Arte à Esquina: o que você não vê ao passar pelo campus Maracanã da Uerj
- Comunica Uerj
- 2 de set.
- 3 min de leitura
Por: Beatriz Barbiere
Reprodução: Pablo Rocha

Quem entra pelo portão 1 da Uerj, no campus Maracanã, talvez não perceba que está atravessando um território artístico. Antes mesmo de entrar no prédio, à esquerda, uma trama feita de redes suspensas se mistura ao vento, criando uma teia que envolve o espaço. Mais adiante, no caminho em direção ao restaurante universitário, à direita, outro ponto nos convida a parar e contemplar: um espaço pequeno, quase escondido, onde cores e formas parecem guardar silêncios e memórias.
Essas obras têm nome e autoria. A primeira é Saragaço, instalação site specific (termo referente a obras de arte que fazem sentido apenas quando construídas em lugares e contextos específicos) do artista Fernando Codeço, parte da série Pesca Fantasma, que reaproveita redes de pesca descartadas para refletir sobre os danos que elas causam à vida marinha — aqui, deslocadas para capturar não seres vivos, mas o olhar de quem passa. Já o espaço à direita é a Galeria Quase Cubo, que abriga a exposição Os Vermelhos e os Rosados, de Cristina Salgado. A mostra reúne trabalhos de 2009 e da série Eus, iniciada em 2020, aproximando tempos distintos para refletir sobre corpo, interioridade e forças invisíveis que movem a vida humana.
Essas intervenções fazem parte das ações do Departamento Cultural da Uerj (Decult), que busca ampliar e democratizar o acesso à arte e à cultura dentro da universidade. Por meio da criação e ocupação de novos espaços nos diversos campi, o Decult fomenta uma vivência cultural mais inclusiva e dinâmica, valorizando expressões artísticas diversas e permitindo que a arte esteja presente no cotidiano da comunidade acadêmica.
Entre as instalações permanentes no campus, destacam-se Negra, de Angelo Venosa, e o famoso Pêndulo de Foucault. Negra é uma escultura que, após passar por um processo de restauração, foi inaugurada em maio de 2025. Já o Pêndulo de Foucault, criado em 1851 pelo cientista francês Léon Foucault, simula a rotação da Terra em relação ao seu próprio eixo. No coração do bloco F da universidade, o pêndulo se movimenta sobre um círculo de lápis no chão; seu vai e vem faz com que eles caiam, criando um desenho em constante transformação que pode ser observado de todos os andares do prédio.
Além dessas, há outras intervenções artísticas espalhadas pelo campus, como as séries Shelters - Abrigos e Sob Tensão, que fazem parte do conjunto de ações do Decult. Essas presenças artísticas, muitas vezes invisíveis na pressa cotidiana, formam um mosaico de sentidos. Cada obra abre brechas para que se enxergue o campus, não apenas como lugar de estudo e trabalho, mas também como território de criação, diálogo e transformação.
Da próxima vez que caminhar pelo campus Maracanã da Uerj, reserve um tempo para olhar ao redor e descobrir essas obras. Cada instalação, cada intervenção, é um convite a pensar, sentir e se surpreender no cotidiano universitário. Estar em espaços públicos, de fácil acesso e gratuitos, faz com que a arte cumpra sua função social: transformar, provocar diálogo e democratizar experiências estéticas. Explorar o campus é também participar desse encontro com a cultura, no qual cada passo pode revelar um olhar novo sobre o mundo e sobre nós mesmos.
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