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Ano comemorativo da Uerj homenageia Ana das Carrancas



foto: Fred Jordão


Por Nicoly Albuquerque



O ano de 2023 foi instituído pela Uerj como ano comemorativo Ana das Carrancas, em homenagem ao centenário da pernambucana que se tornou uma das artesãs mais importantes do país. No dia 1° de janeiro deste ano, a reitoria oficializou a escolha através de um Ato Executivo de Decisão Administrativa, o AEDA 001/2023, que considera a importância da celebração de anos comemorativos para personalidades importantes da cultura brasileira, como é Ana das Carrancas. Maria da Cruz dos Santos, filha de Ana das Carrancas, diz ter recebido com muita alegria e satisfação a notícia de que sua mãe, uma mulher do sertão pernambucano, seria homenageada neste ano comemorativo da Uerj. O ano comemorativo foi inaugurado em 2008 e teve Machado de Assis, em seu centenário, como homenageado. Desde então, a instituição escolhe uma personalidade ou fatos importantes para o Brasil e para a humanidade para serem celebrados.



Ana Leopoldina Santos nasceu em 1923, no município de Santa Filomena, em Pernambuco. Sua mãe era louceira, fabricando louças a partir da moldagem do barro, então desde cedo Ana ajudava na produção dessas peças. Mas foi só ao se mudar para Petrolina que a artista encontrou a arte como instrumento de vida, ao achar barro nas margens do Rio São Francisco em uma época na qual esse material estava escasso em Pernambuco. Ali, com o velho Chico como testemunha, nasceram as primeiras carrancas que transformariam Ana Leopoldina em Ana das Carrancas.



Suas obras tinham aparência assustadora — segundo a lenda, para espantar os maus espíritos que habitam as águas do Rio São Francisco, protegendo embarcações — e, por isso, eram motivo de piada entre os comerciantes de Petrolina. Entretanto, Ana considerou suas carrancas como uma benção de São Francisco e com muita fé dentro de si fez suas artes se popularizarem por Pernambuco, ficando conhecida como A Dama do Barro, Ana Louceira, Ana das Carrancas.



Na década de 70, a fama da Dama do Barro saiu dos limites de Pernambuco e foi reconhecida internacionalmente, através da Empresa de Turismo de Pernambuco, que fazia uma pesquisa sobre o artesanato pernambucano. A partir disso, o nome de Ana das Carrancas se popularizou nacionalmente e internacionalmente. Tanto que em 2005 ela recebeu a Ordem do Mérito Cultural de Luiz Inácio Lula da Silva e Gilberto Gil, respectivamente, presidente e ministro da Cultura, e no ano de 2006, se tornou patrimônio vivo de Pernambuco. Apenas dois anos após esse título, em 1° de outubro de 2008, Ana veio a falecer, deixando para a cultura brasileira um legado extenso de luta, fé e amor pela sua arte. Para Maria da Cruz, o trabalho de Ana foi de extrema importância para que outras pessoas seguissem seu exemplo de sobrevivência através do trabalho artístico.



É em celebração a esse legado deixado pela Dama do Barro que a Uerj exalta durante todo este ano sua trajetória. Em fevereiro, a instituição disponibilizou um calendário com as datas mais marcantes da história de Ana, desde o seu nascimento até sua morte [Calendário Ano Comemorativo Ana das Carrancas ]. No dia 24 de agosto, ocorreu a cerimônia de descerramento de um novo painel em homenagem a Ana das Carrancas, localizado na entrada do Campus Maracanã, que marcou o ápice do ano comemorativo. Maria e Ângela Lima, filhas de Ana, marcaram presença no local e relembraram as lições de perseverança que aprenderam com sua mãe. Para Maria, a maior lição que ela aprendeu com Ana foi lidar com as problemáticas da vida e ser resiliente para passar sua história e legado para as futuras gerações.



Maria e Ângela dão continuidade ao legado de Ana, trabalhando na criação de novas peças de barro e administrando o Centro da Cultura Ana das Carrancas, localizado em Petrolina-PE. Ambas também participam de exposições e feiras nas quais essas peças são vendidas. Seguindo o exemplo de Ana não só no barro, mas também na fé, Maria é grata a Deus por perpetuar o trabalho de sua mãe: "Agradeço a Deus por ter me dado a sabedoria e o dom de dar continuidade ao trabalho dela.”


foto: Nicoly Albuquerque


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