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2 EQ da Uerj mantém perfil da prova e segue discutindo assuntos fundamentais para a sociedade

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • 9 de set.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 13 de set.


O romance Senhora de José de Alencar, negacionismo, terras raras e regulação das redes sociais foram tema de questões do exame.


Por: Pedro Câmara


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66% por cento dos jovens brasileiros não leram livros com mais de dez páginas em sua vida. É o que aponta uma pesquisa feita pelo Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em parceria com a plataforma de leitura Árvore. O estudo é baseado na análise de dados do exame internacional Pisa que avalia estudantes e seu nível de escolaridade ao redor do mundo.


Após essa pequena digressão inicial, trago mais um número. Quatro. É a quantidade de livros que a Uerj cobra aos candidatos de seu vestibular, um deles apenas para a prova discursiva de Língua Portuguesa. Mas, mesmo assim, continua a ser superior à média dos brasileiros entre 15 a 29 anos que leem, aproximadamente, dois livros por ano. Tendo em vista, é claro, que este número varia conforme a idade, renda, instrução e outros fatores.


Baseado na importância da leitura na formação de um indivíduo na sociedade, a Uerj adota a literatura como um dos pilares para qualquer futuro estudante. São 28 questões juntando os dois EQ 's, a redação e a prova discursiva, e, além disso, carrega uma prova recheada de questões relacionadas a interpretação e temporalidade do mundo moderno.


Ao que concerne a prova, realizada em 31/08, o buscou alunos e professores para avaliarem o exame, ressaltar pontos e prospectar expectativas para exame discursivo marcado para o dia 30/11.


Aluna do Colégio Santo Agostinho, Beatriz Bulus, avaliou que o segundo exame estava mais difícil do que o primeiro e atribuiu esse fator a uma maior complexidade no texto base e ao livro, para além de uma prova de humanas mais conteudista e menos interpretativa. Apesar disso, concluiu que, por estar mais bem preparada - conseguiu atingir o conceito máximo na prova.


Em face às opiniões da entrevistada, Felipe Costa, aluno do Colégio Ph afirmou: “ Eu tirei 51, muita gente se ferrou, mas eu achei essa prova muito fácil.” Todavia, a ênfase e a confiança com que avaliou a prova não havia sido a mesma no começo da entrevista, na qual - assim como os professores - ponderou que os dois exames tiveram propostas diferentes, mas mantendo o equilíbrio. Ressaltou a importância de se utilizar da geopolítica e contextos atuais para a feitura de questões mais bem elaboradas, misturando a noção de conteúdo a interpretação do mundo, mesclando questões mais “básicas” e difíceis. Ao comparar o conto de Clarice e o livro de Alencar, assim como a diferença entre os autores, disse que o conto, por ser menor, teve questões mais difíceis, especialmente, em relação à gramática, enquanto o livro se concentrou em questões entrelaçadas aos acontecimentos da obra


Com relação à matemática, parece ter havido um consenso entre alunos e professores: a prova cobrou questões básicas e já recorrentes no vestibular. Progressão aritmética, porcentagem e média foram alguns dos temas requeridos. Professor conhecido por muitos alunos e internautas, Bruno de Paula demonstrou certa frustração no que tange à amplitude de conteúdos cobrados nos exames, por esperar uma variedade maior do que a apresentada pela banca. Estimou que, em geral, seus alunos também acharam as questões bem simples e que a prova não fugiu da linhagem clássica da Uerj.


Ao pensar sobre a prova de linguagens, a professora de literatura Renata Cristina - tanto em seu curso como no podcast que produz- registrou que a prova realizada veio em equivalência com a do primeiro EQ. Porém, enfatizou que tem ficado claro para os alunos que a leitura da obra é imprescindível. O aluno que não leu ou fez uma leitura rasa, irá encontrar dificuldades em realizar as questões - não pelo enredo ou linguagem e sim pela interpretação dos subtextos e temas que não se enunciarão com um conhecimento superficial da obra. Renata destaca também que a falta de leitura dificulta a correlação entre o livro e questões provindas de outros textos, como em tirinhas ou pinturas, as quais servem de complemento às questões da obra obrigatória.


Entre as dificuldades encontradas por alunos em cada obra, o conto Amor caracterizou-se pela complexidade apresentada numa quantidade pequena de páginas ao abordar diferentes aspectos filosóficos e psicológicos. O que contrasta com o romance de José de Alencar por se tratar de um livro de 280 páginas ,a depender da edição, na qual os alunos de modo geral encontram grande dificuldade com relação ao português do século XIX.


Por fim, a educadora volta a lembrar a importância que há em fazer jovens e futuros universitários lerem ao menos um livro com certa profundidade antes de se graduarem no ensino médio. Aponta também que tal obrigatoriedade estimula os alunos a perceberem que resumos feitos por IA’s ou na própria internet não dão conta da profundidade textual cobrada na prova, e que, dentro desse processo de precisar ler, muitos deles se encantam, não só pelo próprio livro, como também descobrem autores fundamentais na literatura brasileira.

Dessa forma, a Uerj vai despertando três ou quatro sementes que com o passar dos anos podem formar uma árvore, um leitor, ou melhor; um cidadão mais bem instruído e consciente das questões passadas, presentes e bem encaminhado para se preparar para questões futuras.


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