivo negro Ayoré durante reunião de pautas.


Após um período de hiato, o Àyoré tem se reestruturado com reuniões e a chegada de novos integrantes. Para o semestre 2025.2, a organização planeja uma programação que fornecerá rodas de leituras, exibição de filmes, música, visitas a exposições, promoção de eventos e palestras com temáticas focadas na negritude.


Em entrevista ao COMUNICA UERJ, Yuri Henrique, estudante de Relações Públicas e um dos fundadores da organização, contou que a ideia do coletivo surgiu de uma vontade em comum dele e dos demais colegas negros, movida pela necessidade de compartilhar vivências e formar uma rede de apoio. Sobre esse processo de descoberta e afirmação da identidade negra, ele afirmou:


“Na maioria das vezes, a gente não nasce sabendo que a gente é preto. A gente tem um choque na vida, um momento marcante que é determinante para a gente entender o que realmente é ser preto. Não de forma subjetiva, você é preto, você é marronzinho, não é isso. O racismo, ele te impacta para te acordar, para você entender que você realmente é negro.”


Quando questionado sobre a afetividade como princípio do coletivo, Yuri citou a luta contra a banalização da violência contra corpos negros e que esse foi o caminho de localizar a existência negra no mundo: “E é aí que mora a importância da afetividade como valor fundamental do coletivo. Ele nasce num propósito de entender e ser uma escuta para o outro também, de saber sua própria identidade para direcionar seu adulto e seu movimento. É que você consegue aquilombar outros pretos. É a partir disso, é a partir do seu entendimento com a sua história, com a sua ancestralidade, que você consegue definir para onde você vai.”


Maria Eduarda Rocha, aluna da FCS/Uerj, coordenadora do GT de comunicação do Àyoré, defende que, apesar de ser uma universidade conhecida pelos seus valores, o racismo ainda é algo comum na Uerj, seja de maneira velada ou explícita. Para ela, discutir racismo com responsabilidade, empatia e escuta ativa gera o sentimento de pertencimento e coletividade, sendo fundamental para o fortalecimento mútuo entre os estudantes negros.


Ela também ressaltou a importância do Àyoré na sua experiência pessoal universitária: “Durante boa parte da minha vida, fui uma pessoa de classe média, vinda de espaços embranquecidos, mesmo moradora de periferia. De uma maneira muito contraditória, foi justamente na Uerj que eu me deparei com as situações mais sensíveis de racismo. Então, espaços como esse para mim são muito importantes, não só de maneira coletiva, mas, pessoalmente, o Àyoré toca num lugar muito sensível para mim.”



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