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‘POR MIM’: uma nova forma de comunicação da Geração Z

  • Foto do escritor: Comunica Uerj
    Comunica Uerj
  • há 1 hora
  • 3 min de leitura

Por: Geovana Costa


Você já se deparou com o termo “old” e não fez a menor ideia do que significava? Ou com o uso da palavra “literalmente”, que passou a aparecer em contextos que fogem completamente do sentido original? Esses são apenas alguns exemplos de como a Geração Z tem reinventado o uso das palavras e transformado o vocabulário cotidiano, especialmente nas redes sociais, em um espaço vivo de criação e ressignificação.


Reprodução: Pexels

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Essa geração é formada por pessoas nascidas entre 1995 e 2010, um grupo que cresceu em meio à inovação tecnológica. Diferentemente das gerações anteriores, que acompanharam o surgimento de meios como o rádio e a televisão, os “zennials” foram alfabetizados já imersos no universo digital. Enquanto nossos avós viam o rádio como a principal forma de comunicação, e nossos pais, a televisão, essa geração considera o smartphone o principal veículo para se expressar, se informar e interagir com o mundo.


O que se percebe é uma rápida mudança que esses jovens trouxeram, seja na forma de se relacionar, de usar as redes sociais ou até mesmo de se comunicar. Mas o fenômeno não é novo: criar novas palavras ou atribuir novos significados a termos já existentes é algo conhecido como neologismo. Ele pode surgir de diversas maneiras: por ressignificação (quando uma palavra ganha um novo sentido), por empréstimo (quando se adota uma palavra de outra cultura ou idioma) ou por calco linguístico (quando se atribui novo significado a palavra importada de outra língua).


Um ponto interessante é que a Geração Z não se limita aos neologismos. Em muitos casos, é possível perceber o uso de estrangeirismos, quando se utiliza uma expressão em outro idioma mesmo existindo uma equivalente em português. O exemplo do termo “old” ilustra bem isso: em vez de dizer que um vídeo é “muito velho”, é comum entre os jovens simplesmente chamá-lo de “old”.


Não é difícil encontrar por aí dúvidas referentes a esses novos termos, então o COMUNICA resolveu ir atrás de algumas das expressões mais utilizadas por alguns integrantes da equipe — e descobrir o que elas significam para quem as usa no dia a dia.


A estudante Sara, que faz parte da equipe do COMUNICA, conta que costuma usar duas expressões com frequência: “por mim” e “aff que ódio”, ambas descobertas no Twitter (atual X). Ela explica que usa “por mim” em situações em que não se importa muito com o que está acontecendo, e “aff que ódio” quando está irritada, não concorda ou não gosta de alguma situação. “Uso tanto o por mim que virou minha marca registrada. Sempre que alguém fala comigo, dizem: ‘como diria a Sara: por mim’”, brinca.


A subeditora Camily França também revelou suas expressões preferidas: “juro”, “mona” e “aff”. Presente no Twitter desde 2015, ela explica que o “juro” é usado quando quer confirmar ou enfatizar algo; o “aff” aparece quando está incomodada; e o “mona” serve para se dirigir a alguém ou comentar sobre alguma situação. “São expressões que já fazem parte do meu jeito de falar, nem percebo mais quando uso”, comenta.


Para entender melhor esse universo de adaptações, o COMUNICA conversou com o professor e estudante de Jornalismo Angelo Henrique. Ele explica que a língua é um organismo vivo, que se modifica e se reorganiza constantemente por diversas influências — e que, com os avanços tecnológicos, essas transformações acontecem de forma mais dinâmica e acelerada.

“As pessoas passam a se comunicar por afinidade. O que a internet faz é proporcionar que novas formas surjam todos os dias, em grande velocidade”, destaca.


Angelo comenta ainda que alguns termos podem desaparecer, enquanto outros se cristalizam: “A língua pertence ao povo, e é o povo quem faz as palavras nascerem ou morrerem. Para além das mudanças ortográficas, há também mudanças de significado. ‘Vilão’ já foi o morador das vilas, ‘piscina’ já foi o que hoje é o aquário, e ‘secretaria’ era um armário para guardar documentos”, completa.


Os termos podem mudar, os significados também, mas o que não muda é a função da linguagem como espelho do tempo. Entre “olds”, “juras” e “prometas”, a Geração Z mostra que o vocabulário é vivo — e que, nas redes, cada palavra pode ganhar um novo sentido a cada postagem.



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