O balé do Lago das Carpas
- Comunica Uerj
- 7 de out.
- 2 min de leitura
Ao redor da Capela Ecumênica do campus Maracanã da Uerj, o recanto das carpas adorna paisagem da faculdade
Por Daniela Fernandez
Não seria exagero atestar que o lago em volta da Capela Ecumênica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro poderia ser cenário de pintura impressionista. Nas águas do famoso laguinho, as protagonistas são as carpas. Elas são como bailarinas que se movem conforme o fluxo da dança da água que as encobre. Mesmo sem a melodia dramática do som de Tchaikovski, aquele microcosmo aquático pode apaziguar, pelo menos um pouco, a mente mais turbulenta de um transeunte ansioso, virando quase uma atmosfera de Lago dos Cisnes. Ou melhor: de Lago das Carpas. Mas, não encontramos somente elas nesse pequeno ecossistema marinho. Em menor número, é possível se deparar com os vizinhos de lar: os introspectivos cascudos — peixes mais tímidos e originários da América do Sul, que costumam mimetizar-se com o fundo escuro do lago
Reprodução: Gabriela Carvalho

De acordo com Hugo Ricardo Secioso, professor e biólogo do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes da Uerj (Ibrag), as carpas que ornamentam o lago são da raça koi, que são criaturas originadas por mutações genéticas das carpas da espécie Cyprinus carpio. Originários da Ásia, esses formosos peixes são historicamente conhecidos por suas colorações vibrantes, que ornamentam e reluzem tantos ambientes de água doce, desde o aquário caseiro até lagos como o do campus Maracanã. Vale uma reflexão: será que esses peixes tão belos foram fruto da necessidade humana de recorrer a uma busca incessante pelo embelezamento das coisas? No Japão, um imaginário expressivo acerca dos koi corre pelos meandros e desvãos de suas cidades, onde o peixinho ganha diversos significados: koi é amor, amizade, sorte e até mesmo poder. Ressignificar esses animais para além da beleza parece uma atitude justa.
Reprodução: Carina Leone

Apesar de toda a magnificência do laguinho e de seus pomposos habitantes atuais, o local guarda a marca de um incidente um tanto pavoroso. O professor Hugo Ricardo esteve presente no dia e relata que um homem sofreu um acidente causado pela mordida de uma piranha do gênero Pygocentrus, que provavelmente foi introduzida de maneira irresponsável por um aquarista ou criador. Talvez esse acontecimento fatídico sirva como prova de que tudo que é belo está fadado a algum tipo de degradação, por mais pessimista que isso soe. Nem mesmo um bucólico laguinho de carpas escapa de eventualidades temerosas que são causadas, na grande maioria das vezes, por nós mesmos.
Mas não é questão de se desesperar. A fatalidade ocorreu há cerca de 20 anos. Hoje, é fato que o lago da Capela Ecumênica se concretiza como um dos cantinhos mais convidativos do campus. Um canto que recebe várias dádivas da natureza, como o brilho dourado das carpas e as aliviantes sombras das árvores que circundam a área. Um verdadeiro refúgio para quem estiver precisando de uma boa dose de calmaria.
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