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Avanços e Desafios de PCDs na UERJ

Atualizado: 4 de abr.

Pauta é uma das prioridades da nova reitoria, e conta com importante influência de ex-aluna


Por Nuno Melo Redatora: Beatriz Araújo


A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foi a primeira instituição do país a implantar um sistema de cotas em processos seletivos de ingresso nos cursos de graduação, em 2003. Mas, ainda enfrenta desafios significativos na infraestrutura para estudantes com deficiência. A ausência de recursos específicos, como mesas adaptadas, impacta negativamente a experiência acadêmica, prejudicando o aprendizado e a vivência de alunos que buscam superar essas barreiras. Foi o caso de Ana Cândida Fernandes Silva, PCD e então estudante de jornalismo, que faleceu no último dia 19 de fevereiro, e que deixou como legado sua luta pela causa da acessibilidade.


Era costume esbarrar com Ana Cândida pelos corredores da Uerj. Sempre disposta, a estudante comparecia às aulas e aos laboratórios com uma invejável energia de repórter. Ela fez matérias sobre segurança pública, violência contra a mulher, cultura e acessibilidade. Ana, de 21 anos, tinha limitações de movimento das pernas, braços e tronco, e usava cadeira de rodas para se locomover pela cidade e pelo campus. Sua presença na universidade evidenciou o despreparo da instituição na garantia de permanência e liberdade dos estudantes com deficiência física-motora e, ao mesmo tempo, lhe ofereceu novas oportunidades ao lutar por avanços.


A estudante era habituada a enfrentar problemas de acesso e transitabilidade dentro e fora dos muros da universidade. Desde sua chegada, Ana e outros alunos da Faculdade de Comunicação Social (FCS) não dispunham de mesas adaptadas às cadeiras de rodas e, ainda, com as portas das salas de aula fechadas - e não entreabertas -, muitos deles foram vítimas de uma estrutura capacitista da universidade, o que influenciava diretamente o desempenho acadêmico. Sensibilizados com a luta da colega, os estudantes de comunicação reuniram essas demandas para a diretora da FCS, Patrícia Miranda, que reconheceu o entrave: “Eu e Edilson Marinho, servidor da secretaria, nos entreolhamos, na terrível certeza de que, como em toda a Uerj, a FCS não estava preparada para receber pessoas com deficiência, muito embora nos orgulhássemos de ser uma universidade inclusiva”, declarou a diretora.


O assunto, desde então, tem sido constante nas discussões sobre melhorias no ambiente universitário e inclusão desta parte do corpo estudantil. Em 2023, o projeto “Rompendo Barreiras”, que se empenha em garantir assistência física e digital a esses estudantes, passou por uma reestruturação e conta agora com novas ferramentas, como espaço multimídia e manual pedagógico auxiliar para professores, buscando tornar a experiência do estudo adequada às especificidades dos aluno. Valéria de Oliveira, pedagoga e coordenadora-geral do projeto, conta que, quando assumiu o cargo, em 2013, não havia muito planejamento de atuação e a execução de ideias era bastante restrita. A reformulação da iniciativa é acompanhada pela gestão da nova reitoria da Uerj, empossada em janeiro deste ano, que reconhece atrasos no tema. “Precisamos avançar nas medidas de acessibilidade e inclusão”, reforçou a reitora Gulnar Azevedo e Silva em seu discurso de posse.


                                                      (Foto: Nuno Melo)



(Legado: mesa escolar adaptada fora solicitada e conquistada pela estudante)


Lorrane Mendonça, também estudante de jornalismo e amiga de Ana, relembra a vida e a luta da eterna colega de turma: “Ana foi uma das pessoas mais empenhadas e corajosas que já conheci. Enfrentou muitas dificuldades e, às vezes, sentia vergonha de pedir para alguém ajudá-la (com a mesa, por exemplo) e acabava assistindo às aulas sem fazer anotações”. E segue: “Como diz o ditado, ‘uma andorinha não faz verão’, por isso brigamos muito para que pudéssemos ser ouvidas.”


Ana Cândida morreu no dia 19 de janeiro, após uma cirurgia na coluna. Ela deixa um legado que se propaga nas vozes de estudantes com deficiência no campus, alimentando a busca por uma universidade plenamente inclusiva e disposta a oferecer políticas internas de acessibilidade. “Tenho certeza de que ela impactou muitas pessoas, sua luta não terá sido em vão”, conclui Lorrane.


( Foto: redes sociais)


  (Referência: Ana Cândida será lembrada pela persistência em defender seus direitos)


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