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Arte alimenta você

Foto: Flickr/Carla Palmeira


Por Gabriel Amaro


Sabe aquele hábito que a gente tem desde a infância e que não muda nunca? Pois é, o meu é ouvir música no ônibus. Desde pequeno, eu ia para a escola ouvindo minhas músicas favoritas em um aparelho de MP3 (no auge dos anos 2000), e agora, na vida adulta, seja lavando a louça, arrumando a casa ou até mesmo pegando o ônibus para a Uerj, lá estou eu, com meus fones de ouvido, curtindo minhas músicas. Não importa quantos anos passem, essa ainda é minha maneira preferida de passar o tempo; costumava passar horas a fio ouvindo minhas preferidas repetidas vezes. É como se a arte me acompanhasse para qualquer lugar, sabe?


Descobrir um show baratinho nos finais de semana era outro hábito comum, mas que sofreu o impacto da pandemia. Os planos nem sempre envolviam música: há alguns anos, um grupo de amigos meus teve uma ideia interessante - fazer um passeio para conhecer todos os museus do Rio. Eu logo me animei com a ideia, adoro arte e sempre quis conhecer melhor os museus da cidade; ainda me lembro da surpresa ao ler o roteiro do programa e perceber que nunca havia visitado a maioria daqueles lugares. Mas, infelizmente, a Covid-19 chegou e acabou prendendo todos em casa.


Eu adoro aquela sensação de ver um filme na telona, com uma boa pipoca e uma bebida gelada, então minha maior saudade durante a quarentena foi de ir ao cinema. Quando a pandemia acabou, me deparei com outro problema: o preço do ingresso. Foi aí que decidi que veria algum filme ou série em casa mesmo, um cenário que não mudou com o retorno à normalidade. Acredito que o mais importante é refletirmos sobre a acessibilidade da arte e da cultura em nosso país - ainda que a pandemia tenha fechado as portas dos teatros, dos cinemas e dos museus, não podemos nos esquecer de quem já tinha pouco acesso a esses espaços. É fundamental pensar em formas de torná-los mais acessíveis, seja através de programas gratuitos, descontos para estudantes ou outras iniciativas que possam permitir que mais pessoas tenham acesso à arte. Ela é a forma de expressão e comunicação que nos permite experimentar realidades diferentes e levar nossas emoções aos extremos.


Falando nisso, a arte pode mudar meu humor em questão de segundos. Quando o dia é difícil, eu não penso duas vezes em correr para casa e assistir a um episódio da minha série favorita, ou colocar meu álbum preferido para tocar. Parece algo pequeno, mas esses momentos de desconexão do mundo real são essenciais para minha saúde mental; não podemos subestimar a importância do lazer em nossas vidas, especialmente na vida universitária. É fácil se afogar nas obrigações e esquecer que precisamos nos divertir também. Além da música e do cinema, há muitas outras formas de arte e entretenimento que aliviam nossas vidas cansadas: algumas pessoas preferem pintar ou desenhar, outras preferem escrever poesia ou se aventurar na cozinha. O segredo é encontrar algo que nos faça sentir bem e que nos ajude a escapar da realidade por um tempo.


A verdade é que a arte está presente em todos os lugares, até mesmo nas aulas da faculdade. Ela tem uma relação incrível com a comunicação; quantas vezes já não usamos filmes, músicas, peças teatrais e exposições como exemplos em sala de aula? A arte é uma fonte inesgotável de material para analisar e debater, e nos ajuda a entender melhor como a comunicação funciona na sociedade. Tirando o cinema, o teatro e os shows, temos outras formas de arte para desfrutar, como as rodas de samba, passeios turísticos históricos, feiras e mercados de artesanato, e os programas gratuitos em lugares como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), e o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab).


Entretanto, mesmo com tantas opções incríveis, infelizmente, muitas pessoas não têm acesso a elas, seja por limitações financeiras (para além da gratuidade do ingresso) ou por restrições geográficas. A arte tem o poder de nos unir, de nos fazer sentir vivos, e é algo que todos deveriam ter em suas cestas básicas. Afinal, o proveito da arte e a participação cultural são - ou deveriam ser - direitos de todos.


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